O
Vagalume que não sabia voar
O que você
está fazendo Naldinho? Olhando esse vagalume chefe. Veja, não é interessante?
Parece que é. Mas e sua patrulha? Onde foi? Disseram que iam cortar madeira
para fazer uma mesa. Foram todos, achei que não precisava ir. Mas veja,
aproveitei bem o tempo. O senhor sabia que o vagalume só voa nas primeiras
horas da noite? Não sabia. – Pois é ele é reconhecido pelo brilho esverdeado,
continuo, e vive mais entre vegetação das regiões tropicais e temperadas. Em
alguns lugares o chamam de pirilampo.
Olhe
chefe, pode não acreditar, mas esse vagalume me disse que ele mora muito longe
daqui. Pensou que eu poderia ajudar. Está tentando falar com seus irmãos e não
consegue – Pensei com meus botões - Esses jovens e seus sonhos impossíveis.
Vivem criando histórias e mais histórias muitas vezes para não fazer nada. –
Naldinho abaixou a cabeça, fingiu que ouvia o vagalume e me disse – Ele está
dizendo que eu não tenho sonhos. E ele disse também que não estou criando
histórias chefe!
Arregalei
os olhos! O que? Repita que não entendi. Ora chefe, ele diz que é verdadeiro,
que eu sou verdadeiro e só não fui com a patrulha porque o Lídio monitor disse
que não precisava. Estava ali olhando para Naldinho e pensando o que dizer e
fazer com ele. Essas invencionices já estavam passando da conta. Naldinho riu.
Sabe o que ele está dizendo chefe? Que o senhor acha que eu estou inventando.
Ora Naldinho deixa disso. Não vai querer que eu acredite que você conversa com
um vagalume.
Quer uma
prova chefe? Olhe – Pimaisdois, dê um pulo – O vagalume deu. Você soprou nele,
eu disse. Está bem chefe – Pimaisdois, agora cinco pulos. O vagalume deu cinco
pulos. Porque Pimaisdois? É o nome dele chefe. O menino estava me fazendo de
bobo. Estou perdendo o meu tempo aqui. Olhe vou lhe mostrar o que faço com um
vagalume falador – Peguei meu sapato e ia esmagá-lo quando Naldinho pediu. Não
chefe, não. Não faça isso. Ele se comunica com os outros. Poderiam vir milhares
aqui e nos carregar para a cratera negra.
Já estava
cheio daquilo. Deu uma pancada com o sapato no tal Pimaisdois. Ele pulou. Corri
atrás. Ele pulou. O danado só me escapava. Ouvi um grande zumbido. Olhei para
trás, centenas de milhares de vagalumes voavam em minha direção. Corri mas não
tinha onde esconder. Corri mais e sem olhar para frente caí na cratera negra. Fui
caindo e lá em baixo tudo vermelho. Ia morrer queimado. Comecei a gritar, a
chorar e pedir perdão. Tremia como vara verde.
Chefe,
chefe, calma, não grite. Era Naldinho. Abri os olhos. Estava dormindo debaixo
de uma castanheira. – Chefe não é hora da atividade do jogo noturno? Caramba.
Dormi mais de quatros horas. Já escurecia. Que sono. Ferrei no sono. Mas o
pesadelo. Que susto. Vamos lá Naldinho. As patrulhas não podem esperar.
Naldinho foi a minha frente, com minha lanterna olhava o chão para não tropeçar.
Olhei as costas de Naldinho, um grande vagalume está lá em seu ombro. Olhando
para mim e sorrindo com um olhar zombeteiro! Não acredito! Era o Pimaisdois!
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