Hora de
dormir, o amanhecer breve irá chegar...
Onde anda você
meu amor?
Faz tempo.
Quanto tempo. Hoje eu me lembrei dela. Quando foi a última vez que a vi? Meses?
Anos? Eu juro que nunca a esqueci. Esteve sempre presente em minha mente e
sempre abraçada ao meu corpo. Não a busquei mais. Deixei-a por aí sem saber
onde foi. Afinal enquanto o tempo passa, vamos lutando com a vida conforme ela
é e outras lutas vão aparecendo em nossas vidas. Mas não dá para fugir da
saudade. Mesmo quando a noite chega, quando uma garoa fria cai no asfalto são
as horas que as tristezas resolviam aparecer. São tantas coisas arvoradas no
pensamento que não separamos as prioridades. Sempre foi assim. Mas ela não
poderia ter ficando escondida num cantinho do meu cérebro. Não podia. Era
demais para mim. Machucava. Doía. Acho que errei. Quem não soubesse do meu
passado poderia me culpar. Se assim for, que o céu me condene!
Culpa? Será que
tenho? Afinal não estivemos sempre juntos por anos e anos? Não há tratei condignamente?
Ela não foi minha companheira inseparável? Quem sabe a responsabilidade não é
só minha pelo seu desaparecimento. Mas se for eu mereço ser castigado. E
difícil ficar com esta saudade sufocante. Não sei se mereço isto. Não a culpo,
ela é o que é. Não dá para mostrar outros erros se a gente não observa os seus.
E o meu erro não tem perdão. Deixei-a assim a Deus dará! Agora as consequências
são minhas. Não posso fugir. Vou por aí a procurar, vou perguntar e quem sabe
eu a encontrarei?
E procurando,
procurando perguntei para o vento: - Onde ela foi meu amigo vento? O vento me
olhou com cara de mau e me desprezando não me deu resposta correndo para longe
de mim. Parei e sentei na minha varanda e o orvalho começou a cair: – Orvalho! Por
favor, você sabe onde ela está? O orvalho sorriu e não disse nada. Ele sempre
foi assim, nos presenteia com sua gota ínfima a cair em nosso rosto e deixa que
ela escorregue até ir para o chão. Um
vagalume passou piscando e nem me deu bola. Sinal que não ia me contar. Duas
borboletas douradas fizeram passeio nas flores da minha varanda, me olharam
sorriram e foram embora. Que noite cruel. Fiquei ali pensando porque ela me
abandonou e ninguém me dizia nada. Vontade de chorar. A cigarra matreira pousou
em uma planta e começou a cantar uma canção de amor. Ao terminar disse-me para
não me preocupar. Não chore. Aceite. Ela está com seu novo amor!
Celia minha esposa
querida, só ela para me ajudar. Chamei-a e ela prestativa e prestimosa, vendo
meu desespero e sem me avisar saiu à procura dela. Aquela a quem amava. Doce
Celia. Sabia do meu amor por ela. Sua busca foi frutífera. Finalmente a
encontrou. Escondida no fundo do baú. Minha linda e adorada blusa de lã
vermelha que eu amava. Aquela que me deu calor nos acampamentos, nas lides nas
montanhas que escalei. Nos frios gelados das noites de inverno. Aquela que me
cobriu de nuances que nunca revelei para ninguém. Quanto tempo juntos! Peguei-a
no colo. Beijei-a de leve e a abracei com carinho. Lágrimas de alegria surgiram
nos meus olhos. E naquela friagem de um entardecer bolorento nem liguei para o
vento que resolveu soprar forte para o norte. A vesti alegre. Agora sim. Vivia
a verdadeira felicidade. Enfim a busca terminou. Não havia mais passado. Só o
presente. Os dois amantes estavam unidos de novo e agora para sempre!
Boa noite meus amigos, durmam bem. Uma espetacular amanhecer.
Que a felicidade esteja com vocês e sejam felizes como eu sou!
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