No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras

No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras
A aventura está apenas começando

sábado, 30 de abril de 2016

Muito além do por do sol existe um sonho!


Conversa ao pé do fogo.
Muito além do por do sol existe um sonho!

           Escotismo! É meu amigo, ele tem uma força que dobra o mais valente com seu método, com sua filosofia, com sua promessa, com o sabor de aventura, onde se pode ir onde jamais se sonhou. Quem não se encantou um dia ao cantar o Rataplã? Quem não sorriu um dia ao ver o espetáculo do amanhecer em uma barraca na orla de uma floresta? E porque não dizer de sentir a fumaça do fogão, o cheiro de uma refeição inconfundível, os olhos vidrados na panela mágica, se coloca um galho aqui, uma lenha ali, ver o aguadeiro levar a água que dará a todos um manjar dos deuses? Escotismo marca. É como o ferro em brasa que escreve em nossos corações um amor difícil de explicar. Um caminho de alegrias e felicidade.

           Escotismo! O que você tem meu amigo? Que força é essa que nos atrai? Que nos hipnotiza e nos faz correr atrás de você, de peito aberto em busca de aventuras? A cada dia se vai descobrindo um lindo e belo caminho a seguir e mais e mais este escotismo vai fincando raízes que nunca nos abandonarão. Rimos das coisas simples do dia a dia, como lavar uma panela lá no riacho, mas tem cena mais linda? Quando você fez isto? Nunca eu sei. Nunca você cortou um bambu e quando você olhou para ele o viu dizendo: - Serei seu banco, sua cama, serei aqui para você sua casa seu lar. Simples não? Mas você amou tudo aquilo.

          Falar que você viu o nascer e o por do sol não vale. Já foi falado. Falar que você pode ver as estrelas no céu brilhando também não vale. Já foi visto. Mas dizem que a primeira vez é que a gente nunca esquece e isto vale. E todos nós sempre tivemos nossa primeira vez. Dormir em uma barraca, junto com amigos que brincam que contam piadas e acordar de madrugada sem o cobertor, pois lá não tem a mamãe para olhar você. Acordar e ver o sol entrando na barraca. Sair, esfregar os olhos e todos a correr para tantas aventuras que virão.  Mas preste atenção em coisas simples, que um dia vai fazer você recordar e pensar que agora elas se tornarão tão importantes em sua vida que sua mente. Quando você se lembrar quem sabe, terás um pouco de nostalgia, de saudade, que às vezes machuca e então você vai querer voltar no tempo e ir lá onde sempre esteve nos tempos de juventude.

         Um jogo, um abraço, um Monitor alegre, amigos do peito na Patrulha que lhe dão orgulho e quando juntos dão o grito tem uma coisa que fica mexendo com você. Você não sabe se ri se chora se abraça todo mundo, mas não para por aí. E quando senta a moda índia em volta de uma fogueira, já noite alta, e as chamas insistem em subir aos céus, iluminando as árvores, aquela coruja que olha a todos com surpresa, o rosto de seus amigos, os olhos que brilham como se ali estivesse à fogueira dos sonhos e então você pensa - Que lindo isto! Mas não param suas surpresas, todos cantam canções maravilhosas, brincam ao redor do fogo e aos poucos você descobre que é a pessoa mais feliz do mundo!

       E quando chega a hora de apagar a fogueira, de voltar a sua barraca, de dar um belo sorriso quando for dormir, eis que todos dão as mãos, entrelaçadas, ainda ao redor do calor do fogo, dizendo que não irão se separar nunca, que não é mais que um até logo, um adeus que não existe, pois é apenas um até breve e você quase chora. E todos apertam mais e mais as mãos e dizem que um dia de novo irão se encontrar aqui ou em outro fogo. Você quando ouve e canta que o senhor protege e abençoa a todos, você não sabe mesmo se vai chorar. Chorar? E quem não chora? Ali não têm valentes assim. Não dá para segurar. E seus olhos ficam marejados. Lagrimas irão cair. Deixe cair. É bom. Ajuda a amar mais e mais este movimento incrível!

       Além do por do sol, além do arco íris existem sempre alguns escoteiros ou escoteiras que lá estão acampando. Estão a viver um mundo incrível. Uma aventura sem igual. Irão lembrar que o amor entre eles nada e ninguém vai separar. Vamos deixar o vento soprar, que venha o vendaval, que venha a brisa fria do leste. Que o orvalho caia e molhe a fronte de todos, pois isto é nossa marca que veio para ficar. Deixe que tudo aconteça normalmente. Olhe para o regato, veja uma folha que caiu na correnteza e vai aos poucos sendo levada para mar. Deixe o escotismo entrar em você. Aos poucos. Deixe seus olhos passear nas campinas verdejante, nos peixes saltitantes no rio formoso. Deixe que vejam as flores silvestres que desabrocham, abra os olhos e os ouvidos e veja o beija flor com seu bailado de mestre, a dançar em volta dos papagaios, dos bem-te-vis, dos pardais coloridos. São tantas coisas belas que você vai poder viver e guardar para sempre no seu coração.

         Além do por do sol, além do arco íris, existe um sonho. Real. Simplesmente fantástico. Escoteiros e escoteiras lá estão vivendo uma vida de aventuras. Isto é extraordinário. A montanha azul que lá está, é a casa deles. Vá você também viver o que eles vivem. Vamos! Eles vão receber todos de braços abertos com amor no coração. Pois sabem que além do por do sol, além do arco íris é ali que eles encontraram a verdadeira felicidade!


       Vamos, coloque sua mochila, desfralde sua bandeira e diga alerta para os que ficaram e grite alto: Avante! Sempre Juntos! Em frente marche! Cante uma bela canção e parta com eles em busca dos seus sonhos. Rataplã do arrebol, escoteiros vede a luz! Rataplã olhai o sol, de um Brasil que nos conduz!      

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Em busca da felicidade.


Hora de voltar para o meu cantinho e dormir.
 Em busca da felicidade.

                      O que fazer para ser feliz? Será que ser feliz significa ter uma vida confortável, sem preocupações financeiras? Ou ser feliz é ter a presença dos familiares e amigos e isto é o suficiente para nos trazer felicidade? Quem sabe ser feliz é encontrar um grande amor, alguém com quem possa dividir os momentos de alegria e os de tristeza? E a saúde perfeita é suficiente para ser feliz? Ah! Esqueci. Os escoteiros dizem que para ser feliz e fazer a felicidade dos outros. Verdade?

          Ser feliz para muitos é uma arte. Assim dizem os filósofos, os escritores e poetas. Ah! Os poetas! Estes escrevem frases e poemas incríveis sobre a felicidade. Você é feliz? É mesmo? Tem um motivo especial ou se sente feliz por existir? Qual a melhor resposta? Alguns poderiam pensar que a vida é uma felicidade e se não as temos é porque uma barreira se interpôs e perdemos nossas esperanças de encontrar a felicidade. Porém, não é esse o propósito da sentença. Essa verdade em dizer que somos felizes nos traz luz à grande diferença que há entre buscar uma felicidade, por vezes, utópica e ser feliz de verdade. São tantos que depositam suas esperanças de felicidade nas ilusões que o dinheiro e as posses materiais podem oferecer. Passam a vida trabalhando para conquistar um império financeiro e mal percebem o quanto são escravos de si mesmo.

          De repente, a vida acaba ou se esvaem, os filhos cresceram e se tornaram pais. Muitas das amizades partiram ou se desfizeram e, nesse momento, nem tudo que conseguimos bom emprego, casa própria, na praia, sitio vida abastada não é suficiente para nos trazer a tão sonhada felicidade. A riqueza faz parte da vida, mas existem tantas pessoas felizes morando em casas singelas, com vidas financeiras limitadas que fica a pergunta. Existem muitas formas de felicidade? De uma coisa eu sei a felicidade não pode estar ligada aos bens materiais ou na vida simples seja ela qual for. Tem aqueles que afirmam que a felicidade está no encontro de um grande amor: Quando eu encontrar aquela pessoa especial, serei feliz, eles acreditam.

Mas quantas pessoas têm um companheiro ou companheira ao lado, fizeram juras de amor, tiveram uma paixão avassaladora e hoje não são felizes? E quantos mais há que, mesmo estando solteiros, não se sentem realizados e perdem aquela alegria nos olhos que existia? Assim, a felicidade não pode estar em um ou outro. Então, onde encontrar a felicidade? Como ser feliz? A máxima do Evangelho nos ensina que a felicidade verdadeira é uma conquista do Espírito, pois todos nós fomos criados para a felicidade eterna. Tudo o que necessitamos para sermos felizes está em nossos corações. Verdade ou não precisamos agarrar a primeira leva feliz que aparecer junto a nós.

            De uma coisa eu sei se hoje você se decidir ser feliz, não há nada que possa impedi-lo, a não ser você mesmo. Então não deixe para amanhã o que existe hoje em você: - Brinque, sorria, valorize as coisas simples. Acompanhe o crescimento dos filhos, abrace, aperte a mão de quem lhe quer bem. Não guarde mágoas e deixe no passado qualquer sentimento de culpa. Não se entregue à auto piedade. Seja otimista. Vibre com as conquistas. Valorize o presente. Planeje o futuro. Organize-se. Reserve um tempo para você. Reserve um tempo para a família. – E pense como o poeta um dia escreveu: Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.


Boa noite durma com Deus e... Uma linda semana cheia de felicidade!

domingo, 17 de abril de 2016

A carta para o Chefe Morel.


A carta para o Chefe Morel.

- Morel um Chefe Escoteiro quase no fim de sua vida recebeu uma carta: Quanto tempo não recebia uma. Agora era e-mail aqui e lá. Olhou o envelope com carinho. Fez questão de usar seu canivete Escoteiro para abrir. O fez calmamente, com carinho saboreado as saudades de uma época que ficou para trás. Tirou a folha escrita, letra bonita bem compassada e começou a ler:          

- Sempre Alerta Chefe Morel.
– Não sei se ainda lembra-se de mim. Eu era aquele que chamavam Esqueleto. Risos. Era sim magro demais. Meus netos hoje dizem que ainda sou o mesmo, que não mudei. Sabe Chefe eu nunca me esqueci do senhor, quando acordo eu me lembro do seu rosto... Do brilho do seu olhar. Até hoje procuro ter o mesmo brilho e isto me ajuda a seguir em frente com prazer e alegria. Saiba que o senhor sempre foi e sempre será especial para mim. Todos os dias antes de dormir eu agradeço a Deus e ao escotismo. Obrigado por ter me deixado participar, de fazer tantos amigos e me sentir um privilegiado. O tempo Chefe deixa perguntas, mostra respostas e esclarece dúvidas. Mas acima de tudo o tempo traz verdades. Minha vida tem sido marcada por realizações diárias, que às vezes não dou o devido valor, mas eu sei que graças a Deus e ao Escotismo se fez presente em todos os momentos da minha vida.

- Sabe Chefe eu me sinto realizado, minha honestidade é apreciada, confiança foi conquistada, lealdade retribuída e o respeito merecido. Aprendi com o senhor a fazer as pessoas felizes mesmo quando estou triste. Em vez de reclamar da vida, levanto a cabeça, sacudo a poeira e dou a volta por cima. Afinal dias ruins são necessários para que os bons valham a pena. Saiba Chefe que a gratidão é a memória do coração e eu sou eternamente grato ao senhor e ao escotismo que amei e abracei como filosofia de vida.

- Pois é Chefe, muitas coisas bonitas não podem ser ditas vistas ou tocadas, elas Chefe são sentidas dentro do coração. O que o Senhor fez por mim é uma delas. Agradeço do fundo da minha alma e em tempo algum seja aqui ou na eternidade vou esquecer-me do senhor.
Chefe, meu fraterno abraço, um gostoso aperto de mão e que a paz esteja em seu coração. Sempre Alerta.


Nota – Uma pequena lágrima correu na face do Chefe Morel. Ele olhou para o céu foi até a janela e pensou: - Que o vento leve, que a chuva lave que a alma brilhe que o coração acalme que a harmonia se instale e a felicidade permaneça. Obrigado Deus pelo dia de hoje! Meu amigo Escoteiro eu sei que nem todos os anjos têm asas, às vezes eles têm apenas o dom de te fazer sorrir e você conseguiu apagar minha tristeza!

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Coração Escoteiro.


Coração Escoteiro.

Água gelada. Riacho espumante. Pés descalços na água murmurante. Manoel ao meu lado me perguntou sem eu esperar: - Chefe estou me sentindo muito mal por tudo que aconteceu... Perdoa-me? – Assustei. Nunca ninguém me pediu perdão, afinal eu gosto de pessoas que admitem o erro, falam que estão com saudade e deixam de lado o orgulho. Gosto de gente que sabe dar valor ao que tem que faz por merecer e não finge ser o que não é. Não era o caso de Manoel. Simplesmente me pediu para sair. Desistir. Achou que ali não era seu lugar. – Chefe ontem eu era inteligente, queria mudar o mundo. Hoje eu sou sábio, estou mudando a mim mesmo. Não consigo me perdoar por ter agido desta maneira com você. Desculpe! – Lembrei-me de Veríssimo. - Para os erros, há perdão. Para os fracassos, chance. Para os amores impossíveis, tempo. Não deixe que a saudade sufoque que a rotina acomode, e que o medo impeça de tentar. Não havia o que perdoar. Abracei Manoel. Admiro pessoas simples de coração... Fortes, mas não arrogantes. Sinceras, mas não ofensivas. Corajosas, mas não inconsequentes. Que cativem uma pessoa de forma pura. Que sorriem com coração e que te olhem com carinho. – Meu Amigo Manoel, eu desejo que seus dias sejam felizes, que suas noites sejam tranquilas e que não lhe falte paz e amor. Seu coração Manoel é Escoteiro hoje, amanhã e sempre!

Boa noite!

terça-feira, 12 de abril de 2016

“Nicodemos”.


“Nicodemos”.

                    Escolheu ir pela Rua do Ouvidor. Poderia ter ido pela Alameda dos Bonfins. Suas escolhas não tinham uma explicação lógica. Apenas um menino a perambular pela Rua indo em uma direção já escolhida. No quarteirão do Colégio Santo Antonio parou. Viu o enorme portão de ferro aberto. Foi até lá. Viu uns quinze meninos em circulo hasteando uma bandeira. Achou interessante. Entrou e se aproximou.  Achou bonito a bandeira subir, pois ventava e ela se abria totalmente. Viu Conrado amigo de escola na frente de dois meninos. Ele segurava um bastão com uma bandeira com desenho de um bicho. Os dois professores que comandavam fizeram uma brincadeira que ele não entendeu bem. Afinal tinha meninos menores e maiores. Claro que os maiores iriam ganhar.


                      No final da brincadeira eles ficaram em pé e o professor deu uma aula que ele não sabia de que era. Quem sabe era matemática, pois ninguém gostava desta matéria e todos quase dormiam sem ouvir. Saiu pelo portão como entrou. Seguiu pela Rua do Ouvidor até o Escadão das Flores. Ele sabia que seus amigos estavam lá. Gostava de ir, um bom papo conversas proibidas ele ria a beça quando um dizia ter beijado a namorada. Olhou no relógio. Esqueceu que fora roubado por um moleques do Alto do Boi Bravo. Levaram também seu tênis que não era novo. Esqueceu completamente os meninos que dormiam na aula de matemática.  Pensou em seus sábados a papear no Escadão do Boi Bravo com seus amigos. Sentia-se bem ali. Suspirou fundo, todos estavam lá. Sorriu e pensou que era feliz!

sábado, 9 de abril de 2016

Hoje tem reunião – Alegria de montão.


Hoje tem reunião – Alegria de montão.
Vai cantar a passarada, bem no meio da lobada.
Se tens chuva e depois água, deixe andar que não faz mágoa.
Mas se tem água e depois vento, põe-te em guarda e toma tento.

Guias Seniores Escoteiros, vão pro campo bem mateiros.
Se o sol está vermelho, a noite tem fogo do conselho.
Os chefes já vão chegando, a todos cumprimentando.
E no céu cor de anil, se arvora a bandeira do Brasil.

Farão nós, sinais de pista, eles são mesmo supimpas.
Portanto meu jovem amigo, deixe de olhar o umbigo,
Vista seu uniforme, fique nos seus conformes
Pois hoje tem reunião, alegria de montão!

E se alguém perguntar, sorria e vá explicar,
Nós? Gostamos de amizade, somos uma fraternidade.
Sempre Alerta bem ligeiro, pois somos bons escoteiros!

Pois hoje eu vou sorrir, escotismo me faz feliz!

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Você já ouviu os sons da natureza?


Conversa ao pé do fogo.
Você já ouviu os sons da natureza?

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos... Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é. Mas porque a amo, e amo-a por isso, Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem por que ama, nem o que é amar... Alberto Caeiro

           Hoje não vou contar uma história. Não vou escrever um artigo. Vou apenas lembrar quando comecei a aprender a amar e sonhar com a natureza. Isto ainda existe? Ainda tem escoteiros sonhadores? Aqueles que olham o céu e pensam estar viajando pelas estrelas? Faz tempo. Muito tempo. A primeira vez estava com dezessete anos. Ia fazer dezoito. Problemas enormes na mente de um despertar para a vida. Ainda não sabia do valor do silêncio. Resolvi fazer meu primeiro acampamento sozinho. Sem ninguém. Precisava pensar. Porque não? Quem sabe iria descobrir em mim mesmo de onde vim e para onde vou? Mochila nas costas meu querido bornal de couro e lá fui eu. Era um pico famoso em frente à cidade que morava. Fui lá muitas vezes com a Patrulha, com a tropa. Subida difícil. Umas cinco horas para atingir o cume.

          Foi uma experiência fantástica. Nunca tive medo no campo. Não sou corajoso, mas amava o campo. Afinal tudo aquilo que você ama não pode fazer medo. Parti em um sábado à tarde para voltar no domingo. Era fantástica a vista noturna. As luzes piscando por toda a cidade. Pequenos faróis furando ruas e ruas e o rio brilhante sob a luz do luar ziguezagueando como uma enorme serpente querendo devorar a cidade. Acomodei-me sem barracas. Não precisava. Tantas estrelas no céu iriam ser a lona que não tinha. No alto uma grande cruz, serviu como escora para minha mochila e meu travesseiro. Foi a primeira vez que senti na pele a caricia do vento e ouvir os seus cálidos gemidos. Ele soprava firme seguindo seu destino. Adorável vento. Eu não o via, mas sentia. O som era como se eu o tivesse descoberto pela primeira vez. Dormi. Época que ainda dormia a noite inteira. Acordei no lusco fusco da manhã com o rosto molhado pelo orvalho. Ouvi os pássaros cantarem com sons diferentes.  Ainda não podia os identificar, pois não estavam por perto.

         Demorou mais cinco anos para o próximo. Meu local preferido. Serra da Piedade. Uma viagem de trem noturno, saltar com o trem em movimento em uma subida antes do túnel da Viúva. Fui lá antes várias vezes com amigos escoteiros. Mas precisava ficar só. Sem vozes, sem cantoria, sem gritos sem farfalhar de pisadas sobre os galhos soltos por aí. Quatro quilômetros de subida. Outra vista maravilhosa. Quatro cidades no horizonte. Aprendi ali a identificar os grilos, as cigarras, os pássaros noturnos e pela primeira vez vi de perto um lobo guará. Quieto. Olhando-me. Tirei uma linguiça da mochila. Joguei para ele. Comeu com gosto. Nas outras vezes que voltei foi meu companheiro em quase todas as horas que ali estive. Foi lá que passei a admirar o som da chuva. Não importa se torrencial ou não. Quem sabe ouvindo se perde o medo. Até os raios tinham sons e ruídos maravilhosos da noite assim como os trovões. Em cada época do ano o vento soprava diferente.

         Fui a outros lugares. Fiz destas atividades a “Escoteira” (aquele que anda só) um programa anual. Nem sempre pude cumprir. Cada lugar que estava um problema diferente. Mas não passava mais de três ou quatro anos para retornar aos sons da natureza. Acampei sozinho em florestas virgens. Podia sentar em uma árvore centenária e ouvir o seu som quando ela rangia com seus galhos enormes e conversava com o vento. Ela e ele se entendem. Ouvia os pássaros invisíveis nos seus galhos, eu via o brilho do sol tentando escalar sua sombra em aberturas pequenas nas suas folhas. Nas grandes florestas a chuva tem um som diferente. Os animais em festa, os insetos apressados, você sente no corpo um frescor diferente. Parece que a natureza quer falar com você. Já tinha feito vários destes acampamentos a Escoteira.

              Uma vez se me lembro bem foi aqui em São Paulo, me parece que no Parque anhanguera. Não na área do público. Outra que só nós escoteiros podíamos entrar. Uma imensa mata de eucalipto sendo engolida pela mata Atlântica. Como sempre só. Choveu. Barraca armada. Acordei ainda sem ver o sol despontando. O cheiro me bateu em cheio. O cheiro da terra molhada. Um acampador, um mateiro que pela primeira vez sentia o verdadeiro cheiro da terra molhada. Maravilhoso! Incrivelmente maravilhoso! Voltei lá muitas vezes. Nunca acampei sozinho em uma praia deserta. Que sons maravilhosos deve se ouvir pelas madrugadas. Quem sabe um Albatroz. O bater de asas de uma gaivota, um trinta-réis ou um atobás. Quem sabe os tesourões gritando no espaço a procura dos seus cardumes desaparecidos. E as ondas batendo forte ou sôfrega nas areias da praia? E o som imperdível dela chegando e voltando com a mare alta? Já ouvi e vi tudo isto, mas não sozinho. No passado escalei montanhas. Senti lá no alto a paz que procurava.

                  Amei as tempestades e as folhas assustadas que caiam como se fosse no outono. São coisas que deixei para trás. Hoje não posso mais. Mas como em meus sonhos eu volto sempre a Giwell eu também viajo pelo meu passado com as lembranças dos sons da natureza que aprendi a amar e admirar. Não há como esquecer o som de um regato, das grandes cachoeiras com seus peixes coloridos tentando o impossível para a desova. Os peixinhos que pulam a procura de um inseto, no coaxar de um sapinho, do lindo som de uma cascata gigante em uma clareira da floresta ou do bater de asas de papagaios coloridos.  Os sons das abelhas e dos beija flores a procura do néctar nas flores, de olhar uma campina verdejante e ver o vento tocar as folhas e o capim, das flores silvestres e elas como se fosse uma onda no mar vão e vem no horizonte. São tantos os sons da natureza que é impossível dizer que Deus não está ali.


                    Sons, melodias, trinar de pássaros e sorrir de leve para a Coruja Buraqueira com seus enormes olhos olhando para você. Não há como se esquecer da noite do dia, do vermelhão ao nascer e do por do sol. Sons da chuva, da terra molhada, do riacho manso que corre para o mar. Sons das ondas, das gaivotas, dos falcões, dos macacos guinchando nos galhos como se estivessem a rir de nós. Sons das estrelas, da lua, do sol. Sons imperdíveis da nevoa da madrugada. Quantas saudades daqueles dias que o som da natureza me invadia e tomava conta do meu ser. Um som como se estivesse ouvindo melodias nunca antes tocadas por nenhuma orquestra deste mundo. Sons da natureza! Acredito que seja por isto que eu sou feliz, muito!

domingo, 3 de abril de 2016

Hora de dormir, de sonhar de pensar no amanhã! Em busca da felicidade.


Hora de dormir, de sonhar de pensar no amanhã!
 Em busca da felicidade.

                      O que fazer para ser feliz? Será que ser feliz significa ter uma vida confortável, sem preocupações financeiras? Ou ser feliz é ter a presença dos familiares e amigos e isto é o suficiente para nos trazer felicidade? Quem sabe ser feliz é encontrar um grande amor, alguém com quem possa dividir os momentos de alegria e os de tristeza? E a saúde perfeita é suficiente para ser feliz? Ah! Esqueci. Os escoteiros dizem que para ser feliz e fazer a felicidade dos outros. Verdade?

          Ser feliz para muitos é uma arte. Assim dizem os filósofos, os escritores e poetas. Ah! Os poetas! Estes escrevem frases e poemas incríveis sobre a felicidade. Você é feliz? É mesmo? Tem um motivo especial ou se sente feliz por existir? Qual a melhor resposta? Alguns poderiam pensar que a vida é uma felicidade e se não as temos é porque uma barreira se interpôs e perdemos nossas esperanças de encontrar a felicidade. Porém, não é esse o propósito da sentença. Essa verdade em dizer que somos felizes nos traz luz à grande diferença que há entre buscar uma felicidade, por vezes, utópica e ser feliz de verdade. São tantos que depositam suas esperanças de felicidade nas ilusões que o dinheiro e as posses materiais podem oferecer. Passam a vida trabalhando para conquistar um império financeiro e mal percebem o quanto são escravos de si mesmo.

          De repente, a vida acaba ou se esvaem, os filhos cresceram e se tornaram pais. Muitas das amizades partiram ou se desfizeram e, nesse momento, nem tudo que conseguimos bom emprego, casa própria, na praia, sitio vida abastada não é suficiente para nos trazer a tão sonhada felicidade. A riqueza faz parte da vida, mas existem tantas pessoas felizes morando em casas singelas, com vidas financeiras limitadas que fica a pergunta. Existem muitas formas de felicidade? De uma coisa eu sei a felicidade não pode estar ligada aos bens materiais ou na vida simples seja ela qual for. Tem aqueles que afirmam que a felicidade está no encontro de um grande amor: Quando eu encontrar aquela pessoa especial, serei feliz, eles acreditam.

Mas quantas pessoas têm um companheiro ou companheira ao lado, fizeram juras de amor, tiveram uma paixão avassaladora e hoje não são felizes? E quantos mais há que, mesmo estando solteiros, não se sentem realizados e perdem aquela alegria nos olhos que existia? Assim, a felicidade não pode estar em um ou outro. Então, onde encontrar a felicidade? Como ser feliz? A máxima do Evangelho nos ensina que a felicidade verdadeira é uma conquista do Espírito, pois todos nós fomos criados para a felicidade eterna. Tudo o que necessitamos para sermos felizes está em nossos corações. Verdade ou não precisamos agarrar a primeira leva feliz que aparecer junto a nós.

            De uma coisa eu sei se hoje você se decidir ser feliz, não há nada que possa impedi-lo, a não ser você mesmo. Então não deixe para amanhã o que existe hoje em você: - Brinque, sorria, valorize as coisas simples. Acompanhe o crescimento dos filhos, abrace, aperte a mão de quem lhe quer bem. Não guarde mágoas e deixe no passado qualquer sentimento de culpa. Não se entregue à auto piedade. Seja otimista. Vibre com as conquistas. Valorize o presente. Planeje o futuro. Organize-se. Reserve um tempo para você. Reserve um tempo para a família. – E pense como o poeta um dia escreveu: Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.


Boa noite durma com Deus e... Uma linda semana cheia de felicidade!