No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras

No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras
A aventura está apenas começando

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Na beira do caminho tinha uma flor, tinha uma flor na beira do caminho.


Hora de dormir, amanhã é outro dia.
Na beira do caminho tinha uma flor, tinha uma flor na beira do caminho.

                             Era um sol do meio dia. Quente, fervendo o sangue do Escoteiro caminhante. Mal dava para olhar a frente de tão quente... O chapéu de abas largas tentava segurar os raios solares. A camisa ensopada. Ele pensou em tirar o lenço e a camisa. Ficar com a camiseta que estava por baixo. Mas esqueceu desta vontade. Aprendeu a andar uniformizado onde fosse. Não importa se tinha alguém a vê-lo ou não. Há horas esperava encontrar uma arvore frondosa, a beira do caminho. Nada. A estrada era de terra e quase não cabiam dois veículos passando um pelo outro. Ele sabia que ainda tinha chão para percorrer. Não fora com sua patrulha pela manhã. Prova de matemática. Um mais dois cinco mais oito e ele aprendeu a tabuada assim nas jornadas da vida. Agora não. Não calculava a soma divisão ou a multiplicação. Precisava parar para descansar, mas e a árvore frondosa que não aparecia?

                            Tirou seu cantil e bebeu dois goles. Não mais. Ele não sabia quanto tempo de caminhada ainda tinha para encontrar um riacho. Ali era impossível. Tudo estava seco, nem o verde do campo se via. O chão do caminho era terra pura e vermelha. Se chovesse valha-me Deus o barro que formaria. Um, dois, quatro seis quilômetros de pé no chão. Sua mochila pesava. Ele estava acostumado. Bastava encontrar uma árvore frondosa, apenas um cochilo e ele andaria outros seis se necessário. E os pássaros? Ele não via nenhum. Naquele sol escaldante nem pássaro se arriscaria a voar pelos céus. Ele passou por ela. Na beira do caminho. Nem reparou. O sol não deixava. O chapéu quebrando a testa para esconder o calor e a claridade escondia as belezas que não existiam na beira do caminho.

                           Andou alguns passos e parou. Sua mente tinha gravado a flor na beira do caminho. Pensou o que seria e a mente o obrigou a lembrar. Voltou-se calmamente e a viu... Linda, vermelha, quase do tamanho de uma rosa. Mas não era uma rosa. Somente ela com sua planta a segurar como se fosse cair com o peso. Não havia vento, ela não se mexia. Mas era linda. A mais linda flor que ele tinha visto. Deu meia volta até a flor na beira do caminho. Quem pensaria que na beira do caminho tinha uma flor? Verdade, mas na beira do caminho tinha uma flor. Ficou de frente a ela. Viu que ela sorria e não se importava com os raios de sol que não penetravam nas suas pétalas. Tirou sua mochila e se agachou em frente a ela. Um perfume suave percorreu suas narinas. Gostoso, delicioso. Agradável de cheirar. Era um balsamo para manter o corpo firme. Aquela sublime fragrância jogava todo seu perfume no Escoteiro que caminhava no sol do caminho.

                       Ficou ali estático por minutos que se transformaram em horas. Ela a flor na beira do caminho o hipnotizava. Ele precisar seguir precisava chegar ao acampamento antes do anoitecer. Seus amigos da patrulha o esperavam. Então o sol se escondeu. Uma nuvem branca com pássaros esvoaçantes chegaram. Um vento sul começou a soprar. A flor balançou na sua planta, mas não caiu. O Escoteiro procurou um galho e o fincou junto à flor. Do seu cantil molhou a linda flor da beira do caminho. Precisava seguir adiante. O tempo não espera, e ele olhou a flor pela ultima vez. Grande, Vermelha, quase do tamanho de uma rosa. O Escoteiro partiu olhando para trás. Uma enorme tristeza o invadiu. A flor da beira do caminho balançou de um lado a outro. Como se estivesse agradecendo o que o Escoteiro fez por ela.

                         Era só uma flor, uma flor vermelha linda a beira do caminho. E ele viu que na beira do caminho tinha uma flor, tinha uma flor na beira do caminho, tinha uma flor, no meio do caminho tinha uma flor...
(Baseado no poema de Drummond – No meio do caminho tinha uma pedra.).


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Uma noite linda e sonhos maravilhosos. Durmam com Deus. 

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Eu sou sentimental... Demais! - boa noite


Hora de dormir, de sonhar, de voltar nas terras onde nasci.
Eu sou sentimental... Demais!

                   Hoje me senti emocionado. Pelas lembranças. Danadas de lembranças! Elas não me deixam em paz. Tentei rir, cantar, pensar que houve depois de tudo muitas coisas que não dá para comparar. Mas eu sei que sou uma explosão de sentimentos. Como disse o poeta sou uma bomba sentimental e sem desarme. Tento ser como muitos com fisionomia de gelo que parecem não ter sentimentos, duros, com um sorriso de aço que você não sabe aonde ele quer chegar. Eu queria ser como eles, mas não consigo, eu choro, minhas lágrimas caem com vontade quando me sinto extremamente sentimental. Já me disseram que o miserável receio de ser sentimental é o mais vil de todos os receios modernos. Disseram-me uma vez que Velho não chora, Velho sempre sorri, Velho é diferente, sempre tem noções de amor a dar e não mostram seus sentimentos. Acho que sou um Velho temporal, que fazia muito tempo que não me sentia tão sentimental.

                     Quando olho para minhas mãos e lembro-me dela no outrora do limiar de minha vida, quando me lembro do vento correndo espaços pelos montes, pelos horizontes e vendo a minha frente o sol inclemente potente, dizendo para eu prosseguir na jornada que escolhi fazer. Hoje minhas forças não são as mesmas, de um sopro armava uma barraca, de um canto surgia um fogão, uma mesa, tantas coisas que machuca só em lembrar. E os amigos da patrulha? Cada um ocupando seu espaço dentro do meu coração. Eu lembro, eu era afetuoso, afável, carinhoso e cordial. Afinal minha lei não me ensinou a ser assim? Hoje é patético minha fisionomia, meus ombros nem obedecem mais. Tem hora que tremo, minhas pernas ficam bambas, dá vontade de colocar uma mochila e sair por aí a cantar o Rataplã e eu sei que não vai dar. Da vontade de dizer a esta tristeza que bateu em minha porta, abrir um belo sorriso e dizer: - Desculpa senhora Tristeza, mas hoje a senhora Felicidade chegou primeiro!

                  Afinal sou um Velho sentimental e humano, humano como todos que me rodeiam, talvez um pouco mais, ainda sou um idealista, um lírico sonhador que ainda pensa que pode fazer mil bandeirolas no ar. Nunca tive e nem tenho medo do ridículo, nunca me considerei assim. Ingênuo talvez, piegas quem sabe. Dramático? Pode ser. Mas sou mesmo impressionável, me derreto todo com uma linda historia de amor. Ainda sou antiquado, gosto de abrir portas, dar lugar aos que merecem mais do que eu. Gosto de tirar o chapéu fazer uma reverencia e dizer: Boa tarde Senhora, desculpe minha demora, custei para chegar aqui. Fico todo abestalhado, apatetado, quando alguém me dá um beijo, beijo simples, na face adormecida, nossa! Sou assim? Água com açúcar melado, um paspalhão babadinho, sem a mínima noção do ridículo?

                     Que tempos que não esqueço. Quantas vezes no meu cavalo de aço eu saia a correr por aí. Com amigos aparvalhados, procurando por todo lado um lugar para acampar. Com meu Chapelão Escoteiro nunca esqueci meus frágeis conhecimentos, bom de nós, bamba em seguir as estrelas. Sabia amar a natureza e nem lembro mais quantas vezes chorei ao ver o nascer do sol em uma montanha qualquer. Nunca fui um bom cantor e nem um bom monitor. Tive minha Primeira Classe, lutei me escovei para conseguir. Minha prova de jornada foi demais. Ah! Tempos de lobo, de Escoteiro de Sênior, de Pioneiro. Chefe nem tanto, não tem aquele gostinho de viver sob a mesma bandeira ao crepúsculo e ao amanhecer. 

                      È difícil recordar o passado e não soluçar de saudades. Mas isto interessa a quem? Quem quer saber minhas lamúrias, meus infortúnios de uma vida que eu mesmo escolhi? Lastimar eu sei que não vale, pois só a saudade dói demais quando bate firme na mente do Chefe, do Velho Escoteiro que hoje nem é sombra do seu passado que um dia existiu. Ainda estou emocionado. A corrente do ontem bate forte com o hoje. É espantoso que ainda consiga lembrar. Graças a Deus pelo menos uma alegria de ter uma mente sadia. Lembranças? Memórias que não se apagam, rascunho de uma saudação mal feita? Imaginação inspirada de algum que não existe mais? Acho que sim. Ainda tenho lembranças. Carinho de um passado, espírito Escoteiro na mente e no coração. Dias assim sentimentais existem, ninguém pode fugir, uns choram outros riem e outros dizem que isto é coisa dos fracos.


Boa noite amigos e amigas. Desculpe o registro não anotado de um passado sempre lembrado. Desculpem meu choro minhas lágrimas. Mas mesmo sendo um Velho Escoteiro eu sou sentimental demais!

sábado, 13 de junho de 2015

A origem de Donald e seus sobrinhos Escoteiros.


Conversa ao pé do fogo.
A origem de Donald e seus sobrinhos Escoteiros.

Huguinho, Zezinho e Luisinho.

                        Certo dia, Donald ao chegar a casa encontrou três simpáticos patinhos que traziam uma carta. Na carta, a prima Anita pedia que Donald lhe cuidasse dos "três anjinhos" por algum tempo. Logo de cara, os "três anjinhos" deram-lhe de presente, uma caixa de bombons recheados de pimenta, fizeram mil gracinhas que quase deixaram o Donald maluco. Era o tipo de enredo das colunas publicadas em 1937 nos Estados Unidos, quando os sobrinhos de Donald apareceram pela primeira vez. Eles eram o resultado do trabalho de Alfred Taliaferro, um dos desenhadores da Walt Disney. Este sentiu a necessidade de ampliar o mundo de Donald, que tinha vivido até então na esfera familiar de Mickey.

                       Donald, que era um dos alvos preferidos das brincadeiras dos traquinas sobrinhos de Mickey, acabou por ganhar os seus próprios sobrinhos: três de uma vez só! Nos primeiros tempos, os três patinhos eram terríveis: adoravam atormentar toda a gente, especialmente o tio, e, além disso, detestavam tomar banho e ir à escola! Com o tempo, porém, eles foram criando juízo e, de meninos traquinas, transformaram-se em espertinhos patinhos. Escoteiros-Mirins.

                        Desde as primeiras histórias de Donald, os três sobrinhos já acompanhavam o tio em muitas aventuras. No 1º número da revista O Pato Donald (1950), publicada pela Editora Abril, os três patinhos apareciam com Donald e Tio Patinhas na história "Donald e o Segredo do Castelo". Mas nessa época chamavam-se Nico, Tico e Chico. Só mais tarde receberiam os nomes que têm hoje. De vez em quando Huguinho, Zezinho e Luisinho vestem a roupa de Escoteiros-Mirins, partem para ajudar aos outros e proteger a natureza e os animais.

                       Como Escoteiro-Mirins, consultavam sempre o fabuloso livro que os tirava de quase todas as dificuldades "Manual do Escoteiro-Mirim", o qual apareceu pela primeira vez em Março de 1954. Esse Manual ficou tão famoso que foi necessário publicá-lo "de verdade" com aquela riqueza de informações. O primeiro fez tanto sucesso foi logo seguido de um segundo do volume.


                      Os três sobrinhos tornaram-se Escoteiro-Mirins em Fevereiro de 1951, na revista Walt Disney's Comics Stories (n.125), como criação de Carl Barks. Os 3 escoteiros tentavam, nesta história, conquistar o posto de Brigadeiro General nos "Junior Woodchucks" (nome inglês original para os Escoteiros-Mirins). Na edição de Setembro de 1951 (n.132) já tinham conquistado o posto de Generais de dez-estrelas.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Lendas escoteiras. Era uma vez... Um menino que não sabia sorrir.


Lendas escoteiras.
Era uma vez... Um menino que não sabia sorrir.

                                 Era uma vez... Um menino que sonhava. Sonhava com o sol com a lua, sonhava com o verde da mata, das águas dos córregos e que corriam serenas para o mar. Não era um menino rico, não era não. Era um menino simples, pobre, mas que tinha a felicidade em seu coração. Ele sabia que não existia dinheiro no mundo que pudesse substituir a alegria que tomava conta de toda sua vida. Na escola um exemplo, de olho na professora, aprender era tudo para ele. Nunca foi inteligente, mas era um esforçado. Tinha um sonho, ter uma bela casa e dar a sua mãe tudo que ela quisesse. Dizia sempre a ela que era feliz e ela devia ser também. Mas não, sua mãe era triste, quase não falava e ficava o dia inteiro lavando roupas nas pedras do Rio Mimoso.

                          Era uma vez... Isto mesmo. Sempre começo assim quando me lembro deste menino. Em sua casa humilde queria sorrir e não podia. Queria mostrar a sua mãe que ali morava a felicidade, mas ela não sentia.  As noites quando ia dormir ouvia soluços no quarto da sua mãe. Enquanto seu coração enchia de felicidade a tristeza estava marcada na mente da sua mãe querida. Por quê? Perguntava. Ela não respondia. Um dia ao chegar da escola a encontrou caída na cozinha. Gritou para os vizinhos ajudarem. Não adiantou mais. Sua mãe estava morta. Disseram que ela tinha uma doença grave a muitos e muitos anos. Pela primeira vez a felicidade que tinha foi substituída por uma tristeza enorme. Nunca chorou e agora chorava. – Porque mamãezinha nunca me contou?

                           Era uma vez... Um menino que cheio de felicidade agora vivia com uma profunda tristeza. Pensou que havia perdido a alegria de viver para sempre. Agora uma mágoa profunda tinha invadido seu humilde coração de menino infeliz. Sua mãe lhe disse foi viver com Jesus lá no céu. – E porque não me levou? Porque me deixou aqui nesta casa onde ninguém me ama? Pobre menino. Viver com outros meninos ele não reclamava. Havia muitos bons, mas havia os maus. Batiam-lhe, faziam coisas para machucar e doer. Pensou em fugir e fugir para onde? Não conhecia ninguém. Dormiu chorando e sonhou com sua mãe no céu. Ela lhe dizia para não desistir. Seria por pouco tempo e eles se encontrariam novamente.

                           Era uma vez... Aconteceu naquela tarde quando cinco meninos mais velhos que ele lhe bateram tanto que ele foi parar no hospital. Ficou lá muitos dias e uma senhora morena, simpática, com um lindo sorriso nos lábios cantou para ele uma canção. A Árvore da Montanha. Amou tudo que ela cantou. Ela vestia um uniforme lindo e disse que era escoteira. Ele não sabia o que era isto e perguntou. Ela lhe contou lindas histórias dos Escoteiros e ele de novo passou a sonhar que poderia ter a felicidade que havia perdido se pudesse ser um menino Escoteiro. Falou com ela e ela parou de sorrir. Não sabia o que dizer. Um mês depois, ao sair do hospital o Monitor da casa onde morava com os outros meninos veio lhe buscar. Carrancudo, olhos felinos fixos no menino triste o pegou pelo braço quase lhe arrastando até a perua da casa de correção.

                           Era uma vez... A tristeza de novo tomou conta do menino triste que um dia teve a felicidade no seu coração. Uma tarde, não uma tarde sombria, mas ele sabia que era véspera de natal, pois as flores tomavam conta das arvores e dos jardins. De olhos fixos na janela ele chorava mesmo assim. Perdeu tudo, perdeu sua alegria, perdeu seu sorriso e seu coração agora era lugar da tristeza e de infelicidade. Pela manhã um Monitor do educandário havia lhe machucado com uma vassourada nas costas. Sabia que não podia reclamar. Se fizesse isto apanhava muito mais. A porta da grande salão abriu e a mulher escoteira apareceu a sua frente. – Meu menino, você vai comigo, consegui adotar você.

                            Era uma vez... Uma patrulha que cantava o rataplã. Não sei se eram os touros, se eram os tigres ou os águias. Mas sei que o menino triste sorria. Ele agora era um patrulheiro, um escoteiro. Pensou na sua mãe no céu e sentiu que ela sorria para ele. Ao atravessar a ponte do amor eterno onde iriam acampar, o menino sentia seu coração bater forte. Sabia que agora era feliz. Sabia que tudo que quis encontrou junto aos amigos de sua patrulha. Sentiu as pernas bambas. Sentiu uma dor enorme no coração. Caiu de leve na grama da trilha que os conduzia ao campo sagrado do acampamento. Viu uma luz azul imensa se aproximando dele. Era sua mãe que vinha buscá-lo.

                             Era uma vez... O menino que encontrou novamente a felicidade e mesmo assim estava triste. Alegre por estar caminhando ao lado de sua mãe entre as nuvens que o levaria para a cidade das estrelas e do amor junto a Jesus. Triste porque teve de deixar sua patrulha que não entendeu o porquê ele havia morrido assim sorrindo na trilha do campo sagrado do acampamento. Nascer, viver, morrer nascer de novo. Ninguém entendia. Os destinos de cada um de nós só a Deus pertence. Os Escoteiros olharam para o céu e o viu dando seu Sempre Alerta sorrindo e sentado em uma nuvem branca cujo vento leve o levava para o alto.


                        Era uma vez... Um menino que não estava mais triste e que tinha a felicidade no coração. Um menino que um dia era triste. Um menino que sofreu nas mãos de outros meninos e adultos, um menino que encontrou uma escoteira mãe que foi um anjo para ele. Um menino que passou a sorrir junto com seus amigos de patrulha, um menino que encontrou novamente a mãe que amava e agora tinha aprendido a sorrir. Ah! Escotismo. Fazer a felicidade dos outros só você sabe como fazer. E assim termina a história do menino triste, que de tudo foi Escoteiro na mente e no coração!

domingo, 7 de junho de 2015

Um abraço, um aperto de mão e muito obrigado.


Hora de dormir, dormir? Risos. Vamos tentar. Amanhã é outro dia.
Um abraço, um aperto de mão e muito obrigado.

                 Estou em débito com muitos amigos e amigas que fazem comentários dos meus post e me dão a honra de curtir. Eu não tenho agradecido e respondido. Peço que me desculpem. Entro aqui só para postar e claro sempre ver o que cada achou, se ouve interesse, se devo melhorar ou mudar meu estilo nas minhas escritas. Ando meio cansado, sem forças e ficar no PC cansa muito minhas vistas, pois não estou enxergando bem e só o direito ainda ajuda um pouco. Óculos não resolvem. Ainda bem que terça vou dar inicio a uma operação de catarata. Dizem que é simples e eu espero que sim. Tem um ano e seis meses que através do SUS venho tentando. Agora acho que vai. Olhe, eles vão me examinar e marcar nova data para operar. Se não morrer até eles me chamarem de novo acho que vou melhorar. Ainda bem que consigo escrever aumentando o zoom para ver o que escrevo. Risos. Agora mesmo acabei de escrever este boa noite. É postar e ir para a cama. Amanhã levanto cedo e após minha rotina de Velho maniento, volto a escrever. Já disse aos meus filhos e a minha querida Célia, que quando parar de escrever acho que não vou durar muito. A escrita me motiva, saber que amigos gostam me motiva mais ainda.

                        Como diziam os poetas, aquilo que a gente escreve fala mais alto do que aquilo que a gente diz. Se tenho amigos que gostam dos meus escritos sempre penso que isto é bom. Plantando hoje eu sei que colherei amanhã. Como disse o sábio: - “Plante uma ação e você colherá um hábito. Cultive o hábito e você desenvolverá um caráter". Todos sabem que sou um Velho Chefe Escoteiro que não tenho registro na UEB. Não quero. Já tive e hoje não. Eu acredito em um escotismo amigo, cheio de amor de fraternidade, de sorrisos e onde não existe a palavra não. Não concordo com muitas teses dos novos chefes mais instruídos que eu. Muitos são pedagogos, pensadores e psicólogos e eu não sou nada disto. Eu não me envergonho de ser um iletrado. Sei que sou errado mas sempre olho para meu passado e gosto de ver um escotismo alegre, meninos e meninas correndo pelos campos, chefes olhando de longe e deixando a aventura acontecer. Se isto é ser tradicionalista eu sou mesmo. Amo minha calça curta, meu chapéu, meu lenço e ainda guardo meu sapato Vulcabrás de tantos e tantos anos de uso. Adoro uma mochila uma bandeira e sair por aí!

                     Mas isto que falo e escrevo está em minhas histórias. São muitas, parte ficção parte realidade. Gosto quando alguns acham que é válido o que escrevo, que comentam e elogiam o que digo de fatos Escoteiros narrados por BP. Gosto de lembrar o que aprendi e passar para frente. Gosto de ver jovens de todas as idades fazendo escotismo de raiz. Tive a honra de cumprimentar um Presidente e ele sorrindo me dizer que foi Escoteiro e esquecer o discurso do povo para me contar causos Escoteiros. Conversei por horas com um governador e o que falamos de escotismo não está no gibi. E olhe muito aprendi com um ministro Escoteiro que se orgulhava em usar a calça curta. Eu não sou letrado como dizem os mineiros matutos do interior. Fiz e faço até hoje com orgulho a Escola da Vida. Escrevo mal, cheio de erros e  garranchos, mas e daí? Já tive muitos querendo me corrigir dos meus “garatujos” letrados. Sabia da boa intenção deles mas toquei o barco com meu Remo pois com o deles iria me perder nas traiçoeiras cachoeiras dos rios que atravessei.

                       Bem chega de “lenga lenga”, chega de “pois me dói”. Chega de entretantos. Agradeço mesmo de coração a todos vocês que repartem comigo meus sonhos, meus escritos e minha desdisse. Tenham uma excelente noite, se tiverem um tempinho lembrem-se de mim nas orações. Rezem para que o doutor oftalmologista tenha uma mão firme e que eu volte com olhos de lince, e claro mais e mais tempo para deixar meus críticos sonhando acordado pois sim assim for continuarei a ser uma pedra no sapato deles. Risos.

Durmam com Deus! 

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Onde anda você meu amor?


Hora de dormir, o amanhecer breve irá chegar...
Onde anda você meu amor?

                                 Faz tempo. Quanto tempo. Hoje eu me lembrei dela. Quando foi a última vez que a vi? Meses? Anos? Eu juro que nunca a esqueci. Esteve sempre presente em minha mente e sempre abraçada ao meu corpo. Não a busquei mais. Deixei-a por aí sem saber onde foi. Afinal enquanto o tempo passa, vamos lutando com a vida conforme ela é e outras lutas vão aparecendo em nossas vidas. Mas não dá para fugir da saudade. Mesmo quando a noite chega, quando uma garoa fria cai no asfalto são as horas que as tristezas resolviam aparecer. São tantas coisas arvoradas no pensamento que não separamos as prioridades. Sempre foi assim. Mas ela não poderia ter ficando escondida num cantinho do meu cérebro. Não podia. Era demais para mim. Machucava. Doía. Acho que errei. Quem não soubesse do meu passado poderia me culpar. Se assim for, que o céu me condene!

                              Culpa? Será que tenho? Afinal não estivemos sempre juntos por anos e anos? Não há tratei condignamente? Ela não foi minha companheira inseparável? Quem sabe a responsabilidade não é só minha pelo seu desaparecimento. Mas se for eu mereço ser castigado. E difícil ficar com esta saudade sufocante. Não sei se mereço isto. Não a culpo, ela é o que é. Não dá para mostrar outros erros se a gente não observa os seus. E o meu erro não tem perdão. Deixei-a assim a Deus dará! Agora as consequências são minhas. Não posso fugir. Vou por aí a procurar, vou perguntar e quem sabe eu a encontrarei? 

                             E procurando, procurando perguntei para o vento: - Onde ela foi meu amigo vento? O vento me olhou com cara de mau e me desprezando não me deu resposta correndo para longe de mim. Parei e sentei na minha varanda e o orvalho começou a cair: – Orvalho! Por favor, você sabe onde ela está? O orvalho sorriu e não disse nada. Ele sempre foi assim, nos presenteia com sua gota ínfima a cair em nosso rosto e deixa que ela escorregue até ir para o chão.  Um vagalume passou piscando e nem me deu bola. Sinal que não ia me contar. Duas borboletas douradas fizeram passeio nas flores da minha varanda, me olharam sorriram e foram embora. Que noite cruel. Fiquei ali pensando porque ela me abandonou e ninguém me dizia nada. Vontade de chorar. A cigarra matreira pousou em uma planta e começou a cantar uma canção de amor. Ao terminar disse-me para não me preocupar. Não chore. Aceite. Ela está com seu novo amor!

                          Celia minha esposa querida, só ela para me ajudar. Chamei-a e ela prestativa e prestimosa, vendo meu desespero e sem me avisar saiu à procura dela. Aquela a quem amava. Doce Celia. Sabia do meu amor por ela. Sua busca foi frutífera. Finalmente a encontrou. Escondida no fundo do baú. Minha linda e adorada blusa de lã vermelha que eu amava. Aquela que me deu calor nos acampamentos, nas lides nas montanhas que escalei. Nos frios gelados das noites de inverno. Aquela que me cobriu de nuances que nunca revelei para ninguém. Quanto tempo juntos! Peguei-a no colo. Beijei-a de leve e a abracei com carinho. Lágrimas de alegria surgiram nos meus olhos. E naquela friagem de um entardecer bolorento nem liguei para o vento que resolveu soprar forte para o norte. A vesti alegre. Agora sim. Vivia a verdadeira felicidade. Enfim a busca terminou. Não havia mais passado. Só o presente. Os dois amantes estavam unidos de novo e agora para sempre!


Boa noite meus amigos, durmam bem. Uma espetacular amanhecer. Que a felicidade esteja com vocês e sejam felizes como eu sou!

terça-feira, 26 de maio de 2015

Como dizer muito obrigado?


Hora de dormir, esperar o amanhecer e sentir que um novo dia vai começar...
Como dizer muito obrigado?

                            Hoje eu escrevi com os olhos voltados para um tempo que se foi. Tempos bons, alegres, gostosos, gritantes de palmas surdas que se escondiam no ar. Como foi mesmo que escrevi? - Podia ser uma noite qualquer, quem sabe no Inverno? Meu olhar perdido no universo, uma clareira na floresta encantada, amigos em volta, um violão cantante, um olhar distante a pensar: - Como é bom ter amigos, perto ou longe eles sempre estão com você, pois muitas vezes os amigos são a família que nos permitiram escolher. Um calorzinho gostoso, um café amargo, um chimarrão cheiroso corre de mão em mão; Crepita a fogueira, entre nuvens e estrelas, pululam vagalumes no céu. Saudades danada, vontade de dizer bem alto: - Tempo me traz um mate, senta aqui do meu ladinho, põe mais lenha na fogueira, esquenta “nois” um pedacinho, e enquanto a chaleira não chia, deixe-me eu provar mais um tempinho! E a gente vai vendo a noite passar olha a dança dos pirilampos em volta das chamas, vendo seus medos virar fumaça no ar. Bom demais ser Escoteiro!

                            Estou a me desdizer a falar de mim outra vez, pensar que pensei no passado, pensei em alma florida, em viver esta nova vida que um dia me fez sonhar. Será isto mesmo a dizer? Afinal não vou agradecer? Amigos me dão a honra de ler meus escritos falados, nem “mainemeno” dizer muito obrigado? E quando na esquina do conto, da história que um dia fiz, lá na curva do boi bravo, um comentário apaixonado diz... Muito bom meu Chefe querido. É demais. Me desmancho como beija flor que paira no ar que a gente pensa que vai desmanchar... São tantos amigos queridos que perdem seu tempo comigo só para dizer: - Obrigado Chefe e eu o que digo? Pareço mais um mendigo, perdido em vãos pensamentos, sem notar cada momento o que eles querem dizer. Ah! Se eu pudesse, me transformar em um vento amigo, correr por vales e cumes, montanhas e florestas brejeiras ir até onde ele ou ela está e dizer! Amigo, amigo sem palavras. São pessoas como você que me fazem continuar. Que me fazem rejuvenescer! E em posição de sentido, uma saudação Escoteira olhos nos olhos e dizer: Muito obrigado, Sempre Alerta e que sua vida seja cheia de verdades, que escolheu na eternidade para vir aqui fazer acontecer.

                           Além de tantas palavras, que podem sumir com o vento, queria estar no acampamento e lá no topo da montanha tão bela, gritar aos ventos que correm por todo canto, meu amigo meu amado, você nem imagina como estou agradecido ter você ao meu lado! Desculpem todos que disseram palavras que dão alegria a qualquer pseudo escritor como eu. Cada comentário ou curtida, me refaz minhas feridas e saio por aí a saltar, sorrir, cantar e de novo retornar a fabricar sonhos que podem alegrar os que me querem tão bem.


Chega de tanta mazela, deixo no canto a panela, que no riacho fui lavar. É hora de chacoalhar o esqueleto, pensar em todos vocês e dizer... Boa noite meus amigos, uma ótima noite, e se notar na madrugada, um cantar da passarada, pode ser um Bicudo ou trinca Ferro, ou quem sabe um Curió ou Azulão, uma Pintassilgo brejeira, melhor seria o Sabiá Laranjeira a cantar na sua janela, não se preocupe. Sou eu! Estou ali rezando e pedindo a Deus por você! 

domingo, 24 de maio de 2015

A lenda de Chico Mortalha – O malvado.


Lendas escoteiras.
A lenda de Chico Mortalha – O malvado.

        Todos os habitantes de Floradas na Serra conheciam a lenda. Claro, lenda é lenda e serve para contar, não para acreditar. Mas a criançada da cidade acreditava. Mamães, professoras, pais, vovós quando queriam chamar atenção por uma simples travessura lá estava Chico Mortalha presente para amedrontar. Se foi verdade ou não isto não posso dizer. Quem me contou foi o Padre Josenilton. Chico Mortalha era um pistoleiro famoso. Um matador. Matava tudo que encontrava pela frente. Velhos, moços, jovens, crianças, animais. Matava tudo que aparecesse em sua frente. Seu último crime foi à morte do Bispo Marcelino. Gente boa, boníssima. Mas o prefeito encrencou com ele. Pagou a Chico Mortalha para dar um sumiço no bispo. Dito e feito. O Bispo sumiu! Ninguém nunca mais o viu.

         Desconfiaram que fosse crime encomendado. Chamaram o Delegado Paredes da capital. Não provou, mas disse que foi Chico Mortalha. O povo se revoltou. Foi na casa dele. Colocaram fogo na casa e o levaram-no para a Lagoa das Piranhas. Tiraram a roupa dele e amarraram em todo seu corpo nacos de coração de boi. As piranhas adoram. Amarraram ele em um galho que dava em cima da lagoa. Iam descendo aos poucos seu corpo. As piranhas devoravam tudo que mergulhava na água. Primeiro suas pernas, depois seu corpo, só sobrou à cabeça de Chico Mortalha. Dizem que não deu um gemido. Por fim cortaram a corda e Chico sumiu nas aguas profundas da lagoa. Contava-se que uma vez por ano, na data de sua morte, ele aparecia na lagoa, em pé, sem afundar e dava gemidos imensos que nenhum peixe, nenhum animal ficava por perto.

          Há mais de trinta anos existia um belo Grupo Escoteiro em Floradas na Serra. Quase todos os homens da cidade haviam passado pelas suas fileiras. Uma grande Alcatéia, uma ótima tropa, três Patrulha seniores e um Clã que precisa definir quantos poderiam participar, pois em suas reuniões sempre apareciam mais de cinquenta pioneiros. Seria um tema para o próximo Conselho de Chefes do Grupo. Chiquinho Mortalha era Sênior. Desculpe. Risos. Seu nome era Lorenildo Simplício das Mercês. Não gostava do nome. Nunca gostou. Quando foi lobinho colocaram nele este apelido. Não se incomodou. Ficou para sempre. Talvez por ficar sempre de cara amarrada. Não sorria. Mas todos gostavam dele. Tinha uma força descomunal para sua idade. Não era alto, mas levantava toras, pesos enormes com facilidade. Nos acampamentos o pau para toda obra. Era bem quisto na Patrulha Falcão desde quando Escoteiro. Conseguiu a Primeira Classe. Pretendia ser Escoteiro da Pátria.

          Em sua Patrulha todos os temiam. Não pela sua força, mas pela sua astúcia. Dizia que quando desse na telha ia enfrentar este tal de Chico Mortalha lá na lagoa na data que costumava aparecer. Ninguém acreditava. Dito e feito. Em onze de agosto, data da morte do tal Chico Mortalha lá foi ele rumo à lagoa. Sozinho é claro. Levou sua faca, sua machadinha e uma corda de dez metros. Lá chegando subiu no pé de uma Copaíba enorme. Se amarrou nos galhos e esperou. Não tinha pressa. Que venha o Chico Mortalha. Estava na hora de enfrentá-lo. Sete horas da noite, nove, dez, onze, meia noite. Nada do Chico. Era fanfarronice. Ela assim pensava. Uma hora cochilou. Dormiu. Não caiu, pois estava amarrado. Mas alguém o desamarrou. Ele caiu do alto dentro da lagoa. Afundou. Abriu os olhos e viu com horror o Chico Mortalha. Só a caveira, pois as piranhas não deixaram nada. Chico sorria para Chiquinho. Não teve medo. Pegou sua faca e disse que ele era Escoteiro. “O Escoteiro não tem medo de nada” A caveira começou a rir.

         Gargalhadas enormes. Chiquinho isto é Lorenildo precisa de ar. Subiu até a borda da lagoa, respirou e mergulhou de novo. Danado de Sênior. Não tinha medo mesmo. A caveira o pegou pelo ombro, o levou até o pé da árvore fora da lagoa. O abraçou e disse a ele que era bom conhecer um Escoteiro. Poderia ter sido um, pois quem sabe não teria o destino que teve. Ficaram amigos. Conversaram toda a madrugada. Chico Mortalha contou muito da sua vida. De seu grande amor por Nininha, mas nunca disse a ela. Morrera de tuberculose e solteira. Hoje ela faz companhia a ele no fundo da lagoa.

         O dia amanheceu. Lorenildo voltou para sua casa. Seus pais preocupados. Todos os escoteiros a procurada dele. Resolveu não contar nada. Não devia. Agora era amigo de Chico Mortalha o Malvado. Tinha prometido a ele que voltaria no próximo aniversário e iria conhecer Nininha. O tempo passou. Lorenildo casou. Contou para seus filhos, mas eles riam e achavam que seu pai era um bom contador de histórias.

        Todos os anos, durante toda a sua vida Lorenildo voltava à lagoa. Fizera um amigo, ou melhor, amigos. Chico e Nininha. Sentava a beira da Copaíba e Chico Mortalha aparecia com Nininha e eles se abraçavam. Ficavam ali conversando por toda a madrugada. A cidade ficou sabendo, mas ninguém dizia a ele e nem o acompanhava até a lagoa. Um medo enorme. O Grupo Escoteiro não comentava. A Patrulha entendia. Amigos são amigos. Durante toda sua vida agora como Chefe Escoteiro não deixava de visitar Chico Mortalha e Nininha na Lagoa das Piranhas. Amigos para sempre. Diferente, pois Chiquinho era um Escoteiro do bem. 


           E como dizem por aí, boi não é vaca, feijão não é arroz e quem quiser que conte dois! E como dizia minha avó, “Pedro, nem tê-lo, nem vê-lo, nem querê-lo, nem a porta da casa consegui-lo... mas sempre é bom na casa havê-lo”. Risos. E a história? Fica por aqui e quem quiser que conte outra.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

O Vagalume que não sabia voar


Hora de dormir, o amanhecer já vai chegar...
O Vagalume que não sabia voar

                        O que você está fazendo Naldinho? Olhando esse vagalume chefe. Veja, não é interessante? Parece que é. Mas e sua patrulha? Onde foi? Disseram que iam cortar madeira para fazer uma mesa. Foram todos, achei que não precisava ir. Mas veja, aproveitei bem o tempo. O senhor sabia que o vagalume só voa nas primeiras horas da noite? Não sabia. – Pois é ele é reconhecido pelo brilho esverdeado, continuo, e vive mais entre vegetação das regiões tropicais e temperadas. Em alguns lugares o chamam de pirilampo. Olhe chefe, pode não acreditar, mas esse vagalume me disse que ele mora muito longe daqui. Pensou que eu poderia ajudar. Está tentando falar com seus irmãos e não consegue – Pensei com meus botões - Esses jovens e seus sonhos impossíveis. Vivem criando histórias e mais histórias muitas vezes para não fazer nada. – Naldinho abaixou a cabeça, fingiu que ouvia o vagalume e me disse – Ele está dizendo que eu não tenho sonhos. E ele disse também que não estou criando histórias chefe!

                   Arregalei os olhos! O que? Repita que não entendi. Ora chefe, ele diz que é verdadeiro, que eu sou verdadeiro e só não fui com a patrulha porque o Lídio monitor disse que não precisava. Estava ali olhando para Naldinho e pensando o que dizer e fazer com ele. Essas invencionices já estavam passando da conta. Naldinho riu. Sabe o que ele está dizendo chefe? Que o senhor acha que eu estou inventando. Ora Naldinho deixa disso. Não vai querer que eu acreditasse que você conversa com um vagalume!  Quer uma prova chefe? Olhe – Pimaisdois, dê um pulo – O vagalume deu. Você soprou nele, eu disse. Está bem chefe – Pimaisdois, agora cinco pulos. O vagalume deu cinco pulos. Porque Pimaisdois? É o nome dele chefe. O escoteiro estava me fazendo de bobo. Estou perdendo o meu tempo aqui. Olhe vou lhe mostrar o que faço com um vagalume falador – Peguei meu sapato e ia esmagá-lo quando Naldinho pediu. Não chefe, não. Não faça isso. Ele se comunica com os outros. Poderiam vir milhares aqui e nos carregar para a cratera negra.

                          Já estava cheio daquilo. Deu uma pancada com o sapato no tal Pimaisdois. Ele pulou. Corri atrás. Ele pulou. O danado só me escapava. Ouvi um grande zumbido. Olhei para trás, centenas de milhares de vagalumes voavam em minha direção. Corri, mas não tinha onde esconder. Corri mais e sem olhar para frente caí na cratera negra. Fui caindo e lá em baixo tudo vermelho. Ia morrer queimado. Comecei a gritar, a chorar e pedir perdão. Tremia como vara verde.

                             Chefe, chefe, calma, não grite. Era Naldinho. Abri os olhos. Estava dormindo debaixo de uma castanheira. – Chefe não é hora da atividade do jogo noturno? Caramba. Dormi mais de quatros horas. Já escurecia. Que sono. Ferrei no sono. Mas que pesadelo. Que susto. Vamos lá Naldinho. As patrulhas não podem esperar. Naldinho foi a minha frente, com minha lanterna olhava o chão para não tropeçar. Olhei as costas de Naldinho, um grande vagalume está lá em seu ombro. Olhando para mim e sorrindo com um olhar zombeteiro! Não acredito! Era o Pimaisdois!

                            Se você que ser feliz, mande embora seu "severo juiz", ouça seu coração. Valorize o que sente e seja uma pessoa verdadeira. Assuma seus sentimentos. Só diga sim depois de sentir o que realmente quer. Não tenha receio de dizer não. Deixe de contar seus problemas aos outros e perguntar o que deve fazer. Confie em seus critérios. Você pode! Experimente. Zíbia Gasparetto.


Valorize sorrisos, valorize olhares, valorize ouvir um “bom dia” ou um “durma bem”. Valorize quem está por perto. Valorize um ventinho em meio a um dia de calorão, ou uma brisa de um dia de frio. Valorize um abraço, um beijo, ou um simples aceno de oi. Valorize alguns segundos de boa companhia, valorize as conversas, valorize as mensagens de celular. Valorize tudo aquilo que te faz bem, ainda que apenas por alguns segundos. Qualquer momento de alegria vale. Boa noite, Deus velará por você. Até amanhã meus amigos e amigas.

sábado, 16 de maio de 2015

Hora de dormir, amanhã é outro dia... O médico e o Fiscal.


Hora de dormir, amanhã é outro dia...
O médico e o Fiscal.

– Se possível, acelere um pouco a marcha. Era o abnegado médico espírita, Dr. Militão Pacheco, que rogava ao amigo que o conduzia por gentileza. E acrescentava: – O caso é crucial. O companheiro ao volante aumentou a velocidade, mas, daí a momentos, um fiscal apitou. O carro atendeu com dificuldade e, talvez por isso, a motocicleta do guarda sofreu pequeno choque sem conseqüências.

O policial, porém, não estava num dia feliz e o Dr. Pacheco com o amigo receberam uma saraivada de palavrões. Notando que não reagiam, o funcionário fez-se mais duro e declarou que não se conformava simplesmente com a multa. Os infratores estavam detidos. O Dr. Pacheco deu-lhe razão e informou que realmente seguiam com pressa para socorrer um menino sem recursos, rogando, humilde, para que a entrevista com a autoridade superior fosse adiada.

– Se o senhor é médico – disse o interlocutor, com ironia -, deve proceder disciplinadamente, sem sair do regulamento. Para ser franco, se eu pudesse, meteria os dois, agora, no xadrez. Embora o amigo estivesse rubro de indignação, o Dr. Pacheco, benevolente, fez uma proposta. O guarda deixaria, por alguns instantes, o veículo, e seguiria com eles no carro, mantendo vigilância. Depois do socorro ao doentinho, segui-lo-iam para onde quisesse.

Havia tanta humildade na súplica, que o fiscal concordou, conquanto repetisse asperamente os insultos. – Aceito – exclamou -, e verificarei por mim mesmo. Ando saturado de vigaristas. E creiam que, se estão agindo com mentira, hoje dormirão no Distrito. A motocicleta foi confiada a um colega de serviço e o homem entrou, seguindo em silêncio. Rua aqui, esquina acolá, dentro em pouco o carro atingiu modesta residência na Lapa, em S. Paulo.

Os três entram por grande portão e caminham até encontrar esburacado casebre nos fundos. Mas, ao ver o menino torturado de aflição nos braços de infeliz mulher, o bravo fiscal, com grande assombro dos circunstantes, ficou pálido e com os olhos rasos de água. O petiz agonizante e a jovem senhora sem recursos eram o seu próprio filhinho e a sua própria esposa que ele havia abandonado dois anos antes…
Waldo Vieira (médium).


   Guardar raiva é como segurar um carvão em brasa com a intenção de atirá-lo em alguém; é você que se queima. Boa noite, um sono tranquilo e um lindo amanhecer de domingo.

domingo, 10 de maio de 2015

Hora de dormir, um novo dia vai surgir...


Hora de dormir, um novo dia vai surgir...

"O Senhor é o meu pastor e nada me faltará. Deita-me em verdes pastos e guia-me mansamente em águas tranqüilas. Refrigera a minha alma, guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome. Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque Tu estás comigo, a Tua vara e o Teu cajado me consolam. Prepara-me uma mesa perante os meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida e habitarei na casa do SENHOR por longos dias."


Não existe triunfo sem perda, não há vitória sem sofrimento, não há liberdade sem sacrifício. Boa noite meus amigos e amigas que a semana que se inicia seja cheia de alegrias e felicidades. Que o Senhor esteja com vocês!

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Meu reino por um taco!


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Meu reino por um taco!

                       Nick Drops Takoman não tinha muita simpatia por minha pessoa. Juro que ria dele não pela sua figura, mas pela sua mania e ambição de poder e subir “na vida Escoteira” como ele mesmo dizia. Bem eu sou assim mesmo. Vivido e calejado no escotismo. Dizem que minha língua não tem tamanho. Pode ser mesmo.  Eu sempre brincava com ele comentando aquela célebre frase dita no conto de Willian Shakespeare na sua peça Ricardo III, Ao perder seu cavalo em plena luta e desesperado, Ricardo III exclama a frase que ficou na história – “Meu reino por um cavalo”. Para ele eu falava baixinho: “Meu reino por um taco”! Nick Drops fechava a cara e sai bufando. Confesso que me sentia culpado, mas estava cansado de tais tipos que sonham em ser grandes chefes, ter poder, quem sabe ser mais um dos famosos da UEB. Jeremias Toca Fogo Chefe do Grupo “Moro no Mato” um dia me contou que ele mandou fazer vinte tacos na marcenaria do Avelar Ponto Morto. Garantiu-me que ele quase todas as noites vestia o seu uniforme, e colocava o colar onde todas as contas se espremiam para caber em um colar que ele mesmo trançou. lá. Já pensou Vinte delas? Para mim era demais e até não acreditei em Jeremias Toca Fogo.

                       Mas no seu Grupo Escoteiro ninguém gostava dele. Era mandão, se achava o tal e nas últimas eleições chegou a ir de casa em casa dos pais dos Escoteiros pedindo voto. Ele queria ser eleito o Diretor Técnico do Grupo. Muitos dos chefes juraram que se isto acontecesse eles sairiam na hora. O pior de tudo é que Nick Drops era um desleixado na sua apresentação. Quando a UEB apresentou a vestimenta ele correu a comprar várias. Tinha a calça curta, a comprida, tinha a camisa de manga comprida, manga curta, e adorava sair de chinelinho com a camisa para fora da calça pensando que estava abafando. Um dia viu um figurão Escoteiro com um chapéu texano e comprou logo quatro. Nick Drops adorava um figurão Escoteiro. Fazia todos os cursos que apareciam, gastava horrores para estar presente em todas as assembleias nacionais e regionais. Não perdia um Jamboree e em todos estes lugares lá estava ele com aquele sorriso próprio que só os puxa sacos tem,  junto aos figurões presentes. O que ele não entendia é porque não havia ainda recebido sua comenda da Insígnia de Madeira. Afinal tinha feito todos os cursos e ninguém sabia explicar o porquê. Diziam que seu intelecto não era lá estas coisas.

                    Nick Drops tinha esposa e filho. Em sua casa era um tirano. Sua esposa submissa e seu filho tinham enorme medo dele. Trabalhava como vendedor nas Lojas Catamarreco, uma das maiores da cidade de Vento Parado. Os chefes que tentavam se aproximar sempre diziam a ele: - Nick Drops seu estilo em dirigir sua família é errado. Você como Escoteiro os trata como se eles fossem seus empregados. Você só sabe mandar. – Nick Drops olhava de lado não dizia nada, mas no fundo mandava o Chefe ir para as conchichinas. Vendo que em seu estado natal não conseguia sua Insígnia e que mesmo chefes de outros estados não tinham interesse em ajudá-lo, tomou uma resolução. Tomou emprestado no Banco Me Paga que eu Gosto a juros estratosféricos uma enorme quantia. Se o Brasil não resolve, a Inglaterra resolve pensou! Na terra de BP quem tem um olho é rei! Só falou no grupo que iria faltar alguns dias, mas logo estaria de volta. Nick Drops ria de orelha a orelha. Londres! Aqui vou eu, dizia e partiu em uma manhã em um Avião da Aerolinas Me Segura que eu Caio. Ninguém sabia seu destino. Muitos diziam que ele foi a serviço da à empresa, mas foi para onde?

                       Ele achava que em Londres, mais precisamente em Gilwell Park ele iria fazer um curso rápido e receberia sua tão sonhada Insígnia. Na viagem da classe econômica ele andava prá lá e prá cá se exibindo. Estava com sua vestimenta número quatro, conforme ele mesmo havia numerado. Os passageiros não sabiam que uniforme era aquele e outros riam dele, afinal estes tipos foram feitos para a gente rir. No aeroporto de  Heathrow começou seu suplicio. Não entendia nada de inglês. Achou um carregador de malas que se dizia boy scout e o levou até um taxi. Ainda bem que não foi assaltado. Os ingleses gostam de rir dos caipiras, mas são honestos. Nisto eu tiro o chapéu para eles. O taxi parou em frente ao campo de Giwell. Ele sorrindo com a mochila nas costas cantava: - ¶ Eu era um bom touro um bom touro de lei, não estou mais toureando o que fazer não sei! Risos. O diabo é que ele nunca foi um touro!

                        Viu a entrada. Adorou o pórtico que já vira em fotos no Google. Viu o edifício atrás. Logo estava no hall de entrada. Um jovem sério, com um sorriso de cavalheiro inglês deu as boas vindas em inglês. Nick Drops não entendia nada. Tentava explicar na sua maneira de mandão que tinha vindo fazer um curso da Insígnia de Madeira. Preciso da Insígnia de Madeira! – Ele gritou! - Pago qualquer preço! E jogou várias notas de libras esterlinas na mesa. O Mané gritava a mais não poder. Daqui não saio daqui ninguém me tira! - Enquanto não me deram o lenço de Gilwell fico aqui. Sou vou embora com ela no pescoço! O que fazer? O jovem Escoteiro cavalheiro inglês que não entendia bulhufas de português tentou de tudo. Chamou seu Chefe Mister Jonny Pulla Pulga. Nada. Com muito custo conseguiram através de um guia de viagem de Belo Horizonte que passava por lá traduzir o que o Chefe Idiota e puxa saco queria. – Explicou, mas as inscrições não são assim. Tem que ter o chamegão da UEB. Sem ela – necas! O Chefe de BH ria a valer. Ele também era um Escoteiro e conhecia bem tais tipos. Pediu humildemente que ele passasse uma noite lá, só para observar e contar para seus amigos no Brasil. Nick Drops dormiu no mato sem barraca, sem coberta em um frio de rachar!

                      Voltou ao Brasil no outro dia. Procurou o Formador Chefe na sua cidade. – Contou mentiras e mentiras. O formador não disse nada, conhecia o puxa-saquismo do Chefe. – Vou ver, vou ver o que posso fazer disse ele. Em casa sua esposa orgulhosa, seus filhos imaginando o pai cheio de tacos. Era um sonho que passou para toda a família. Ele naquela noite sonhou que estava recebendo sua Insígnia. Veio BP e colocou nele o colar de contas zulu, tinha dez tacos! E olhe que BP tinha cinco porque era o Escoteiro Chefe do Mundo. Veio a Rainha da Inglaterra e colocou outro colar com mais trinta tacos. Veio O Barack Obama e mais oitenta tacos. Ele não conseguia ficar de pé. Era taco que não acaba mais! Por fim a Dilma com seu sorriso de quem adora um panelaço mandou trazer um avião dela cheio de taco. Ele tremeu com o peso. Caiu e foi enterrado por tacos e tacos junto a Baden-Powell na sua morada no Quênia. Acordou suando e chorando. Pediu perdão a Tikititas sua esposa, pediu perdão ao seu filho Talpaitalfilho e prometeu mudar.


                      Olhe, eu mesmo não acreditei quando soube. Mas Nick Drops mudou. Virou um grande Chefe e amado por muitos que o odiavam. Esqueceu os tacos, esqueceu a IM e agora se dedicava somente aos seus jovens e refazer os amigos que perdeu. Um dia um distrital foi lá na sede e entregou a ele a Insígnia de Madeira. Ele sorriu agradecido, mas agora diferente. Um sorriso de quem sabe que tem de dar mais aos jovens, pois se ele era um Bom Lobo e um Bom Lobo de lei tinha que mostrar que o escotismo tem tudo para nos fazer feliz e nos ensinar qual o melhor caminho a seguir!