No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras

No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras
A aventura está apenas começando

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Hora de dormir, amanhã é outro dia. Eu queria dizer boa noite...


Hora de dormir, amanhã é outro dia.
Eu queria dizer boa noite...

                        Eu gostaria de lhe dizer boa noite, desejar a todos uma noite linda e um lindo luar no céu. Gostaria de pedir a Deus que desse a todos os meus amigos a felicidade que todos nós almejamos. Eu gostaria de lhe dizer boa noite, uma noite linda, daquelas que sempre vimos nos acampamentos, com muitas estrelas no céu, Cometas riscando o espaço sideral. E em sua passagem fazer um pedido: Meu Pai que está no céu faça de todos nós um instrumento de vossa paz. Eu vou dizer boa noite já pensando no alvorecer. No sol que vai surgir nas brumas que iram desaparecer. Eu quero dizer boa noite, ouvindo o som murmurante da cascata, que nos deu a água pura da fonte nos campos do Senhor. Ah! Isto mesmo, eu quero dar boa noite a todos vocês que um dia com bênçãos de Nosso Senhor nos fez amigos. Amigos neste mundo e amigos para sempre quando nos encontrarmos aqui na terra ou em uma estrela brilhante, quem sabe na morada onde os Escoteiros se encontram e lá podemos dizer - Amigo, que bom te encontrar aqui! Dá-me um abraço e sorrindo vamos dizer um para o outro: - Sempre Alerta, você sempre fez morada em meu coração!


Boa noite meus amigos e amigas. Uma feliz sexta cheia de sol, cheio de sonhos, cheio de sorrisos dos familiares que estarão ao seu lado. Que Deus vos acompanhe sempre!

terça-feira, 28 de abril de 2015

Sonhos de um Velho Escoteiro. O semeador de felicidade.



Sonhos de um Velho Escoteiro.
 O semeador de felicidade.

                      Eu gostaria de ser um mágico. Um mágico de ilusões reais. Onde minhas mãos tocassem tudo se transformaria. Poder tocar em você e fazer seu sonho transformar em realidade. Não seriam ilusões de riquezas e poder. Seriam ilusões  onde a vida se transforma na natureza levando um frescor da primavera as mentes mais saudosas do desejo de mudar. Flutuar sobre as ondas do mar até onde a vista possa alcançar só para sentir o barulho das ondas sem embarcação no meio do oceano. Eu gostaria mesmo de semear a felicidade por onde eu passasse. Fizesse sorrir aqueles olhos tristes de alguém que se foi e o trouxesse de volta. Semear um novo sorriso a quem acha que o mundo não merece um doce sorriso ao amanhecer e ao entardecer.

                    Eu gostaria de ser um mágico. Com uma varinha de condão trazer o colorido do arco íris a criança que sonha em ir até ele. Dar a ele o pote de ouro que ele acreditou que teria lá. Levar um lago azul com montanhas brancas e geladas aos sonhadores do mundo. Mostrar que cada um de nós consegue conduzir um rumo a esta felicidade não alcançada se tivermos fé. Fé que remove montanhas. Ah! Como eu gostaria de ser um semeador de felicidades. Semear a brisa do outono para trazer de volta o perfume das flores que se esqueceram de florir. Semear em uma estrada belas canções que pudesse levar a todos a alegria de cantar nesta jornada da vida que estamos a passar. Levar um sorriso de uma criança a todas as criaturas que se esqueceram de sorrir. Fazer aquele que chora esquecer sua tristeza. Eu faria isto e muitos mais se fosse um semeador de ilusões reais.

                     Eu gostaria mesmo de ser um mágico. Para dizer que valores são preciosos quando conquistamos com um sorriso. Quando um aperto de mão verdadeiro tem valores que poucos podem medir. Eu queria com minha varinha mágica criar uma bela montanha verdejante no topo do mundo e colocar lá toda a humanidade dando as mãos num gesto de fraternidade. Eu gostaria com semeador de felicidade, fazer as árvores sorriem quando uma Tropa arvorou sua bandeira. Com um simples gesto deixar que aqueles jovens Escoteiros pudessem ver como a natureza é linda, como é fácil com um simples toque da imaginação alcançar um mundo colorido que todos nós sonhamos. Que a noite as estrelas piscassem seus brilhos em cores faiscantes para iluminar a trilha e o caminho de cada um no seu amanhã que vai nascer.


                     Um semeador de ilusões reais com um simples toque de mão. Tentar mudar as dores do mundo para os que acreditam que elas podem acabar. Com minhas mãos criar um banco dourado para que os sofredores pudessem sentar em frente a um lago azul esperando um nascer do sol... E com um simples aceno de mão, fazer tudo mudar. Gravar em um som inimaginável um bando de andorinhas voando pelo sol vermelho do horizonte que semeiam lindas canções de amor. Mãos mágicas que eu não tenho. Semear felicidade eu gostaria, mas não posso. Nem sempre palavras atingem aqueles que mais precisam. Mas eu não desisto. Nunca desisti. Contra ou a favor procuro sempre ser um semeador de felicidade. Que bom seria se em todas as dificuldades qualquer um fosse um mágico e dissesse – Abre-te Sésamo! E as tristezas seriam guardadas para sempre na caverna da vida e assim viveríamos felizes para sempre!

domingo, 26 de abril de 2015

Nossa! - Que vontade de acampar.



Ora de dormir, sonhar acampar e não acordar jamais...
Nossa! - Que vontade de acampar.

                    Tem dias cheio de nostalgia, me vem uma imensa vontade de acampar. Vontade de pegar a mochila e sair por aí indo onde o vento me levar. Você levanta, põe os pés no chão. Olha pela janela o sol entrando, dá um sorriso e diz! Bom dia a todos que não vejo e hoje é o meu desejo é que aproveitem bem este dia. Com os braços na janela olho para o céu azul, vejo o sol nascendo e caramba! Volto no tempo, nos tempos que já se foram e que sabemos não voltam mais. Se vê ainda menino, abrir a porta da barraca sorrindo, pois era tempo de enfrentar um novo dia. Você esfregava os olhos, olhando os seus companheiros que dormiam sono solto, e começava a cantar: - – ¶Alô! Bom dia! Como vai você, um olhar bem amigo, um certo sorriso um aperto de mão! E a gente fica sem saber como e porque, e passa a sorrir e passa a cantar, alegre canção!¶

                    Eu adorava cantar nas madrugadas no campo. Era um bálsamo quando me levantava e sempre às seis da manhã. Bem, agora o sonho se foi, ficou somente a saudade, que nesta minha idade não vou esquecer jamais. Não dá mais. O jeito é tomar um café e colocar o pé na estrada mesmo tropeçando na trilha da minha rua querida lá vou eu com minha bengala amiga. Um quilometro percorrido, o sol já havia nascido,  volto e espero a respiração voltar. Passa  um vizinho caminhante dá bom dia falante e se vai. É hora de começar a rotina. Sonhar sempre acordado. Isto eu adoro demais. Sabem como fazer? Fecho os olhos e deixo a mente voar solta no tempo, em busca dos meus sonhos de menino de um dia que já se foi. As tralhas que não se esquece, estão lá no meu baú. Vou aos poucos acarinhando, apetrechos vou juntando. E sem maldade apanho a minha mochila, meu cantil, minha faca e machadinha, minha bússola, capa negra velha amiga de tantos tempos atrás. Não me esqueço da lanterna, até meu cabo solteiro, o meu chapéu mateiro sempre a sorrir para mim. Uma muda de roupa, shorts, cuecas, meias, material de higiene, uma toalha pequena alguns comprimidos, e minha pequenita caixa de primeiros socorros já foi montada. Agora lá vou eu voando nas minhas asas da imaginação, nos meus sonhos tão sonhados, por este mundo de Deus. Não esqueci o canivete suíço, os talheres fixos, e duas caçarolas sem alça encaixadas entre si. Não levo nenhuma barracas. Não sou nenhum panaca pois sou mestre mateiro, afinal um bom e valente Escoteiro, sei dormir acompanhado de estrelas lá no céu e se for preciso eu faço de olhos fechados uma boa cabana para dormir.

                 No bornal eu levo meu “farnel” com uma refeição ligeira, a galinha que não pia, o macarrão da sacristia, e o ovo que não quebra. Será uma deliciosa refeição. Ração B. Tudo muito simples. Nos meus sonhos eu vou pescar uns lambaris faceiros e como bom Escoteiro eu os frito no fubá. Acredito que aonde vou encontrarei algumas mandiocas, quem sabe inhames, ou mesmo mamão papaia na beira do arrozal. E a noite vou fazer uma sopa no jantar. Pode ser que dou sorte e encontro uns pés de maracujá. Maxixe eu sei que tem, pois até lá nos montes existem e é só pegar. Não vou me apertar. Vou sozinho e levo Deus no coração. Ele sabe que é meu amigo, acampa sempre comigo agradeço toda força que ele dá. Adoro acampar eu e ele, pois o silêncio acontece, e mesmo quando anoite isto me faz muito bem. Adoro acampar sorrindo,  ouvindo a passarada a cantar. Quem sabe sento a moda índia em uma grama macia para descansar. Ali na relva fresca eu espero o meu grande amigo o lobo guará, que sempre comeu sementes e nunca rangeu os dentes comendo na minha mão. Somos amigos valentes, entre nós só tem conceito de amor no coração.

                Em plena floresta na clareira que eu fiz, tem uma fonte a jorrar. Belas águas cristalinas, águas tranquilas, límpidas com peixinhos a nadar. Mais acima borbulhando cai uma pequena cascata e nas pedras bem distante um sinal de pista diz: - Agua boa para beber! Durante o primeiro dia, eu aguardo ansioso, pois é muito gostoso ver um quati e um sabiá. Quem sabe aparece uma capivara me olhando bem matreira, olhinhos pequeninos a me saudar? E a passarada cantante ali alegres esvoaçantes em volta de mim? Gente! Que saudades. E no meu acampamento de sonhos, viajo nos meus sonhos, pois eu estou acampando, por terras que nunca vi. Neste campo de fantasia, é minha morada do dia e deixo o tempo passar. À tarde me sento em frente ao remanso, pois é um belo descanso, e ver um Inhambu ou uma cotovia voando baixo vistoso, querendo os peixinhos pegar. E à tardinha depois de um jantarzinho jeitoso, lá vou eu ao pico Formoso, ver o sol no alto do morro, a por dizendo adeus. E ele como bom companheiro me diz: - Calma amigo Escoteiro aguarde que amanhã vou voltar. Visão fantástica, maravilhosa. Quando lembro meus olhos vermelhos choram de saudades, Jesus, é muito é bom lembrar...

                 E quando a noite chegar, uma pequena fogueira vou montar, alumiando a bagaceira queimando um galho qualquer. Sentado na grama molhada estico o braço e lá esta minha gaita de fole escocesa, limpa e pronta para tocar. Aos poucos lindas canções são tocadas, musicas Escoteiras interpretadas e a mata sorri ao ouvir. A passarinhada acorda e vem voar em volta de mim. Baixinho calmo sem forçar a árvore da montanha vou tocar. Guinganguli. Toadas da serra. Terra do belo Olmeiro. Avançam as patrulhas a linda  Canção da Promessa e deixo para o final a saudosa despedida da Canção tão conhecida. Até a floresta noturna, com seus vagalumes vistosos iram comigo cantar. Fecho os olhos e sinto no ar, o doce farfalhar do orvalho, fagulhas que vão e vem, sobem aos céus faceiras viajando a Escoteira para sumir no ar. Se tiver sorte o que sempre tenho a Coruja Buraqueira, com aqueles olhos tão lindos, incrivelmente belos, iria piar e me dizer: -  – Meu amigo escoteiro, boa noite tenha um sonho verdadeiro, acorde pela manhã, vais ouvir a passarada em minha floresta encantada que aqui vem te saudar.


                 Não sei se teria sono. Não sei. Mas lá pelas tantas da noite, deitado na relva macia, iria admirar as acrobacias, que fazem as belas estrelas no céu. Maravilhar com o firmamento sentindo no rosto o vento e ver... Aquele brilho próprio de um universo fantástico. E ali na noite fria, eu ia me perguntar por que ainda alguns duvidam da existência maravilhosa do criador. Chega a hora do boa noite. Boa noite floresta, boa noite Coruja deixo para você o luar. Boa noite vagalumes que em cardume fazem um lindo clarão no ar. Ainda de olhos abertos através da porta da barraca, eu ainda olharia os insetos noturnos cujo espetáculo imperdível não ia perder seus bailados. E ao amanhecer sorrindo, na porta do céu tão lindo, um pintassilgo amarelo chamou seus amigos a me saudar, cantantes me deram bom dia e juntos em harmonia, me disseram que o dia vai começar. Eles velaram meu sono. Trouxeram o grilo falante para fazer acordar. Mas tudo que é bom dura pouco. Uma voz calma e linda me chama: - Meu marido, hora do almoço. Acorde! Caramba! E lá se foi meu sonho acordado. E a tarde, quem sabe de novo eu volto a sonhar nos momentos, com os belos acampamentos, e viver belos momentos que um dia fui presentado por Deus.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Hora de dormir, amanhã é outro dia. Ser Escoteiro...


Hora de dormir, amanhã é outro dia.
 Ser Escoteiro...

É gostoso é bom demais, sentir o cheiro do mato,
Ouvir o som do regato, o cantar de um sabiá,
Um vagalume perdido, o uivo de um lobo guará,
Lá ao longe bem distante, nas montanhas verdejantes,
Onde ele uiva errante, onde é o seu habitat.
Gente que coisa boa, beber água da nascente,
Tão fresca e tão brilhante, de olhos fechados sorrindo,
Sentir o orvalho caindo, no rosto daquela manhã.
Do som da passarinhada ao anunciar nos gritantes,
Até o grilo falante, que canta ao alvorecer.

E lembrando-se da verdade que sem fazer alarde,
Seja na sede ou acampando, seu saber estás buscando,
Para ser alguém amanhã. Bom demais ser Escoteiro,
Correr em busca do tudo, sentir no corpo o orgulho,
De cumprir a promessa a lei. Está é nossa missão.
E você lembre-se de sua promessa, e do que prometeu,
Que seria homem honrado, do escotismo apaixonado,
A correr montes e vales, em busca das aventuras,
Que só podemos encontrar, no nosso escotismo amado.
“Do poema Ser Escoteiro”


Boa noite meus amigos e minhas queridas amigas que me dão tanta esperança nos meus contos e nos meus versos. Durmam com Deus. Uma amanhã radiante em um belo amanhecer!

terça-feira, 21 de abril de 2015

Hora de dormir, amanhã é outro dia. Se eu fosse um religioso:



Hora de dormir, amanhã é outro dia.
Se eu fosse um religioso:

Se eu fosse um religioso, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
- muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,

Não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...

Se eu fosse um religioso eu citaria os poetas,
Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma
... A um belo poema - ainda que de Deus se aparte -
um belo poema sempre leva a Deus!

Boa noite meus amigos e minhas amigas. Um ótimo dia, muitos sorrisos no seu lar e que o a felicidade persista para sempre com vocês. Durmam com Deus.  

Se eu fosse um religioso, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
- muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,

Não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...

Se eu fosse um religioso eu citaria os poetas,
Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma
... A um belo poema - ainda que de Deus se aparte -
um belo poema sempre leva a Deus!

Boa noite meus amigos e minhas amigas. Um ótimo dia, muitos sorrisos no seu lar e que o a felicidade persista para sempre com vocês. Durmam com Deus.  
Se eu fosse um religioso, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
- muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,

Não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...

Se eu fosse um religioso eu citaria os poetas,
Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma
... A um belo poema - ainda que de Deus se aparte -
um belo poema sempre leva a Deus!


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Um ótimo dia, muitos sorrisos no seu lar e que o a felicidade persista para sempre com vocês. Durmam com Deus.  

quarta-feira, 15 de abril de 2015

O maior Jamboree Mundial já realizado no mundo será no Brasil.



Conversa ao pé do fogo.
Quem sabe o impossível acontece?
O maior Jamboree Mundial já realizado no mundo será no Brasil.

                         Isto mesmo, já pensou? O maior Jamboree Mundial no Brasil? Onde a participação seria livre? Sem imposições ou escolhas? Seriam convidadas todas as associações onde existam Escoteiros e não importa suas ideologias. Diríamos a eles que são nossos convidados – Sejam bem vindos! Um orgulho recebê-los aqui! Somos irmãos e ninguém pode mudar isto. Iriamos dar um aperto de mão forte, um Sempre Alerta gostoso, e um delicioso e fraterno abraço. Convidaríamos também os Escoteiros e escoteiras do mundo todo. Dez mil vinte, cinquenta ou cem mil Escoteiros. A maior concentração de adeptos de Baden-Powell até hoje reunidos. Uniformes de todas as cores, chapéus, lenços um colorido sensacional como é o nosso Brasil. Seria próximo a um grande lago onde os Escoteiros do Mar pudessem embarcar desembarcar e fazer suas atividades, seria ao lado de um aeroporto para que os Escoteiros do ar pudessem voar em um aeroplano, esbanjando felicidades nas asas da imaginação.

                       Pela primeira vez, milhares de lobinhos e lobinhas iram acantonar em enormes tendas que seriam armadas para recebê-los. Neste Jamboree não haveria limite de idade. Os Velhos Lobos teriam seu espaço, os que não mais estão conosco seriam convidados. A senha para participar seria “Sempre Alerta” e não um número de registro existente em sua direção Escoteira. A meninada brasileira e mundial ficaria perplexa! A maior atividade Escoteira de todos os tempos, diriam. Seria mesmo. Ali não haveria discriminação. Europeus, africanos, australianos, asiáticos, americanos, pobres ou ricos dando as mãos numa fraternidade sem igual. Estou sonhando? Pode ser. Mas que seria possivel seria. Porque não convidar grandes empresas para patrocinar? Porque não ir até a Força Aérea para colocar aviões a disposição dos Escoteiros do norte e do sul gratuitamente? Isto não é feito para deputados e ministros e puxa sacos? E o Exército? E a Marinha? Afinal mesmo com esta implicância dos nossos dirigentes contra a ordem unida tenho certeza que iriam ajudar.

                          Porque não procurar a FIESP e pedir a ela uma colaboração? Afinal fiquei sabendo que seu Presidente foi Escoteiro, contou “causos” de acampamento e falou bem do nosso escotismo em um programa de TV! Vamos colocar o moço em ação! Que tal a Coca-Cola? Que tal a Petrobrás? (Com o lava-jato não sei se vai dar) Que tal a Vale do Rio Doce? A Votorantim? As grandes montadoras de veículos? E os Políticos? Não. Isto não. Melhor deixar os políticos em paz. Eles irão querer fazer comícios, aproveitar a singela atividade para se promoverem e meu medo é de não faltar chefes a colocarem os lenços nos pescoços graciosos desta turma endiabrada. Necas da tal Frente Parlamentar. Ela me dá sono. Risos. Mas voltemos à realidade. Uma enorme Lista. A TAM e a GOL e a Azul seriam convidadas. A Embraer poderia ajudar. São milhares para transportar sem ônus. E o Carrefour? O Extra? A Wal-Mart? Não nos esqueçamos do Ceconsud, do Zaffari, dos Irmãos Muffato, do Condor Super Center, dos Supermercado de BH, do Sonda Supermercados para colaborarem na alimentação destes milhares e milhares de jamborianos. Podemos dizer que são tantas empresas que nenhum Escoteiro ou escoteira ficaria sonhando, pois ele neste Jamboree teria seu lugar. Sua participação seria uma realidade.

                        Teria que ter uma organização perfeita. Não seria difícil. Chame aquele Chefe humilde do Grotão do interior. Ele é bom nisto e como ele temos centenas. São mateiros perfeitos. Pessoas assim é que precisamos na linha de frente. Chega dos tais que inventam nos Jamborees e Encontros atividades que nada parecem com escotismo. Chamem a Professorinha Chefe, temos milhares delas. São Akelás para ninguém botar defeito. Sabem amar os seus lobinhos como a sí mesmo. Esqueça os chamados da corte, os sabe tudo, os chefões que se acham os tais, os que têm “castas” os portentosos e poderosos. Como somos irmãos de sangue vamos deixar que eles participem em um Sub.campo próprio com cerca eletrificada em volta (risos).  Como norma só podem sair acompanhados. Risos. Coitados, nada disto, pois são irmãos de sangue. Eles serão livre para andar e voar pelo campo como todos.

                          A impressa teria um lugar especial, toda ela sem exceção. Vamos chamar chefes perfeitos em relações públicas. Eu mesmo conheço muitos. E depois de escolhido o local, e de enviar carta a todos os grupos Escoteiros do Brasil e do mundo pedindo sugestões do programa, vamos convidar um Chefe de cada distrito para montar o maior programa sugerido por todos e que fará do Jamboree Mundial uma apoteose. E assim feito, vamos enviar um convite para todo o planeta dizendo:

- Meus amigos do movimento Escoteiro Mundial. Estamos convidando vocês para o maior jamboree já realizado em todos os tempos. O local escolhido é na Floresta da Esperança, bem perto da Cachoeira do Sonhos, onde se pode avistar a Montanha da Felicidade. Fazemos questão da presença de todos. Teremos a presença dos chefes de todas as sessões presentes. Eles irão abrilhantar nosso espaço reservado às autoridades. Teremos uma taxa. Pequena mas teremos. Vocês irão pagar quando chegarem à quantia de um belo sorriso, um Sempre Alerta gostoso, uma vontade de ser mais um, e olhem se possível tragam junto seu “espirito Escoteiro” e não se esqueçam da moeda da boa ação. Ela também será bem vinda. Após este singelo pagamento da taxa, vamos exigir de vocês pouca coisa. Deverão vir com suas patrulhas completas ou quase, pois será um Jamboree onde o Sistema de Patrulhas estará presente em todas as atividades aventureiras. Não se esqueçam de lavar, passar e vestir com garbo seus uniformes. Não vamos exigir as cores, aqui todos terão um lugar ao sol. Conversem com seus chefes, façam a lista do material, chequem para ver o que falta e deixem a tralha pronta para ser usada. Aguardem nosso contato. Iremos dizer onde deverão embarcar para a maior atividade escoteira já realizada no mundo.

           Nota de arquivo: Um Chefe pensou em convidar o Espirito de BP, mas ele não foi muito simpático conosco, apareceu em nossos sonhos dizendo: - “Acorde chefe, vá trabalhar! você só tem um dia na vida, portanto aproveite cada minuto. Dormirá melhor quando chegar a hora de dormir, se tiver trabalhado ativamente durante o dia inteiro. A felicidade será sua se você remar a sua canoa como deve. Desejo de todo o coração que tenha sucesso e na linguagem escoteira:” BOM ACAMPAMENTO”.


Falar o que? Melhor é acordar dos meus sonhos, mas caramba! Que sonho eim? Já pensou? Milhares e milhares da nossa fraternidade mundial unida em um só ideal? Já pensou aqueles que não podem pagar estarem junto com os que podem? Felicidade é assim. E como dizia a nossa velha oração escoteira – “Uns tem e não podem. Outros podem, mas não tem. Nós deste belo movimento que temos e podemos agradecemos ao Senhor”!

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Era uma vez... São Pedro lá do céu!



Lendas Escoteiras.
Era uma vez... São Pedro lá do céu!

                    Não me lembro do seu nome. Pudera ele nunca disse, pois assim como chegou ele partiu. A gente o chamava de São Pedro, aquele que mora no céu. Uma barba branca que de tão branca ao ficar ao sol se tornava azulada. Magro e quem o olhasse bem de perto diria que suas carnes pelo corpo não existiam. Deveria ser formado de osso puro. Usava uma roupa simples, calça caqui curta bem puída e uma camisa verde com alguns rasgos no ombro. Usava um cinto. Era o nosso conhecido. Sem sombra de dúvida era um cinto escoteiro. Esquecemos até que em sua cabeça também morava um chapéu de abas largas, mas que agora estava decaído, pois se mostrava velho, com pequenos furos. No banco que estava sentado havia uma pequena mochila, diferente das que nos conhecíamos. Nunca vimos o que tinha dentro dela. Sua figura chamava a atenção, tinha os dentes perfeitos e quando sorria maravilhava a todos. Falava como se estive declamando poesias tipo aquelas que nosso professor de português declamava sem sorrir e querendo ser o que ele nunca foi. Um poeta.

                          Não lembro quem o viu pela primeira vez sentado no banco da Praça da Estação. Praça nova árvores recém-plantadas. Hoje lindas enormes e as palmeiras? Bem não estou aqui para falar dela e sim do velhinho de barbas brancas azuladas, ou melhor, São Pedro lá do Céu. Quando lá cheguei outros lá estavam. Pudera gente estranha na cidade e se fosse Escoteiro era motivo de jubilo por parte de todos. Mas o cinto e o chapéu identificavam alguém que poderia ser e claro poderia não ser. Em volta daquele simpático velhinho nós pequeninos Escoteiros agachados em sua frente de olhinhos arregalados queríamos saber de tudo. Ele tinha um leve sorriso e de vez em quando seus olhos fechavam parecendo que iria dormir. Sonhador chegou correndo. Era e sempre foi nosso porta voz. As patrulhas confiavam nele. Sabia falar como ninguém, um proseador que não perdia nunca o fio da meada.

                            Todos nós esperávamos que nosso acólito trouxesse a tona e desvendasse o segredo do Chapéu e do cinto que acintosamente aquele velhinho, ou melhor, São Pedro lá do céu portava. Ao menos a fivela estava limpa. Não brilhava, mas ainda tinha a cor da originalidade quando produzida. O chapéu mesmo limpo não mantinha as abas retas e planas. Tinha um semblante que encantava. Sonhador disse que o ouviu falar que estava com fome. Nós não ouvimos nada. – façamos uma vaquinha! Conseguimos doze paus. Perna Seca e Orelhudo foram correndo ao bar do Zé Moreno. Voltaram com quatro coxinhas, seis bolinhos de carne e dois pães. São Pedro lá do Céu comeu com gosto. Educadamente. Mastigava como se estivesse contando cada mordida. Beleleu levou Narigudo até sua casa na bicicleta. Voltaram em dez minutos com um cantil cheio de água e uma garrafinha de groselha. Ele sorria e falava baixinho com Sonhador.

                       Lá pelas tantas discutimos onde ele iria dormir. Velho assim era difícil levar para a casa dos vinte e oito meninos Escoteiros que se ajuntaram em sua frente na Praça da Estação. Seus pais poderiam estranhar. Bororó Monitor da Onça Parda sugeriu trazer a barraca de duas lonas da chefia e um cobertor do exército que ganhamos. Na grama atrás do banco a barraca foi armada. Sonhador disse para ele que podia dormir tranquilo. O Guarda Noturno era o Zé Birosca, antigo Escoteiro. Ele estava em casa. Ficamos lá até por volta de nove da noite. Fui embora pensativo. De onde era? Como chegou? Seria um antigo Escoteiro ou um Chefe? Dormi pensando e durante todo tempo de escola nem vi o que os professores disseram. Queria que as aulas terminassem para correr até a Praça da Estação.

                             Encontrei Bico Doce e Orelhudo conversando. Ele se foi me disseram. A barraca estava desarmada e bem dobrada nos moldes Escoteiros. Os espeques limpos e enrolados em um jornal. Se ele dormiu ali levantou cedo. Antes do alvorecer. Zé Birosca o Guarda Noturno disse que não viu ele ir embora. Seu Nonô Fogueteiro Chefe da estação disse que o maquinista Zé Be Deu o levou como carona no trem de carga das cinco da matina. Fiquei decepcionado. Se ele fosse um dos nossos quantas novidades para nos contar? Sabíamos que nossa fraternidade era enorme, mas só umas fotos apagadas de uma revista que um viajante nos presenteou vimos Escoteiros de outros países. Será que eles seriam iguais a nós?

                     Na semana seguinte eu e Orelhudo encontramos Zé Be Deu o maquinista. – Desceu em Crenaque. Disse que iria atravessar o Rio Doce em uma jangada que ele guardava na Caverna do Morcego. Falou baixinho que iria rever seu amigo o Cacique Abaeté dos Aimorés do outro lado do rio. Eram amigos de séculos e séculos. Séculos? Pensamos no que disse o maquinista. Perguntamos mais e ele não disse mais nada. Olhei para Orelhudo que balançou a cabeça. Imortal? Seria ele realmente São Pedro lá do Céu? Meninos Escoteiros a filosofar. Durante muitos anos nos Fogos de Conselho e em Conversas ao Pé do Fogo nós levantávamos a história de São Pedro lá do Céu. Falou-se tanto que agora para os novos ele era um Santo. Santo Escoteiro e alguém sugeriu que fosse o patrono da tropa. Porque não?

A minha vida fechou-se duas vezes antes de se fechar –
Mas fica por saber
Se a imortalidade me revela
Um evento maior

Tão largo, tão incrível de pensar
Como estes que sobre ela duas vezes tombaram.
Partir é tudo o que sabemos do céu,
Tudo o que do inferno se pode precisar.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Era uma vez... Um menino triste que aprendeu a sorrir.



Lendas escoteiras.
Era uma vez... Um menino triste que aprendeu a sorrir.

                     Era uma vez... Um menino que sonhava. Sonhava com o sol com a lua, sonhava com o verde da mata, das águas dos córregos que corriam serenas para o mar. Não era um menino rico, não era não. Era um menino simples, pobre e que tinha a felicidade em seu coração. Ele sabia que não existia dinheiro no mundo que pudesse substituir a alegria que tomava conta de toda sua vida. Na escola um exemplo, de olho na professora, aprender era tudo que ela ensinou a ele. Nunca foi inteligente, mas era um esforçado. Tinha um sonho, ter uma bela casa e dar a sua mãe tudo que ela quisesse. Dizia sempre a ela que era feliz e ela devia ser também. Mas não, sua mãe era triste, quase não falava; Ficava o dia inteiro lavando roupas nas pedras do Rio Mimoso.

                    Era uma vez... Isto mesmo. Sempre começo assim quando me lembro deste menino. Em sua casa humilde queria sorrir e não podia. Queria mostrar a sua mãe que ali morava a felicidade, mas ela não sentia.  As noites quando ia dormir ouvia soluços no quarto da sua mãe. Enquanto seu coração enchia de felicidade a tristeza estava marcada na mente da sua mãe querida. Por quê? Perguntava. Ela não respondia. Um dia ao chegar da escola a encontrou caída na cozinha. Gritou para os vizinhos ajudarem. Não adiantou mais. Sua mãe estava morta. Disseram que ela tinha uma doença grave a muitos e muitos anos. Pela primeira vez a felicidade que tinha foi substituída por uma tristeza enorme. Nunca chorou e agora chorava. – Porque mamãezinha nunca me contou?

                    Era uma vez... Um menino que cheio de felicidade agora vivia com uma profunda tristeza. Pensou que havia perdido a alegria de viver para sempre. Agora uma magoa profunda tinha invadido seu humilde coração de menino infeliz. Sua mãe disseram foi viver com Jesus lá no céu. – E porque não me levou? Porque me deixou aqui nesta casa onde ninguém me ama? Pobre menino. Viver com outros meninos ele não reclamava. Havia muitos bons e outros maus. Batiam-lhe, faziam coisas para machucar e doer. Pensou em fugir e fugir para onde? Não conhecia ninguém. Dormiu chorando e sonhou com sua mãe no céu. Ela lhe dizia para não desistir. Seria por pouco tempo e eles se encontrariam novamente.

                     Era uma vez... Naquela tarde cinco meninos mais velhos que ele lhe bateram tanto que ele foi parar no hospital. Ficou lá muitos dias e uma senhora morena, simpática, com um lindo sorriso nos lábios cantou para ele uma canção. A Arvore da Montanha. Amou tudo que ela cantou. Ela vestia um uniforme lindo e disse que era escoteira. Ele não sabia o que era isto e perguntou. Ela lhe contou lindas histórias dos Escoteiros e ele de novo passou a sonhar que poderia ter a felicidade que havia perdido se pudesse ser um menino Escoteiro. Falou com ela e ela parou de sorrir. Não sabia o que dizer. Um mês depois, ao sair do hospital o Monitor da casa onde morava com os outros meninos veio lhe buscar. Carrancudo, olhos felinos fixos no menino triste o pegou pelo braço quase lhe arrastando até a perua da casa de correção.

                     Era uma vez... A tristeza de novo tomou conta do menino triste que um dia teve a felicidade no seu coração. Uma tarde, não uma tarde sombria, mas ele sabia que era véspera de natal, pois as flores tomavam conta das árvores e dos jardins. De olhos fixos na janela ele chorava mesmo assim. Perdeu tudo, perdeu sua alegria, perdeu seu sorriso e seu coração agora era lugar da tristeza e de infelicidade. Pela manhã um Monitor do educandário havia lhe machucado com uma vassourada nas costas. Sabia que não podia reclamar. Se fizesse isto apanhava muito mais. A porta da grande salão abriu e a mulher escoteira apareceu a sua frente. – Meu menino, você vai comigo, consegui adotar você.

                    Era uma vez... Uma patrulha de meninos Escoteiros que cantava o rataplã. Não sei se eram os touros, se eram os tigres ou os águias. Mas sei que o menino triste agora sorria. Ele agora era um patrulheiro escoteiro. Pensou na sua mãe no céu e sentiu que ela sorria para ele. Ao atravessar a ponte do amor eterno onde iriam acampar, o menino sentia seu coração bater forte. Sabia que agora era feliz. Sabia que tudo que quis encontrou junto aos amigos de sua patrulha. Sentiu as pernas bambas. Sentiu uma dor enorme no coração. Caiu de leve na grama da trilha que os conduzia ao campo sagrado do acampamento. Viu uma luz azul imensa se aproximando dele. Era sua mãe que vinha buscá-lo.

                   Era uma vez... O menino que encontrou novamente a felicidade e mesmo assim estava triste. Alegre por estar caminhando ao lado de sua mãe entre as nuvens do céu que o levaria para a cidade do amor junto a Jesus. Triste porque teve de deixar sua patrulha que não entendeu o porquê ele havia morrido assim sorrindo na trilha do campo sagrado do acampamento. Por quê? Perguntavam. Alguém disse e poucos entenderam: - Nascer, viver, morrer nascer de novo. O que seria isto? Pensaram os Escoteiros. Ninguém entendia. Os destinos de cada um de nós a Deus pertence. Os Escoteiros olharam para o céu e o viu dando seu Sempre Alerta sorrindo e sentado em uma nuvem branca cujo vento leve o levava para o alto de uma estrela no céu.


                        Era uma vez... Um menino que tinha a felicidade no coração. Um menino que ficou triste. Um menino que sofreu nas mãos de outros meninos e adultos; um menino que encontrou uma escoteira mãe que foi um anjo para ele, um menino que passou a sorrir junto com seus amigos de patrulha. Um menino que foi para o céu. Um menino que encontrou novamente a mãe que amava e agora tinha aprendido a sorrir. Ah! Escotismo. Fazer a felicidade dos outros, você sabe como fazer e por isto que eu o amo tanto! E assim termina a história do menino triste, que morreu feliz tendo o escotismo para sempre dentro de sua mente e preso em seu coração!  

domingo, 5 de abril de 2015

Mortimer, um lobinho amigo do além.



Lendas escoteiras.
Mortimer, um lobinho amigo do além.

Coveiro.
Numerar sepulturas e carneiros,
Reduzir carnes podres a algarismos,
Tal é, sem complicados silogismos,
A aritmética hedionda dos coveiros!

Um, dois, três, quatro, cinco... Esoterismos
Da Morte! E eu vejo, em fúlgidos letreiros,
Na progressão dos números inteiros
A gênese de todos os abismos!
Augusto dos anjos.

                     Mortimer era um infeliz. Era filho de Lomanto da Paz o coveiro do cemitério Flores Singelas. Na escola ninguém se aproximava dele. Tinham medo. Diziam que ele falava com os mortos. Não era verdade, mas que acreditaria nele? Sua casa ficava dentro do cemitério e mesmo linda, pintada de azul e branco com muitos manjericões e rosas brancas que seu pai plantava e cuidava com carinho, ninguém nunca pediu para conhecer onde morava. Sua mãe morrera quando nasceu. Seu pai o adorava e o tratava com carinho e um amor enorme. – Mortimer meu filho, um dia vão reconhecer que seja onde for a nossa casa é sagrada. Mas não adiantava o pai falar - Pai! Nós não recebemos visitas! Por quê? – Lomanto olhava seu filho e mesmo querendo explicar que todo mundo um dia iria morar ali, ninguém gostava de tocar no assunto. A morte sempre assustou os vivos.

                   Uma menina de cabelos loiros foi transferida para sua sala. Ele a olhava e quando ela olhava para ele ficava sem jeito e virava o rosto. No recreio ela o procurou. – Quer brincar? Mortimer assustou. Ele no recreio era um eterno esquecido. Ninguém nunca o chamou para brincar. Ficava sempre em um canto olhando todos correndo e sorrindo. Ela o pegou pela mão e começou a correr – Vamos! Tente me pegar! Foi o recreio mais lindo de sua vida. – Pai! Pai! Ele chegou correndo para contar – Pai eu agora tenho uma amiga! Lomanto riu e abraçou seu filho. Os outros jovens da escola olhavam o par com indiferença. Não diziam nada. O boato que corria é que se mexesse com ele os defuntos viriam à noite em seu quarto para puxar o pé. Um dia Noêmia o convidou para ir visitar sua alcateia. – O que é isto? Perguntou. – Uma escola diferente. Nada de carteira. Nada e quadro negro. A professora lá se chama Akelá. Ela tem ajudantes. Cada um tem um nome de bichos da floresta. É como se nós vivêssemos em uma grande floresta.

                  Noêmia contou muita coisa. Mortimer ficou perplexo com o que ela contava. Havia um herói menino chamado Mowgly. Ele se perdeu na floresta e foi adotado por uma Alcateia de lobos. Todos eram amigos dele. Outros animais o protegiam. O Balu um urso grande e peludo, a Baguera uma pantera negra enorme, Hati o elefante e uma grande cobra píton chamada de Kaa. Mortimer queria saber tudo. Noêmia o convidou para ir com ela sábado ao grupo escoteiro. Seu pai foi junto. Vestiram a melhor roupa que usavam na missa dos domingos. Mortimer ficou com medo quando chegou lá. Centenas de meninos vestidos de azuis e cáqui com chapelão. Ele se assustou. Sabia que todos conheciam o Menino do cemitério. O menino que fala com os mortos. Engano. Ninguem disse nada. Foi recebido com palmas. Mortimer chorou de alegria.

                   Em casa falou para seu pai – Pai! Eu nunca pensei que fizesse tantos amigos em um só dia! – Filho, o mundo é bom, tem aqueles que não te conhecem e te julgam pelo que ouvem ou veem sem olhar o coração das pessoas. Mortimer dormiu feliz. Sonhava com o próximo sábado. Sonhava em ser mais um na Roca do Conselho. Disse para si mesmo que em breve estaria de azul e a gritar junto a todos no Grande Uivo. Mortimer passou a sorrir também na sala de aula. Chegava perto de muitos da classe e dizia, eu sou lobinho, lá eles são meus amigos. São felizes como eu. Eles cantam, dançam e sabem que a verdadeira amizade nasce de dentro do coração. Mesmo vocês não sendo meus amigos o Balu meu protetor me disse que não importa o que pensam de você, importa o que você pensa deles. E eu sou amigo de todos! – Toda a classe passou a ver Mortimer como mais um deles. Não era mais o filho do coveiro.

                  Dizem, eu não sei e nem posso afirmar que todos os domingos o Cemitério Flores Singelas enche de meninos que vão lá brincar nos arvoredos, no pequeno regato que nasce atrás das montanhas e eu soube que agora toda a cidade vê com outros olhos o lobinho Mortimer e seu pai Lomanto da Paz. Dizem também e eu não sei se é verdade que aprenderam uma lição com os Escoteiros. Eles e os lobinhos fazem questão da amizade. Dizem na cidade que lá todos que entram passam a ser irmãos. Até contam em rodas por aí que eles tem um pacto e quem entra passam a ser irmão de sangue para sempre. Agora que Mortimer cresceu e se casou com Noêmia disto eu tenho certeza. Que tiveram quatro filhos e Mortimer ainda mora no cemitério e é feliz eu também sei. Escotismo é assim, quem não tem amigos lá encontra um montão.


                  Esqueci-me de dizer que Mortimer hoje é o prefeito da cidade. A prefeitura vive cheia de Escoteiros e na porta tem uma grande placa escrita – Lord Baden Powell, cidadão do mundo, O Escoteiro Chefe Mundial e amigo e irmão de todos. Falar mais o que? Escotismo é coisa que marca que entra em nós para sempre. Dizer que somos aventureiros que somos Escoteiros e vivemos para ajudar o próximo é falar o obvio. Mortimer hoje corre o mundo dando palestras. Tornou-se um professor de história e escreveu muitos livros. Ninguem mais o chama de o amigo dos mortos, mas sim de o amigo do mundo. Graças a Mortimer eu também sou Escoteiro e esteja ele onde estiver receba meu abraço apertado, meu aperto de mão esquerda e meu Sempre Alerta!