Ora de dormir, sonhar acampar e não acordar jamais...
Nossa! - Que vontade de acampar.
Tem dias cheio de nostalgia, me vem uma imensa vontade de acampar. Vontade de
pegar a mochila e sair por aí indo onde o vento me levar. Você levanta, põe os
pés no chão. Olha pela janela o sol entrando, dá um sorriso e diz! Bom dia a
todos que não vejo e hoje é o meu desejo é que aproveitem bem este dia. Com os
braços na janela olho para o céu azul, vejo o sol nascendo e caramba! Volto no
tempo, nos tempos que já se foram e que sabemos não voltam mais. Se vê ainda
menino, abrir a porta da barraca sorrindo, pois era tempo de enfrentar um novo
dia. Você esfregava os olhos, olhando os seus companheiros que dormiam sono solto,
e começava a cantar: - – ¶Alô! Bom dia! Como vai você, um olhar bem amigo, um
certo sorriso um aperto de mão! E a gente fica sem saber como e porque, e passa
a sorrir e passa a cantar, alegre canção!¶
Eu adorava cantar nas madrugadas no campo. Era um bálsamo quando me levantava e
sempre às seis da manhã. Bem, agora o sonho se foi, ficou somente a saudade,
que nesta minha idade não vou esquecer jamais. Não dá mais. O jeito é tomar um
café e colocar o pé na estrada mesmo tropeçando na trilha da minha rua querida
lá vou eu com minha bengala amiga. Um quilometro percorrido, o sol já havia
nascido, volto e espero a respiração
voltar. Passa um vizinho caminhante dá
bom dia falante e se vai. É hora de começar a rotina. Sonhar sempre acordado. Isto
eu adoro demais. Sabem como fazer? Fecho os olhos e deixo a mente voar solta no
tempo, em busca dos meus sonhos de menino de um dia que já se foi. As tralhas
que não se esquece, estão lá no meu baú. Vou aos poucos acarinhando, apetrechos
vou juntando. E sem maldade apanho a minha mochila, meu cantil, minha faca e
machadinha, minha bússola, capa negra velha amiga de tantos tempos atrás. Não me
esqueço da lanterna, até meu cabo solteiro, o meu chapéu mateiro sempre a
sorrir para mim. Uma muda de roupa, shorts, cuecas, meias, material de higiene,
uma toalha pequena alguns comprimidos, e minha pequenita caixa de primeiros
socorros já foi montada. Agora lá vou eu voando nas minhas asas da imaginação, nos
meus sonhos tão sonhados, por este mundo de Deus. Não esqueci o canivete suíço,
os talheres fixos, e duas caçarolas sem alça encaixadas entre si. Não levo
nenhuma barracas. Não sou nenhum panaca pois sou mestre mateiro, afinal um bom
e valente Escoteiro, sei dormir acompanhado de estrelas lá no céu e se for
preciso eu faço de olhos fechados uma boa cabana para dormir.
No bornal eu levo meu “farnel” com uma refeição ligeira, a galinha que não pia,
o macarrão da sacristia, e o ovo que não quebra. Será uma deliciosa refeição.
Ração B. Tudo muito simples. Nos meus sonhos eu vou pescar uns lambaris
faceiros e como bom Escoteiro eu os frito no fubá. Acredito que aonde vou
encontrarei algumas mandiocas, quem sabe inhames, ou mesmo mamão papaia na
beira do arrozal. E a noite vou fazer uma sopa no jantar. Pode ser que dou
sorte e encontro uns pés de maracujá. Maxixe eu sei que tem, pois até lá nos
montes existem e é só pegar. Não vou me apertar. Vou sozinho e levo Deus no
coração. Ele sabe que é meu amigo, acampa sempre comigo agradeço toda força que
ele dá. Adoro acampar eu e ele, pois o silêncio acontece, e mesmo quando anoite
isto me faz muito bem. Adoro acampar sorrindo, ouvindo a passarada a cantar. Quem sabe sento
a moda índia em uma grama macia para descansar. Ali na relva fresca eu espero o
meu grande amigo o lobo guará, que sempre comeu sementes e nunca rangeu os
dentes comendo na minha mão. Somos amigos valentes, entre nós só tem conceito
de amor no coração.
Em plena floresta na clareira que eu fiz, tem uma fonte a jorrar. Belas águas
cristalinas, águas tranquilas, límpidas com peixinhos a nadar. Mais acima borbulhando
cai uma pequena cascata e nas pedras bem distante um sinal de pista diz: - Agua
boa para beber! Durante o primeiro dia, eu aguardo ansioso, pois é muito
gostoso ver um quati e um sabiá. Quem sabe aparece uma capivara me olhando bem
matreira, olhinhos pequeninos a me saudar? E a passarada cantante ali alegres
esvoaçantes em volta de mim? Gente! Que saudades. E no meu acampamento de
sonhos, viajo nos meus sonhos, pois eu estou acampando, por terras que nunca
vi. Neste campo de fantasia, é minha morada do dia e deixo o tempo passar. À
tarde me sento em frente ao remanso, pois é um belo descanso, e ver um Inhambu
ou uma cotovia voando baixo vistoso, querendo os peixinhos pegar. E à tardinha
depois de um jantarzinho jeitoso, lá vou eu ao pico Formoso, ver o sol no alto
do morro, a por dizendo adeus. E ele como bom companheiro me diz: - Calma amigo
Escoteiro aguarde que amanhã vou voltar. Visão fantástica, maravilhosa. Quando
lembro meus olhos vermelhos choram de saudades, Jesus, é muito é bom lembrar...
E quando a noite chegar, uma pequena fogueira vou montar, alumiando a bagaceira
queimando um galho qualquer. Sentado na grama molhada estico o braço e lá esta
minha gaita de fole escocesa, limpa e pronta para tocar. Aos poucos lindas
canções são tocadas, musicas Escoteiras interpretadas e a mata sorri ao ouvir.
A passarinhada acorda e vem voar em volta de mim. Baixinho calmo sem forçar a árvore
da montanha vou tocar. Guinganguli. Toadas da serra. Terra do belo Olmeiro.
Avançam as patrulhas a linda Canção da
Promessa e deixo para o final a saudosa despedida da Canção tão conhecida. Até
a floresta noturna, com seus vagalumes vistosos iram comigo cantar. Fecho os
olhos e sinto no ar, o doce farfalhar do orvalho, fagulhas que vão e vem, sobem
aos céus faceiras viajando a Escoteira para sumir no ar. Se tiver sorte o que
sempre tenho a Coruja Buraqueira, com aqueles olhos tão lindos, incrivelmente
belos, iria piar e me dizer: - – Meu
amigo escoteiro, boa noite tenha um sonho verdadeiro, acorde pela manhã, vais
ouvir a passarada em minha floresta encantada que aqui vem te saudar.
Não sei se teria sono. Não sei. Mas lá pelas tantas da noite, deitado na relva
macia, iria admirar as acrobacias, que fazem as belas estrelas no céu.
Maravilhar com o firmamento sentindo no rosto o vento e ver... Aquele brilho
próprio de um universo fantástico. E ali na noite fria, eu ia me perguntar por
que ainda alguns duvidam da existência maravilhosa do criador. Chega a hora do
boa noite. Boa noite floresta, boa noite Coruja deixo para você o luar. Boa
noite vagalumes que em cardume fazem um lindo clarão no ar. Ainda de olhos
abertos através da porta da barraca, eu ainda olharia os insetos noturnos cujo
espetáculo imperdível não ia perder seus bailados. E ao amanhecer sorrindo, na
porta do céu tão lindo, um pintassilgo amarelo chamou seus amigos a me saudar, cantantes
me deram bom dia e juntos em harmonia, me disseram que o dia vai começar. Eles
velaram meu sono. Trouxeram o grilo falante para fazer acordar. Mas tudo que é
bom dura pouco. Uma voz calma e linda me chama: - Meu marido, hora do almoço.
Acorde! Caramba! E lá se foi meu sonho acordado. E a tarde, quem sabe de novo
eu volto a sonhar nos momentos, com os belos acampamentos, e viver belos
momentos que um dia fui presentado por Deus.