No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras

No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras
A aventura está apenas começando

quinta-feira, 31 de março de 2016

Uma fogueira, uma lua cheia e um violão a tocar...


Uma fogueira, uma lua cheia e um violão a tocar...

                      Não há nada mais belo que uma luz de uma chama no meio da noite que nos aquece, que nos ilumina e nos guia... Ela envolve-nos de tal forma que quando está bem viva consegue fazer-nos mais vivos também... Mas quando a chama perde a sua força, também um pouco da nossa força se dissipa na imensidão da noite... O fogo que há em nós torna-se mais fraco... Esta luz natural conhece-nos melhor que nós próprios, pois está conosco desde o nosso nascimento, nos nossas refeições, no atingir do nosso caminho, iluminando-nos na escuridão... É ela que nos abraça quando temos frio... A luz, e o fogo em si, são um símbolo da nossa vida!

                       Quem já teve o prazer de se contemplar observando o centro de uma chama e ter sido como que consumido pela alegria e tristeza que ela emana, sabe o quanto é bom abstrairmo-nos em algo melhor, é ela que nos dá força de vontade depois de um dia cansativo e que nos faz pensar nos erros que precisam ser corrigidos... Ao olharmos para o fogo em si, veremos nele como que um mundo de sonhos, onde tudo é perfeito. Ele transmite-nos essa perfeição... Ao olharmos melhor, repararemos na pessoa do outro lado da chama, essa pessoa não é nada mais nada menos, que um nosso irmão, ele está a pensar exatamente o mesmo que nós...

                     É esta a perfeição, a amizade e plenitude que nos enche e que transposta na chama, nos guia e nos une, mostrando-nos que somos todos iguais e que juntos construiremos um mundo melhor... O mundo criado pela chama, sendo algo de perfeito, mostra-nos que coisas que no nosso mundo sejam más, lá conseguem ser melhores... A mão do homem é que as torna imperfeitas... Esta chama não precisa ser vista para estar presente, pois está dentro de nós e este mundo que ela contém é uma representação do mundo melhor que os homens podem criar... Basta quererem...

                      Aos nos reunirmos com amigos e irmãos mais novos ou mais velhos todos partilhamos os sentimentos com esta força sobrenatural que é o fogo, e todos nos deixaremos levar com ele... No inicio é a entrada em que começamos a senti-la e a vivê-la... Ao meio é o expoente máximo dos nossos sentimentos e da própria vida... Por fim a paz se deixa transparecer, e de todos os sentimentos até agora sentidos, um deles prevalece... O cansaço. É este que por vezes não nos deixa captar a mensagem que a fogueira nos procura transmitir... Será que ela chegou até vós?


Baseado no conto do site Inkwebane.

segunda-feira, 28 de março de 2016

“Juvenal”.


“Juvenal”.

                    Era bom ser da turma. Foi bem recebido e mesmo olhado como um principiante ele sabia que um dia seria como todos eles. Disseram que era o sexto Escoteiro, o penúltimo da fila na frente do Submonitor. Não entendia porque o segundo mandante da patrulha era o último. Disseram que depois da Promessa teria um cargo importante. Sabia que iria demorar ser um monitor ou sub. Almoxarife ele tinha que aprender muito. Cozinheiro nem pensar. Quem sabe bombeiro ou lenhador. Construtor de Pioneiras nem sabia o que era. Socorrista também não. Se aprendesse poderia ser um escriba. Ele escrevia bem e tirou dez várias vezes em redação. Quando soube que ia haver um acampamento vibrou. Já tinha ouvido falar. Campo de patrulha como sua casa, comida mateira, pioneirías, jogos que duravam o dia inteiro. Ficou sabendo do Fogo de Conselho. Sonhava com ele dia e noite.

                     Pediu ao monitor para fazer o Pórtico da Patrulha. O Monitor educado disse que sim. Seu Chefe tinha dito que deveria dar liberdade só assim eles aprenderiam a fazer fazendo. Foi à biblioteca, pesquisou na internet, desenhou, aprendeu com dois pedaços de eucaliptos a amarra Quadrada, a Diagonal, a paralela e a Tripé. Juntou vários gravetos e aprendeu dois tipos de costura de arremate. Um Escoteiro antigo de outra patrulha lhe disse para levar uma luva. Ela seria primordial para acochar e dar o nó final se não os calos iriam aparecer. “Melhor duas, pois irá usar a pá, e se a patrulha tivesse uma picareta dobrável precisaria de mesmo de duas luvas”. Custava caro, mas ele comprou. Iria usar também um Sacho duas pontas, mas achou que só tinham uma cavadeira articulada. Tudo bem, melhor que nada.


                     Planos a pleno vapor. Desenhou. Procurou seu tio engenheiro. Fizeram juntos vários croquis de como seria. No dia do acampamento seu pai lhe disse que a família ia para a Fazenda do seu Avó em Xapuri. Ele lembrou quando lá esteve na ultima vez. Das viagens de barco no Rio Acre, dos grandes felinos que via na foz do rio Grande, das onças, dos lobos, da Águia que morava na Serra do Roncador. Não se esqueceu da lua cheia que parecia cair no terreiro da casa sede da fazenda. Lembrou-se dos Búfalos que seu Avô criava. Lembrou-se do Apaiari e do Cachara que pescou com Seu Leonel o Administrador da fazenda. Lembrou-se do Cavalo Andarilho seu amigo por todo o tempo que esteve lá. Da busca da Jiboia uma cobra gigante que ele viu na Margem do Rio Acurauá e pensou. O que fazer? Aonde ir? No Acampamento ou voltar na Fazenda do meu Avô? Ah! Juvenal. Difícil escolher. Eu mesmo não saberia aconselhar. Alguém pode ajudar o Juvenal? 

sábado, 19 de março de 2016

Hoje tem reunião!


Opa! Hoje é sábado, tem alegria de montão.
Corre lobo, corre Escoteiro hoje tem reunião.
Diz o lobo no almoço, mãe não quero geleia.
Não vou chegar atrasado tem reunião da Alcatéia.

Escoteiro não anda voa, mesmo na terra da garoa.
Vamos menina bonita, vista seu uniforme tire o vestido de chita.
E quando chegar grite para todo mundo, vim aqui escoteirar.
Saiba que não é um blefe, dê um abraço no seu Chefe.

E ao chegar à bandeira, mostre toda sua emoção.
Patrulha alerta, fique firme vamos cantar a canção.
Lobos lá de Seeonee parem de se coçar, a reunião vai começar!

Bom demais ser Escoteiro, diga isto ao mundo inteiro.

quarta-feira, 16 de março de 2016

As estrelas moram no céu.


As primeiras badaladas da meia noite estão chegando. Hora de dormir!
As estrelas moram no céu.

Já escrevi aqui, mas sou um Escoteiro apaixonado por estrelas. Sempre foi assim. Eu gostava de contar estrelas, uma, duas, três... E quando perdia a conta voltava de novo a contar e sempre a perder de vista a multidão de estrelas lá no céu. Aprendi nos lobos há tempos e tempos atrás. Estrelas no céu sempre me fizeram sonhar, como sonhei em andar no meio delas como na melodia Chão de Estrelas. – “Mas a lua, furando o nosso zinco, salpicava de estrelas nosso chão, tu pisavas os astros distraída, sem saber que a ventura desta vida é a cabrocha, o luar e o violão”! Fui crescendo contando estrelas, me via velejando num barco a vela no meio delas, perdido e embriagado com tanto encanto. Quantas estrelas eu contei? Milhões? Bilhões? Números infinitos sem nunca terminar. Eu me perdia no meio delas quem sabe tentando tocar e sentir a caricia do seu frescor? Do seu calor? Do seu brilho? Eu gostava de contar estrelas... Ainda Escoteiro me animava a deitar na relva e ver aquele espetáculo que só Deus pode explicar.

Eu sempre gostei de contar estrelas, aquelas que moram lá no céu. Contei estrelas em lugares incríveis, montanhas impossíveis, picos indecifráveis. Sempre descansando a cabeça na grama, em uma pedra, ou a velha mochila companheira de aventuras. Tentei e não consegui contar estrelas em Caparaó. Sempre premiado com belicosas nuvens brancas a perder de vista. As estrelas quem sabe envergonhadas se escondiam por trás dos astros distraídas, e eu relutante ali a olhar para o céu. As brumas da nuvem branca, opaca não me deixando ver. Eu gosto de contar estrelas... Uma, duas, três, quatro... Foram tantas! Em Itatiaia um espetáculo inesquecível. Nas Montanhas do Morcego elas perdiam de vista. Nas planícies de Crenaque eu me esquecia de dormir. No lago do Enforcado era um imaginável chão de estrelas a salpicar nas asas cinzentas o colorido de um brilho de uma noite sem luar. Deus criou tudo em sete dias? Tantas estrelas no céu e eu nunca consegui saber quantas são? Perfeição do criador. Criou tantas coisas lindas, criou o nascer do sol, o por do sol se escondendo no mar imenso. O vento! Sim o vento amigo que nos acaricia o rosto no sol escaldante. Será que ele acaricia as estrelas?

Eu gosto de contar estrelas... Uma, duas, três, quatro... São tantas! Nenhum sonho é maior do que deixar o corpo solto e deitar em volta do fogo, noite alta, inclinado de olhos abertos em volta meus amigos, brasas adormecendo, fagulhas serenas pensando em subir aos céus... Quem sabe para contar estrelas. As belezas do mundo são nossas e o Escoteiro pode sonhar com elas, abraçar com elas, e... Contar estrelas! Privilégios que Deus no deu. Sentir a brisa caindo, molhando as folhas verdes a espera do sol, vendo a lua que se foi. A lua é linda, mas é uma só. As estrelas? São tantas perdidas no céu. Têm as pequenas, as grandes e não esqueço quando me deitei após um gostoso fogo de conselho lá para os lados da Pedra da Mina e dormi. Acordei antes de a madrugada nascer. Uma enorme estrela estava lá. Disseram-me que era a estrela D’alva, a rainha das estrelas que reinava cercada de milhões de outras como a reverenciar aquela rainha de todas elas. Foi um dos mais belos espetáculos de estrelas que um dia consegui ver. Parecia que as estrelas dançavam, em um lindo balé em volta dela. Sem perceber milhões de violinos começaram a tocar o Lago dos Cisnes e se Tchaikovsky ali estivesse eu tenho certeza que estaria de calça curta ao meu lado maravilhado em ver milhões de estrelas cintilantes nesta grandiosa abóboda celeste, um firmamento impossível de se tocar e... Contar...

Eu gosto de contar estrelas. A vida não para. Fui crescendo mais, homem me tornei e a idade não mais me deixou contar estrelas. Hoje as procuro no céu claro da minha morada e não as vejo. É, moderno isto. Não se pode mais contar estrelas, mas eu não desisto. Vou continuar insistindo e um dia quero de novo deitar na relva, próximo a um fogo adormecido onde as fagulhas relutam em subir aos céus, quem sabe para não atrapalhar a maravilha do firmamento e eu então começarei do zero, de novo a contar estrelas... Uma, duas, três quatro...

Vou dormir pensando nelas. Pensando quantos como eu um dia tiveram a felicidade de contar estrelas. Seria o mundo mudado? Ninguém mais se importava com elas? Os meninos e as meninas não contam mais estrelas? Ah! Como eu gostaria de ser eles, poder deitar na relva a noite e olhar para o céu estrelado, sentindo o zunzum do passar dos cometas que não pedem passagem e se vão a sumir no espaço infinito. Olho para o teto do meu lar onde durmo, abre-se uma fenda e vejo o céu. Não sei se estou dormindo ou se estou contando as estrelas... Uma, duas, três, quatro... Eu gosto mesmo de contar estrelas... Osvaldo... Um Escoteiro amante das estrelas.

Boa noite. 

segunda-feira, 14 de março de 2016

O acampamento vai chegando ao fim.


Conversa ao pé do fogo.
O acampamento vai chegando ao fim.

                         O acampamento vai chegando ao fim. As noites sob o céu de estrelas deixarão de existir. O momento final é glorioso. Todos estão a lembrar da luta dos dias de construção. A manhã do último dia chega sem ninguém perceber que o que vale na vida é o ponto de partida e não a chegada. Cada um olha sua construção, sua mesa, seu fogão, sua barraca e os olhos lacrimosos sabiam que no final tudo ia ao chão. Nada ficaria a não ser o espirito criado, a amizade sem adornos os fraternos abraços e as boas ações. Agora só o sol era testemunha do fim da jornada. Quando ele se por no horizonte, todos sem exceção voltaram ao ponto de reunião. O Chefe geral falou alto a Tropa formada: - No fim tudo da certo, e se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim. Acredito, o acampamento é assim, um céu que pouco anoitece e a patrulha se despedindo pensando no seu retorno e a árvore do campo dizendo chorosa: - Adeus! Nada ficou sem desfazer.

                       Melhor chorar na bandeira quando ela farfalhar no vento fazendo-a descer devagar. Pensamentos tão sós dizendo que um dia tudo de novo vai recomeçar.  No futuro virão outros acampamentos, se agora é o fim o recomeço está próximo. É como se fosse uma trilha que a gente vai descobrindo sem perceber onde a trilha começa e a barraca armar. Não se faz pacto com o tempo. Não existem tarefas impossíveis de realizar. Todos aguardam o novo acampamento que vai chegar. Agora é contar as horas como se fossem eternidade de momento. Sempre Alerta Campo! É hora de partir! Não fique tristonho, sorria, pois em breve irei voltar! 

Escoteiros alerta! Bom campo... Debandar!

quarta-feira, 9 de março de 2016

“Joel”.


“Joel”.

                 Era sábado. Ele gostava de ficar na janela vendo Silvio em sua varanda sorrindo. Um belo sorriso por sinal. Pensava no sonho que tivera, ele também um dia poderia ter sido Escoteiro, mas foi só um sonho. Nunca foi. Nos seus sonhos sempre passeava em uma vale florido, com perfumes de jasmim, um céu azul e nuvens escritas: - Seja sempre feliz! Era bom demais ficar ali onde uma paz silenciosa lhe dava uma gostosa proteção de vida. Sentava na relva, sentia a brisa fresca que soprava em seu rosto, via ao longe um Arco Iris lindo e pensou se lá no seu final tinha um pote de ouro.  Silvio era seu vizinho, novo, casado com um filho de sete anos. Não sabia se era inveja ou culpa por sentir a felicidade dos outros também o fazer feliz. Sua semana não tinha sido boa, muitos problemas. Ele já tinha conversado com Silvio, sua alegria, seu modo de vida e o amor aos escoteiros. Maior ainda por saber que Maria e seu filho José também eram como ele.

                   Na janela ele imaginava Silvio e a família se preparando para partir rumo a sua felicidade. A sede escoteira não era longe. Silvio afirmou que se ele era feliz fazia questão que os outros também o fossem. Toda vez que saiam na porta de sua casa se abraçavam e oravam. Era um pai e esposo amoroso. Dizia sempre para todos ouvirem: - Amo vocês, sem vocês não sou nada. Ele ouvia sempre Silvio e família cantar o Rataplã. Aprendeu também. Uma e vinte saíram cantando e uniformizados. Sempre iam a pé e os vizinhos chegavam à janela para cumprimentar. Admirava seu porte, seus uniformes, seu orgulho em se mostrar como escoteiros. Joel sentiu uma pequena lágrima correr em sua face. Porque ele não tinha conseguido ser assim?  Um dia acompanhou Silvio de longe com extrema dificuldade. Viu-o chegar abraçar e cumprimentar a todos. Do menor ao maior. Ouviu-o dizer baixinho a cada um: - – Obrigado por ser meu amigo, você é muito importante para mim e para o Grupo Escoteiro.


                    Chorou quando eles viraram a esquina. Chorou quando entrou e foi para o seu quarto. Resolveu seguir a rotina. Vestiu seu uniforme agora apertado que nunca usou como Escoteiro. Colocou seu lenço, seu chapéu. Olhou no espelho e viu que estava bem uniformizado. Sentou em sua cama, deixou sua mente passear de novo pelo seu sonho do vale florido. Tirou o uniforme, sabia que em poucos minutos Anastácia a enfermeira ia chegar. Em sua cadeira de rodas foi para a sala. Ela entrou cumprimentou. Ah! Deus. Eu sei que mereço fui eu que escolhi, mas me perdoe, tenho uma vontade enorme de poder seguir com o Silvio e não posso. A enfermeira não sorriu. Ela nunca sorria. Duas injeções e varias massagens em seu coração para aliviar a dor. Sabia do seu fim, o doutor não escondeu. Sorria, pois aprendeu a sorrir pensando que lá em cima bem além das estrelas alguém esperava por ele. Quem sabe lá ele poderia ser um Escoteiro?

sábado, 5 de março de 2016

Ai vai o meu Velho bordão, afinal hoje é sábado, Hoje tem reunião, alegria de montão!


Ai vai o meu Velho bordão, afinal hoje é sábado,
Hoje tem reunião, alegria de montão!

E “entonse” no meu bom português, sem dizer que era um ato burguês,
Cantei alto e em bom som, sem copiar o francês eu disse:

Quem são eles?
Ei você, por favor, me diga, quem são eles?
Estes sorrisos e cantorias são mesmo deles?
Aonde vão com essa tralha no costado,
Partem em bandos nem parecem assustados
Dizem que vão para os campos e montes,
Cheios de esperanças a beber água na fonte.

Sei que são meninos cheios de esperanças
A correr com bandeiras nas andanças,
Param no regato de águas límpidas e formosas,
Contam casos contam prosas.
No lusco fusco do sol da tarde
Armam barracas sem fazer alarde.

Usam mochilas, distintivos e chapéu.
Usam lenço amarrados ao arganéu.
Na ravina adoram o perfume das flores
Orgulham da promessa e dos seus valores.
São patriotas, arvoram bandeiras.
Carregam uma moeda no bolso da algibeira.

Ei você jovem, me diga quem são?
Vejo vocês sempre fazendo boa ação,
Moço, sou menino, sou faceiro,
Olhe bem, sou Escoteiro,
Amo a Deus, amo meus amigos,
Amo a pátria e da lei os seus artigos.

Pensei que eram simples meninos
Enganei-me, eram divinos.
Batutas a energia que consomem
Sem duvida em breve serão homens.
Nunca seriam esquecidos forasteiros
Pois ali estavam verdadeiros Escoteiros.

Se um dia perguntarem aonde vão
Diga com calma com amor no coração.
Eles? Meu amigo são alegres faceiros
São meninos, eles são Escoteiros.
Vivem de sonhos correndo neste céu cor de anil,
São sinceros, são amigos, Escoteiros do Brasil!  


Boa caçada e Sempre Alerta!

quarta-feira, 2 de março de 2016

Mozart Um acampamento longe demais.


Mozart
Um acampamento longe demais.

                                O mundo caiu aos seus pés. Um sonho de meses sumindo e ele sem saber o que fazer. Um acampamento esperado, programado, preparado nos seus mínimos detalhes. Dormia pensando e acordava com o que seria o seu acampamento dos sonhos. – Dona Olga deu seu veredito. Destruiu tudo, pisou em seu coração sem nenhuma piedade. – Faremos a recuperação quarta feira pela manhã. Quem falta já sabe, vai repetir o ano! – Deus meu! Porque não estudei? Porque achei que os escoteiros me dariam saber e eu tiraria notas boas? Mas ele sabia que os escoteiros não tinham culpa. A culpa era dele. Seu pai sabia, disse que se ele repetisse seria castigado. Nada de escoteiro, nada de internet, nada de nada. Não tinha saída, a patrulha se preparou para sair na quarta às seis da manhã. Jornada longa, onze quilômetros. Desmarcar? Ele sabia que Tomé o monitor não iria aceitar.

                               - Diremos ao seu pai que iremos a tarde, mas não será verdade. Você Mozart pode seguir e nos achar facilmente nas planícies do Vale da Lontra. Não é difícil, faremos um mapa, um croqui e se sair às duas as seis vai chegar! – Mozart pensou. Uma mentira? Nunca mentiu, mas a vontade de estar com eles era tanta que aceitou. O pior, era novato, não entendia de mapas, croquis bussola nada. Partiu a tarde como se acreditasse que o vento seria sua bussola. Pegou a estrada do Vale conforme tinham explicado. Uma estradinha de terra onde nem carro passava. Cinco quilômetros e ela terminou. - E agora? A explicação é que seu final seria em uma porteira e uma bifurcação apareceria. Nela devia entrar. Mas cadê a porteira? – Mozart estava com medo. Muito medo. A estrada acabou agora só uma trilha. Mais uma hora e o sol iria se por. Não sabia o que fazer a não ser seguir em frente. A trilha foi diminuindo ate que chegou a uma floresta escura. Mozart parou sem saber aonde ir.


                                  Nos seus onze anos começou a chorar. Menino medroso, sem experiência não sabia o que fazer. A noite foi chegando e ele tremendo de medo. Acendeu um foguinho com o isqueiro que pegou de seu pai. Nem o calor nem a chama lhe deram ânimo para tomar uma decisão. A Floresta falava, ouvia gritos distantes, rosnados e sons que ele não tinha nenhuma condição de explicar. O medo era tanto que dormiu abraçado a sua mochila. Um barulho, sorrisos, alguém gritou: - Vamos lá Mozart, é hora de partir. Acordou com o sol da manhã e viu a patrulha rindo a sua volta, o fogo apagado, uma noite mal dormida, mas salvo pelo gongo. Foi um belo acampamento. Cinco dias inesquecíveis. Tomé contou na conversa ao pé do fogo que alguma coisa tinha acontecido. Voltaram pela manhã e o acharam na “boca” da Mata. Mozart quando chegou em casa contou para seu pai. Prometeu nunca mais mentir. Seu pai nada disse só escreveu em um pedaço de papel: - A lição muitas vezes vem tarde demais. Aprender a fazer fazendo é uma arte, mas não abuse da sorte! 

terça-feira, 1 de março de 2016

O fantástico mundo da fantasia do Facebook.


O fantástico mundo da fantasia do Facebook.

            Seria nosso mundo de fantasia? Pode ser, mas vivemos nele sem reclamar. Por sinal quase todos que ali estão gostam do que leem ou fazem. São escolhas diversas. Têm os saudosos, os tristes, os revoltados, os conformados. Uns comentam politicas, outros seus amores e outros seus dissabores. Todos tem uma maneira de pensar de agir de fazer de prometer de dar adeus e pensar que se vai e nunca mais vai voltar. Parece um mundo de sonhos, sonhos loucos, sonhos pensados e sonhos amados. Quase ninguém conhece ninguém. O som da sua voz, o seu andar, o seu sorriso, suas escolhas seus amigos reais. É mesmo um mundo de fantasia. Um mundo louco onde a maioria são amigos, amigos desconhecidos vistos por uma janela de uma foto, de uma palavra de um sorriso que pode ter sido feito para isto e nada mais.

            Assim é o Facebook. Alguns reclamam, outros proclamam seus amores suas dores. A maioria gosta de viver nesta magia, nesta fantasia de acreditar no impossível nos amigos de hoje de ontem e os novos que irão surgir. Vi uma amiga virtual que acreditava em anjos e, porque tanto acreditar eles passaram a existir. Tem aqueles que amam poemas, feitos de sobremesa para deglutir nas horas saudosas de lembranças boas ou tristes que ficaram para trás. Tem outros como eu que adoram contar histórias. E quando o ocaso de um dia que parece ir com o vento da saudade, eis que os dois se encontram em uma esquina qualquer. Sorriem um para o outro. È você? Parecem não acreditar. Fizeram de suas fantasias uma pessoa diferente e eis que de repente ele ou ela está ali na sua frente. Sorrindo diferente do que você pensou. Ah! Realidade mas tão cruel que maldade. Seria bem melhor ter ficado na saudade, na ilusão. Um poeta disse que existem duas formas para viver sua vida seus sonhos. Uma é acreditar que não existem milagres. A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.

           E assim a gente vai vivendo, amando o que faz, sonhando com o outro que está perto ou longe. Buda deu um conselho, bom ou mau ele não mediu suas palavras quando disse: - Não acredite em algo simplesmente porque ouviu ou leu ou sentiu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque está escrito em seus livros. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e beneficio de todos, aceite-o e viva-o. Facebook, sonhos? Realidade? Fantasia? É não tem jeito de o deixar. Cada um tem seus motivos, cada um vai pisando no ar a procura do real que não é mais que imaginário.

            E você meu amigo e minha amiga, saiba que não te esqueço, não te deixo e nunca vou te abandonar. Podem pensar que sou louco, mas só eu? E os milhões que aqui habitam que dizem o que querem dizer. Que contam o que querem contar. Se um dia o Facebook acabar, o que será de nós? Onde iremos parar? Eu sei que nada é eterno, que um dia vai mudar, mas quando este dia chegar eu quero dizer a você, que mesmo não te vendo, não ouvindo sua voz, guardei um cantinho de mim no meu coração e lá é onde você vai morar.


Facebook ame-o ou deixe-o.