No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras

No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras
A aventura está apenas começando

quinta-feira, 19 de julho de 2012

O simpático ratinho de Madame Rosinha.



O simpático ratinho de Madame Rosinha.

           Lindolfo levou o maior susto. Ao ir para a reunião Escoteira naquela tarde de sábado, viu Madame Rosinha descer a escada de sua casa gritando e chorando alto. Ela dizia: “Um rato”. Um enorme rato. Acudam-me! Socorro! Lindolfo era lobinho da segunda alcatéia do Grupo Escoteiro Pico da Neblina. Já tinha feito sua boa ação, mas resolveu fazer mais uma. Porque não? Partiu célere escada acima a procura do famigerado rato de Madame Rosinha. Em todos os cômodos ele procurou e não achou. Quando ia sair viu um ratinho, com cara chorosa, em cima do armário da cozinha. Estava com a vassoura na mão e pensou em dar uma vassourada nele ou uma caricia. Achou que ele precisava mais de uma carícia.
           Ao sair disse para Madame Rosinha que não se preocupasse. Ele logo que a reunião terminasse viria com sua matilha verde e pegariam esse famigerado rato. Ela ficasse calma. Os valentes lobinhos não tinham medo de nada! Na reunião comentou com a matilha sobre o ratinho. Explicou que era um “coitado” e precisava e ajuda e não ser morto. Liz não concordou. Ela morria de medo de ratos. Dayane ficou na duvida. Robertinho riu e falou – Vamos matar o danado isto sim. Mas Miltinho e Naninha ficaram do lado de Lindolfo. A Akelá Safira comentou com o Balu Nonato que a matilha verde estava estranha. Ficavam só cochichando e ela não conseguiu saber o que era. O Balu Nonato era muito amigo de Miltinho, mas ele não contou nada. A reunião terminou com todos dando o melhor possível e dizendo para os chefes – Obrigado Chefe pela linda reunião. O senhor sabe que tenho orgulho de nosso Grupo Escoteiro! Era assim no Grupo Escoteiro Pico da Neblina.
           Fora da sede, a mãe de Aninha estava lá esperando. Ela pediu a mãe para ir com a matilha. Iam fazer uma boa ação. Dona Nivea era uma excelente mãe e não se opôs. Mal chegaram à casa de Madame Rosinha e viram o ratinho chorando em cima do armário. Foi Lindolfo que se aproximou pé ante pé e disse no ouvido do ratinho: Calma, vamos leva-lo para outra casinha. Vai ter tudo que tem direito. Miltinho já estava com uma caixinha e colocaram o ratinho dentro dele e foram embora. Tinham comprado queijo e uma vasilha de água estava na caixinha. O ratinho estava com fome. Muita. Comeu tudo! E agora? Onde vamos levá-lo? Todos viram que em suas casas seriam impossível. O medo de rato era comum ou é em todas as famílias. – Já sei! Disse Naninha, vamos voltar à sede e ainda deve estar aberta. Os pioneiros ficam até tarde. Levamos o ratinho para a Gruta da Alcatéia. Escondemos a caixinha atrás da caixa de nossa matilha e nos revezamos durante a semana para vir alimentá-lo! Todos concordaram.
              Assim trataram o Tibinho (nome que deram ao ratinho) por quase dois meses e foi então que o pior aconteceu. A Akelá Safira foi mexer lá e viu o rato. Uma gritaria danada. Saiu correndo e pedindo socorro. Custaram a explicar a ela o que tinha acontecido. Ela deu um ultimato – Depois do acantonamento não quero ver ele aqui. E agora? Na reunião de matilha chegaram a uma conclusão – Vamos leva-lo junto ao acantonamento. Lá quem sabe descobrimos um local onde ele pudesse viver para sempre? E assim foi feito. Na primeira noite do acantonamento aconteceu a maior alegria da matilha. As mães que foram cozinhar saíram gritando e berrando! Um rato! Não era um só eram vários. Agora sim. Descobriram a cidade onde o Tibinho podia morar.  Soltaram-no à tardinha. Tibinho olhou para eles e para seus amigos ratos. Olhou de novo para eles. Uma duvida ficou na sua mente. Ficar com eles ou seus irmãos ratos? Uma ratinha linda se aproximou e se esfregou nele. Pronto. Resolvido. Lá foi Tibinho com seus novos irmãos. A Matilha Verde ficou chorosa. Em todos os olhos lágrimas desciam, mas sabiam que esta seria a melhor maneira e a melhor ação que deveriam tomar.
             Por muitos anos a matilha verde pedia aos pais para passarem um domingo a cada dois meses no local do acantonamento. Os pais não sabiam para que, mas a Matilha Verde sempre se encontrava com Tibinho, até que um dia ele e Tibinha chegaram com vários filhotes. Foi uma festa. Uma alegria para a Matilha Verde. E assim acaba esta história. Uma união de lobos, todos pensando em fazer o bem. Lembra sempre que o Lobinho pensa primeiro nos outros, abre os olhos e os ouvidos, está sempre alegre e diz sempre a verdade.      

sábado, 7 de julho de 2012

A lenda da Escoteirinha e Árvore da Vida.



A lenda da Escoteirinha e Árvore da Vida.

       Conta uma lenda muito antiga, que existia em uma pequenina cidade, uma linda árvore que foi plantada em frente ao coreto da praça, e que ela sempre atendia aos pedidos dos meninos e meninas que ali se dirigiam. Ninguém sabia se era um abacateiro, ameixeira, ou mesmo uma árvore comum. Interessante. Nunca deu flores. Nunca floriu na vida. Talvez esta tenha sido sua maior tristeza. Não atendia aos adultos. Apesar de ser uma velha árvore ela sempre se sentiu como uma jovem e sabia que na mente dos jovens existia a pureza, os sonhos eram mais azuis e a vida era mais bela. Nem sempre os jovens lhe pediam o que ela poderia oferecer. Ficava triste com isto e a sua maneira tentava ajudar.
      Em uma tarde alegre, onde o sol ainda não havia se escondido atrás das montanhas, e quando os pardais procuravam nela seu ninho, fazendo uma algazarra que a divertia, viu pela primeira vez uma menina, pequena, miúda, rostinho simples, e com um lindo uniforme de Escoteira. Interessante que todos os sábados a menina, ou melhor, a Escoteirinha ia ter com ela, e ficava até o escurecer. Não pedia nada, só a olhava e sorria. A Árvore da Vida perguntava sempre a si própria - Será que ela não tem sonhos? Gostaria de saber e ajudar. A Árvore da Vida ficava encantada quando a escoteirinha aparecia. Foi então que viu na mente da escoteirinha que ela se preocupava com a Árvore da Vida. Você não tem flores? Não tem fruto? Á Árvore da Vida se emocionou. Ninguém nunca se preocupou com ela e aquela escoteirinha se preocupava. Foi então que há escoteirinha um dia passou a levar uma sacola de esterco e em uma das mãos uma pequena lata com água, e colocava aos pés da Árvore da Vida. Á Árvore da Vida chorava de alegria. A escoteirinha disse – Árvore, vou lhe chamar de Árvore da Vida. Você vai reviver. Você terá flores e será a única Árvore da Vida no mundo que vai dar todas as espécies de frutos.
        A Árvore da Vida chorava de emoção. – Como? Pensava. Ninguém nunca ninguém se preocupou se ela era uma árvore comum, se era uma árvore que pensava e nunca ninguém falou com ela a não ser para pedir. Ela atendia os sonhos da meninada. Ela sabia que a cidade inteira um dia descansou nas suas sombras e agora uma simples escoteirinha se preocupava com ela? – Mas um dia cinzento triste ela viu a escoteirinha sentar-se e encostar a cabeça em seu tronco e a Árvore da Vida viu que ela chorava. A Árvore da Vida ficou triste. Muito triste. Viu que a Escoteirinha em seus pensamentos chorava, pois não iria a um grande encontro que os escoteiros faziam e que chamavam Jamboree. Seus pais não podiam pagar. O quer fazer? Como ela podia ajudar a escoteirinha? Á Árvore da Vida soprou em sua fronte, uma brisa fresca, perfumada de suas folhas verdes e a escoteirinha dormiu.
          A escoteirinha acordou em um lugar lindo, com arco íris de todas as cores. Azuis, amarelos, verdes, uma relva cheia de flores silvestres e ela viu ao longe um enorme acampamento. Muitas barracas e milhares de escoteiros e escoteiras de todo o mundo. Assustou, pois ao seu lado a Arvore da Vida estava segurando suas mãos e dizia – Vamos minha amiga. Você vai participar do primeiro Jamboree Escoteiro no mundo! Vai conhecer seu fundador. E a Escoteirinha sorria. Um sorriso que poucas escoteiras sabem dar. Eram milhares de jovens, todos segurando sua mão e dizendo “Sempre Alerta” linda Escoteirinha! Era a maior felicidade que ela podia alcançar. Viu alguém batendo em suas costas se voltou e viu que era o fundador do escotismo. Abraçou-a e disse - Minha jovem escoteirinha, acredite, você é quem faz seus sonhos e os transforma em realidade. Nem todos podem ter o que querem, mas devem lutar para ter. Acredito em você. E você deve acreditar na sua promessa!
          Quem passou ali no coreto naquela tarde de um lindo por de sol, assustou-se. Em pouco tempo centenas de habitantes da cidade se aglomeraram, pois deitada encostada no trono de uma árvore simples daquela praça, que ninguém nunca deu valor, uma Escoteirinha sorria, em volta dela lindas borboletas de todas as cores sobrevoavam sobre sua cabeça, pássaros mil faziam seus cantos nos galhos da árvore e a Árvore da Vida? Florida! Linda! Cheia de frutos. Incrível! Nunca viram nada parecido. Uma brisa gostosa soprava trazendo perfumes de flores silvestres, e um papagaio verde e amarelo pousou em seu ombro e cantava – “Ela foi para o Jamboree, ela foi para o Jamboree!”.
          A história chega ao fim.  Ela sonhou.  E que sonho meu Deus! Não foi naquele Jamboree, mas sabia que um dia iria em outro. Seu sonho não ia morrer nunca. Ela iria crescer trabalhar e fazer seu sonho virar realidade. E a Escoteirinha foi para sua casa sorrindo e cantando – “De BP trago o espírito, sempre na mente, sempre na mente e no meu coração estará!” E a Árvore da Vida que existiu em seus sonhos nunca mais a abandonou. As pessoas sempre tem aquilo que desejam. E ela a escoteirinha sabia que um dia teria seu desejo realizado. Sonhe, sonhe muito! Acredite em seus sonhos. Alguém não disse que o futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos?    

quinta-feira, 5 de julho de 2012

A mixórdia me pegou desfilando e que lambança meu Deus!



A mixórdia me pegou desfilando e que lambança meu Deus!

                 Uma mixórdia, ou melhor, uma verdadeira lambança. Ainda bem que nos meus artigos poucos me mandam queimar no fundo dos infernos! Risos. Quem sabe mereço? Mas o que fazer? Uma vez aqui quase houve um bate boca devido a escoteiros desfilarem. Assisti a tudo dando gargalhadas. Voces sabem, eu gosto de rir e já me disseram que o riso é uma homenagem que os idiotas prestam ao gênio. Risos. Não sei se é verdade. Adoro os politicamente corretos. A turma nova aprendeu que não se desfila, me disseram que tá lá no POR. Ainda não vi. Só tenho o antigo e agora vai mudar. Vamos aguardar.  Dizem que devemos andar garbosos, olhando para frente, mas sem marchar. Haja paciência! Um saco isto sim! (desculpe o termo ante Escoteiro)
                 Como marchei na minha vida. Adorava marchar. Tínhamos todos nós escoteiros um porte pseudo militar. Proibido hoje. Esqueceram-se de ver a maioria das fotos de BP e alguns dos seus relatos sobre o tema. Lá está ele sempre fazendo inspeção e os jovens perfilados. E quantas marchas para homenageá-lo. Mas hoje não. Isto já era. Hoje os tempos são outros. Dizem que existem motivos. Bah! Para os motivos. Gostava de marchar. Nossa tropa era perita. Mas olhe só fazíamos isto uma vez por semana à noite. Fim de semana nem pensar. Reuniões e atividades ao ar livre. Aos montões. Bem vamos à mixórdia que me levou a relatar estes fatos. – Eu estava com treze anos. Fazia parte da nossa banda, tocando um tarol fino que hoje quase não vejo mais. Tínhamos orgulho da nossa banda. Dizíamos que era a melhor da cidade. O Munir era o nosso maestro. Magro, parecia mais um palito uniformizado. Claro, os treinos eram de uniforme. Em um campo de várzea perto da sede para não incomodar, mas mesmo assim o campo se enchia dos vizinhos e amigos.
                 Na cidade havia três comemorações por ano que desfilávamos. Dia da cidade, dia da bandeira e o Sete de Setembro. Havia uma disputa entre nós e os dois colégios masculinos e um feminino. O Tiro de Guerra e a policia militar tinham uma banda de musica. Eram, portanto três bandas de jovens que se digladiavam nestes desfiles. Nos dias de desfiles, lá estávamos todos os membros do grupo Escoteiro de luvas cinza, de luvas brancas só a turma do cerimonial. Também usávamos as mochilas e uma vez sim outra não montávamos um campo de Patrulha na carroceria de um caminhão. Era uma festa. Claro, na sede o Chefe fazia uma inspeção que não perdoava ninguém. Orelhas, mãos, unhas, sapatos engraxados, meias com listras retas, quatro dedos de dobra do meião, chapéu com abas retas, lobos idem com seus bonés.
                Todos aguardavam até formarem-se e partir para o ponto de encontro. Que orgulho! A cidade em peso lá. Todos batiam palmas para nós. Quando chegávamos ao destino gostávamos de ver os “inimigos e suas bandas” o pior é que muitos dos inimigos tinham escoteiros em seus colégios. Risos. Mas o Berica, o Berica não era mole. Todo ano querendo ganhar da gente com a banda deles. A gente tinha até uma cantiga que dizia – “Arreda grupo que o ginásio vem, que catinga de macaco que o Berica tem!”. Mas a lambança foi outra. A mixórdia também. Apareceu ninguém sabe de onde, uma banda marcial. Depois soubemos que era de Colatina e foi convidada pelo prefeito. Que banda! Enorme. Correu o boato que eram treinados pela banda dos Fuzileiros Navais. Muito famosa na época. E agora José?
                Agora era enfrentar. Mas o Munir não sabia perder. Bem fardado, um esqueleto humano, com sua varinha mágica, nos levou no centro da banda marcial. Ela linda, 20 bombos, 30 tambores, não sei quantas caixas claras, tarois mil e dezenas de cornetas e clarins. Entramos no meio dela. Uma bagunça. Eles batendo e nós também. Ele meteram as varetas nas nossas cabeças. Revidamos. Uma briga geral. A escoteirada dando soco em tudo que encontrava pela frente. O Chefe João apitando feito um coitado. A policia militar interveio. Conseguiu separar. Chefe João ofegante! Isto é escotismo? Onde aprenderam? A cidade inteira deu risadas por muito tempo. Ainda bem que não tínhamos ainda o tal Conselho de Ética. Se não ao grupo tinha sido fechado e eu não estaria aqui contando esta mixórdia. Esta lambança. Como castigo ficamos sem participar de dois desfiles aquele ano. Aproveitamos e fomos acampar na serra do Caparaó, com lindos picos em sua volta. Um belo de um acampamento. Ufa! Que castigo eim?
                  Enfim, eu marchei muito. Muito mesmo e dei meus tapas também. Não sou santinho, sou Escoteiro sim. Minhas boas ações sempre existiram. Quando Escotista dei exemplo. Mas se marchar é errado que o céu me condene. Ou melhor, que a UEB me condene! Risos. Se pudesse, se algum dia fosse voltar a um grupo eu marcharia de novo. Mas olhem, faríamos belos acampamentos, faríamos lindas atividades aventureiras, nossas reuniões seriam dos monitores e dos jovens e não dos chefes. Continuaria a abraçar a todos. Meninas e meninos e sempre a dizer – Bem vindos! Adoro voces! Aceite meu aperto de mão sincero! E no sete de setembro lá estaria o grupo, com uma boa banda (claro que teríamos) a marchar orgulhosos usando as luvas cinza, brancas, e a turma do pavilhão da bandeira orgulhosa, um carro com um campo de Patrulha montado e lembrando... Arreda grupo, que o ginásio vem, que catinga de macaco, que o Berica tem!