No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras

No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras
A aventura está apenas começando

terça-feira, 28 de junho de 2016

Ariranha, o Cão Lobo inesquecível.


Lendas Escoteiras.
Ariranha, o Cão Lobo inesquecível.
(Uma história baseada em fatos reais).

          Aconteceu há muitos anos atrás. Um fato que ficou marcado em meu coração pra sempre. Escoteiro da Patrulha Lobo corria o ano de 1952. Foi quando apareceu em minha vida Ariranha, um cão lobo que me marcou para sempre. Seis dias para ser exato convivemos juntos em um acampamento de tropa na Mata do Quati. Não dá para esquecer, pois foi nossa segunda Olimpíada Escoteira, e a cada ano elas marcavam época. Idéia do Munir, um Pioneiro meio afastado do grupo. Chefe Jessé relutou, mas a Corte de Honra achou a ideia esplêndida. Era uma Olimpíada diferente. Sempre acampávamos em uma clareira próxima ao Rio do Morcego, onde se avistava a bela cachoeira do Sonho. Na época da Piracema era um espetáculo ver os peixes tentando subir nas corredeiras e pulando sobre as pedras. Se podia pegar com a mão.

          As provas eram somente de atividades aventureiras e técnicas. – Subir em árvores de seis metros de altura com tempo marcado – atravessar o rio nadando em dez minutos ida e volta (60 metros). – Fazer vinte e cinco nós escoteiros ou de marinheiro em seis minutos de olhos fechados. – Deixar-se cair da cachoeira (oitos metros) em um tambor vazio de duzentos litros. – Semáforas e Morse uma prova onde tínhamos grandes sinaleiros. – Fazer um café e pão do caçador em oito minutos. – Uma fogueira em dez minutos que durasse quarenta minutos sem alimentar. – Cortar uma tora de madeira de oito polegadas em oito minutos usando só um facão. – Trilha e pista de animais e tantas outras que deixaram saudades.

         O caminhão da prefeitura nos deixou pela manhã na trilha da mata que levava ao Rio do Morcego. O resto era a pé. Apenas quatro quilômetros. Adorávamos este acampamento anual. A Patrulha se preparava meses antes. O troféu pela vitória alcançada não eram medalhas. Podia ser uma faca Escoteira, um canivete Suíço, uma bússola, distintivos de lapela com flor de lis, moedas de boa ação. Prêmios que ambicionávamos muito. Cada Patrulha tinha o seu campo separado da outra mais ou menos por quarenta metros. As pioneiras eram feitas no primeiro dia, pois no segundo as Olimpíadas começavam.

         Lembro que estava fazendo uma fossa para o WC quando avistei Ariranha. Notei algum diferente. Parecia um lobo Guará, mas tinha o pêlo meio amarelado e quase sem rabo diferente do lobo cinzento que conhecia bem. Quem sabe era um cruzamento com um vira-lata qualquer com alguma loba perdida ou habitante da mata. Ele nunca sentava. Sempre em pé, orelhas para o alto e olhando sem piscar o que fazíamos. Quando me aproximava ele dava alguns passos para trás e parava. Durante todo o dia ele ficou lá, próximo ao nosso campo de patrulha. Acho que foi o Pedregulho o intendente quem lhe deu o nome de Ariranha. Porque não sei. À noite quando íamos dormir ele ficava na entrada do pórtico com se fosse velar nosso sono. Pela manhã impreterivelmente lá o encontrávamos. Passamos a alimentá-lo e ele parecia se sentir feliz com a nova família.

        Durante a realização das provas da Olimpíada, ele ficava muito próximo a mim. Uma vez entrando na mata a procura de uma pista pisei em falso e um enorme corte se fez em minha perna bem abaixo do joelho. Ele veio até a mim pela primeira vez e lambeu onde o sangue escorria. Parou na hora. Quando passei a mão em seu pêlo saltou de lado e tomou distância. Uma noite acordamos com seus latidos. Latia para uma enorme cascavel que impreterivelmente invadiria nosso campo. Ele a espantou. Outra vez seus latidos foram mais altos e foi à tarde quando estávamos tomando banho no córrego da Lagartixa. Desta vez era uma Onça parda. Fugiu com seus latidos.

          Durante os seis dias de campo, Ariranha lá permaneceu. No último dia no cerimonial de bandeira Ariranha se colocou ao meu lado na ferradura. Não esperava por isto. Ele não me olhava. Seus olhos estavam fixos na bandeira Nacional. Devia ter assistido todos os cerimoniais que aconteceram. Enquanto ela farfalhava ao sabor do vento e descia dos céus seus olhos acompanhavam. Quando as patrulhas deram o grito ele ficou no meio e pela primeira vez se deixou abraçar. Foi um espetáculo comovente. Todos os escoteiros das demais patrulhas vieram também abraçá-lo, pois já era querido por todas as patrulhas. Ao partirmos ele nos acompanhou até a estrada onde pegaríamos o caminhão da prefeitura. Ao subir na carroceria ele estava lá me olhando. Abanando o pequeno rabo ele deu um uivo enorme. Gritante e choroso. Como se fosse um lobo de verdade se despedindo para sempre. Ainda nos acompanhou por alguns quilômetros, mas depois sumiu em uma curva no meio da poeira da estrada.


           Foi um retorno triste e comovente. Todos os Escoteiros tinham os olhos vermelhos e um silêncio geral na carroceria do caminhão. Eu voltei para casa chorando. O uivo de Ariranha me marcou muito. As lembranças ficaram gravadas para sempre. Chorei por vários dias. Nunca me perdoei por não trazê-lo comigo, mas meu pai disse que ele era da floresta, nunca iria se acostumar na cidade. Chamei o Romildo na semana seguinte e fomos até lá de bicicleta. Rodamos e rodamos e nem sinal de Ariranha. Nunca mais o vi, mas nunca mais o esqueci. Ariranha ficou marcado em nossa Patrulha Lobo. No nosso livro de Atas ele teve um lugar especial. Não sei se é fácil explicar como se ama um cão/lobo em poucos dias e nunca mais o esquece. Não sei mesmo. Até hoje me lembro de Ariranha com saudades. Histórias são histórias, tem umas que marcam, tem outras que ficam gravadas em nossa mente para sempre!

quarta-feira, 22 de junho de 2016

As doces lembranças de uma Maria Fumaça.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
As doces lembranças de uma Maria Fumaça.

                   Acabou! Nada resta a não ser uma aqui e ali apitando por curvas e serras deste grande Brasil. Agora tudo é moderno. Estradas, ônibus, avião e poucos ainda se recordam de uma deliciosa viagem de trem. Demais, difícil lembrar e descrever como é. Quem viaja se diverte, sonha, vê um mundo diferente. A Maria Fumaça sempre foi um dos meus amores que nunca esqueci. Margeando um rio, com seus apitos estridentes, uma parada em uma pequena estação, alguns saltam outros sobem. O cheiro do trem ninguém esquece. As fagulhas lançadas no ar, as paradas nas caixas d’água para matar a sede da locomotiva. E os guarda-pós? Usei muitos. Não sei por que, todos brancos.

                 Muitas vezes alguns funcionários da ferrovia passam despercebidos. A gente na poltrona sonhando não sabe quantos estão trabalhando para que o trem siga seu destino. Ver a estratégia do manobreiro, simplicidade do guarda-chaves alterando o percurso do trem, da destreza do maquinista, do esforço do foguista alimentando a fornalha sempre faminta, do trabalho do pessoal da soca, a fazer os reparos necessários e o do fiscal de linha garantindo a segurança da viagem. É um espetáculo A parte.

                  A locomotiva devagar ou correndo, durante o dia apitando, um som maravilhoso que devia encantar o maquinista que gostava de puxar o cordão do apito. As paradas nas estações, a aglomeração dos que chegavam e os que partiam. Os meninos e meninas com suas “coisas gostosas” vendendo e gritando – Olha o sanduiche de galinha, olha a manga madura! Doce de leite e doce de abobora quem quer? O apito do chefe do trem, ele devagar saindo da estação, a meninada correndo.

                 À noite, as luzes dos carros de passageiros acesas, a segunda classe, a primeira classe. O espetáculo se completa com o condutor do trem, com seus bigodes imensos, seu uniforme impecável, e seu boné bem colocado na cabeça, começando seu périplo em todos os vagões. Uma rotina de anos, seu inconfundível apito para anunciar a partida do trem, e agora ali depois de percorrer os vagões da frente pedia educadamente – Bilhetes! Bilhetes! E todos sorridentes, com ele a mão para ver como ele picotava e perfurava numa manobra de deixar todos os passageiros embasbacados.

                         Eu conheci quase todos os tipos de trem. Para mim as que mais gostava era da “Jibóia” enorme, gigante, com varias rodas. As “baldwins” me chamavam a atenção, por ser uma Maria fumaça pequenina. Tão pequena que sua chaminé abarcava todo seu todo. Com era gostoso ficar ali na janela, vendo o trem cortando montanhas, apitando, soltando fumaça, mostrando que ali em seu caminho é ele quem manda. Quem teve o privilégio de viajar em uma Maria fumaça, de primeira ou segunda classe, não esquece nunca. Vai sempre margeando um rio, caudaloso ou não, ali vai ela, seguindo o seu curso natural. Seu destino uma próxima cidade, uma arraial, um sitio, um parada no meio do caminho.

                        O barulho e o cheiro do trem é uma experiência muito viva. Sinto saudades da Maria-fumaça. Da volta da ferradura. Do guarda-pó para nos proteger das fagulhas lançadas pela locomotiva enfurecida. Das paradas na caixa d’água para matar a sede insaciável da Maria-fumaça. Do som inconfundível do apito do condutor que anunciava a partida do trem e depois percorria os vagões de passageiros para perfurar e vender os bilhetes. Do malabarismo dos guarda-freios puxando a corda e pulando de um vagão para o outro com o trem em movimento.

                      Uma vez amigo de um foguista, ele me convidou para uma viagem de uma estação a outra. Trecho pequeno, mas foi para mim uma tremenda felicidade. Ver o maquinista olhando a frente, seu apito inconfundível (ele olhava para mim e sorria). O esforço do meu amigo foguista alimentando a fornalha sempre faminta. Difícil imaginar quantos estavam envolvidos para que aquele trem percorresse seu caminho, sem perigos, e chamando a atenção de todos que moravam próximo à linha.

                    Mas o tempo é cruel, anos depois as Maria Fumaças foram trocadas por locomotivas a Diesel. Mesmo assim, minhas viagens nunca deixaram de acontecer. Lembro que com minha família, sempre íamos para passar uns dias em Vitoria, e o trem percorrendo aqueles trechos maravilhosos, as paradas nas estações, a meninada de novo gritando e vendendo frutas, salgados, uma festa. O condutor sorrindo a dizer bem alto “Próxima estação, Aimorés!”. É uma saudade imensa. Foi uma época maravilhosa. O Rio Doce caudaloso, águas límpidas (hoje não é mais) Era também um espetáculo a parte a passagem de trem por outro em alta velocidade.

Hoje não tenho mais esta oportunidade de viagem. Anunciam aos quatro ventos um tal de trem bala. Acho que não vou viajar nele. Não vai me deixar ver o rio, as paisagens, a meninada com aquela algazarra na estação. Não será o trem dos meus sonhos. O que foi ficou no passado. Difícil enfrentar a modernidade. Não sei se gosto dela. Meus filhos e meus netos não terão oportunidade de viver o que vivi. Não tem mais Maria fumaça. Não tem mais meninos vendendo frutas e salgados. Acho que nem o condutor do trem com seu uniforme impecável e perfurar os bilhetes com maestria não mais existem. É melhor ficar só com as lembranças. Estas sim mostraram uma outra época e a de agora não é para mim. Quem sabe serão para os meus filhos e netos.


"Lá vai o trem com o menino
Lá vai à vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade noite a girar
Lá vai o trem sem destino
P’ro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra, vai pela serra, vai pelo ar
Cantando pela serra do luar
Correndo entre as estrelas a voar
No ar, no ar, no ar.”
 (O trenzinho caipira: Heitor Villa Lobos)

sábado, 18 de junho de 2016

Você é assim Escoteiro?


Conversa ao pé do fogo.
Você é assim Escoteiro?

Novo emprego.
                  Seu Chefe resolve apresentar você a todos. - Este é fulano. Um dos mais antigos, este é ciclano, entende de tudo, na dúvida pergunte a ele. E este é o Escoteiro. Trabalha bem, mas só fala em escotismo. Não gosta de outros assuntos. O Palmeirense tenta falar de futebol e ele fala em acampamentos. O Corintiano tenta falar do clássico de domingo e ele? Da excursão com seus lobinhos. Na mesa da hora do almoço fica anotando. O que é perguntam? Esboço da reunião de sábado. Preciso de um jogo novo! E por aí vai. E o pior ou quem sabe o melhor já levou mais de cinco daqui ao seu grupo. Se deixar ele monta aqui um Conselho de Chefes, mas olhe é bom sujeito. Trabalha bem, e quando volta de um Jamboree, Ajuris, Aventuras escoteiras, não tem quem aguente. Quer contar tudo que aconteceu. Mas é gente boa eu mesmo já pensei em entrar no Grupo Escoteiro dele!

Reunião de pais no colégio.
               Só ele fala. A professora começa e ele pede a palavra. A diretora assiste a reunião e até gosta dele, mas o pai acha que só ele entende de jovens. Pensa que é um pedagogo e se acha o tal. Um dos pais fala baixinho para uma mãe que está ao seu lado. – Quem é ele? – Chefe nos Escoteiros. Tem muitos anos que está lá. Dizem que os chefes dos escoteiros entendem tudo. Conhecem os jovens, sabem o que eles querem. – Mas aqui ninguém fala? – Claro que sim. Mas se prepare. Você fala e ele rebate. Numa boa, é educado. Mas como fala meu Deus! Eu já aprendi a ficar calada. Agora convenhamos o Chefe é mesmo bom com a juventude.

Um domingo no ônibus.
             Você vai visitar um amigo, um parente, pega o ônibus ou o metrô e pensando na vida entra dois passageiros e param junto a você. Você não quer entrar na conversa, é educado. Mas não dá para evitar. – Eu disse a você, fala um – Eu sei que disse fala o outro – Valeu a pena o curso, você devia ter ido – Não deu mesmo, por isto não fui. A família tinha um aniversário. Se faltasse já viu né? Precisava ver a equipe do curso. Nunca vi gente assim. Boa demais. – Conhecia alguns deles? - Não. Já vi um em uma assembleia, mas os outros não. – Todos tinham mais de três tacos? Só dois. Tinha um com quatro tacos. Menino! O cara era bom mesmo! Mas não vou desfazer dos outros. Um deles super técnico. Ensinou-nos técnicas que se hoje precisasse me virava bem em qualquer floresta.
            Os dois descem na sua frente. Você fica ali matutando. Que diabo era aquilo? Curso? Que curso doido! Tacos? Vai ver eram jogadores de beisebol! Mas jogar com três ou quatro tacos? E o que isto tinha a ver com a floresta? É cada doido que aparece que a gente fica doido também!

Sentado na praça do bairro.
              Gosto de ir à praça. Achar um bom lugar para sentar e pensar na vida. Alguns da minha idade vão jogar baralho, damas e eu não. Estava ali há hora e meia. Atrás de mim sentou um menino. Onze ou doze anos. Falava baixinho. Não deu para evitar e ouvir: – Prometo pela minha honra fazer o melhor possível. - não, não é assim. Acho que é prometo pela minha honra fazer tudo melhor – Não sabia o que ele estava fazendo. Continuou o menino – Vou ser leal, sincero, vou ter uma palavra, eu juro! - Caramba! O que ele estava a fazer? Um juramento secreto? Dizem que hoje a molecadinha tem um juramento secreto. - Ele continuou - Serei puro nos meus pensamentos, nas minhas palavras e nas minhas ações! Não aguentei mais, me virei e perguntei – Menino desculpe, não pude evitar em ouvir, você está treinado alguma peça teatral? – Não Senhor, sou um Escoteiro, estou aprendendo. Sábado farei minha promessa. Terei orgulho dela e quero falar para todos ouvirem!
              Sem palavras. Dizer o que? Então eles tem promessas? Acho que este escotismo é diferente. Acho que vale a pena conhecer melhor!


               São coisas que encontramos e quando não conhecemos dizemos: - O que é isto? Escoteiro? Honra? Palavra? Dizem que tem um bichinho que entra na gente quando entramos e não sai nunca mais. Dizem até que isto não é bom. Parece coisa de alienado. Mas quem está lá não pensa assim. E viva os escoteiros! Deixem-nos! Adoram o que fazem e eu? Risos. Como diz um Velho amigo que posta sempre fotos lindas: - Ele está na alma, na mente e no coração!

quinta-feira, 16 de junho de 2016

João.


João.

A primeira noite de acampamento ninguém esquece. Nas minhas memórias me lembrei de João. Era um bom monitor, mas sempre reclamando. Eleito por quatro votos a três não era unanime na patrulha. Naquela manhã ele subia a trilha do campo da chefia. Eu já imaginava que ele ia dizer:
– Chefe! Não dá mais. A Patrulha reclama, não anda e nada sai. Culpa de Pedrinho não ajuda e se acha o tal. De valente a mariquinhas. Está a chorar e quer a mamãe!
- Eu sem querer ri baixinho. Novatos são sempre assim na primeira noite. 

- João, Pedrinho não é o primeiro. Você mesmo foi assim quando aqui chegou. Lembras? Era escurecer e você a chorar pedindo mamãe. Quem lhe deu atenção amor, amizade assistida por toda uma noite?
– Nereu o meu antigo monitor Chefe.
– Pois é e você não aprendeu? Lembra-se do que ele dizia sempre a você?
- João lembrava nunca esqueceu. Eram frases de Chico: - “Se você pode ajudar em auxilio de alguém, faça isso agora. Enriqueça o seu vocabulário com boas palavras. Aprendendo a escutar, você saberá compreender”.

- João sorriu. Ele ainda tinha um enorme caminho a percorrer. Voltou para o campo dos Corujas agora sabendo o que tinha de fazer.
Pensei comigo: - Algumas vezes coisas difíceis acontecem em nossas vidas para nos colocar na direção das melhores coisas que poderíamos viver.

  

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Historias da Jangal. As caçadas de Kaa. Mowgli, o menino criado por lobos, passou a fazer parte da Alcatéia, e, portanto era um grande amigo dos animais da floresta. Uma vez, ele disse a Baloo e Bagheera que gostava dos Bander-Logs. Eles se espantaram e disseram: - Eles não têm leis como os lobos, somente falam para os outros; se consideram muito inteligentes e espertos, mas nunca fazem nada, apenas falam muito, em vez de trabalhar. Nada na selva tem a ver com eles: são covardes e sobem nas árvores para atirar cocos e galhos nos animais feridos. Sempre estão pensando em criar suas leis, porém se esquecem com facilidade de seus interesses. Um dia, os Bander-Logs sequestraram Mowgli. Eles haviam estado observando-o por entre as árvores, enquanto construía uma casa pequena com galhos e folhas para abrigar-se. Pensaram que seria muito bom aprender a construir casas como Mowgli. Enquanto ele dormia, se arrastaram até perto deles e os mais fortes pegaram-no pelos braços, subiram até o topo das árvores e correram quilômetros e quilômetros com ele, saltando por entre as árvores. Às vezes saltavam com Mowgli por espaços abertos, de uma árvore à outra. Assim, com saltos e gritos, a tribo inteira de Bander-Logs andou um largo trecho, levando Mowgli prisioneiro. Enquanto “voava”, Mowgli ia pedindo auxílio aos animais amigos. Acima, no céu, Chill, o pássaro milhano, se deu conta do que passava e, observando para onde o levavam, avisou Baloo e Bagheera, que entraram floresta adentro o mais rápido que puderam, na direção em que os macacos haviam levado o menino. Porém, Baloo já estava velho e não podia nadar tão depressa quanto os macacos. No caminho, encontraram Kaa, a grande serpente píton, de nove metros de comprimento. Esta, de bons instintos, porém muito astuciosa, desejava ardentemente comer os Bander-Logs e com facilidade foi convencida a ajudar; além de tudo, Bagheera lhe contou que os macacos a haviam chamado de “Lombriga-amarela-da-terra-sem-pés”. A velha Kaa não era muito de se irritar, mas esta falta de respeito à fez arder de raiva e quando Baloo lhe perguntou se ela iria ajudar a salvar Mowgli dos macacos, ela respondeu que sim! Kaa, Baloo e Bagheera dirigiram-se para uma cidade em ruínas, onde os macacos viviam e era lá que eles representavam a comédia em que fingiam que eram homens. Bagheera, rápida, se adiantou e quando viu os macacos reunidos ao redor de Mowgli, lançou-se sobre eles e os atacou sem pensar, mas havia milhares deles! Eles então pularam em cima de Bagheera e dominaram-na. Depois, a machucaram muito, e ela então foi obrigada a refugiar-se em uma peça que continha muita água, enquanto Baloo os atacava também. Para assegurar-se de que Mowgli não lhes seria tomado, os macacos o colocaram em uma pequena casa de verão, subiram até o teto e deixaram-no cair em um lugar de onde não podia escapar, pois o local era cheio de cobras. Mas ele imediatamente falou a SENHA que usam as cobras na selva: “Somos do mesmo sangue, tu e eu, irmãozinho”, e desta forma as converteu em suas amigas. Baloo estava lutando muito com eles, quando chegou à velha Kaa que, utilizando todas as suas forças se lançou sobre o bando de macacos dando golpes com sua dura cabeça para direita e para a esquerda, difundindo terror com seus assovios. Os macacos sabem que sua carne é mais gostosa e que as serpentes gostam. Assim, cheios de terror, correram! Enquanto isso, Baloo e Kaa dirigiram-se para salvar Bagheera e depois foi Kaa quem conseguiu resgatar Mowgli, fazendo com sua cabeça um enorme buraco na parede por onde Mowgli pode escapar. Kaa imediatamente começo a dar voltas em um campo aberto, enquanto assoviava. Os macacos que estavam no topo das árvores perceberam que ela estava dançando a “Dança da Fome”. Conforme se enroscava e dava voltas sobre si mesma, os macacos não podiam resistir à tentação de observá-la, a tal ponto que perderam o domínio sobre si mesmos. Então ela ordenou que eles a cercassem, o que foram fazendo gradualmente, até que ficaram tão perto, que ela pode pegar um a um para depois comê-los e satisfazer sua fome. Mowgli, Bagheera e Baloo voltaram para casa com a promessa do menino de que passaria a ouvir os conselhos de Baloo, para não se meter mais em encrencas.


Historias da Jangal.
As caçadas de Kaa.

Mowgli, o menino criado por lobos, passou a fazer parte da Alcatéia, e, portanto era um grande amigo dos animais da floresta.

Uma vez, ele disse a Baloo e Bagheera que gostava dos Bander-Logs. Eles se espantaram e disseram: - Eles não têm leis como os lobos, somente falam para os outros; se consideram muito inteligentes e espertos, mas nunca fazem nada, apenas falam muito, em vez de trabalhar. Nada na selva tem a ver com eles: são covardes e sobem nas árvores para atirar cocos e galhos nos animais feridos. Sempre estão pensando em criar suas leis, porém se esquecem com facilidade de seus interesses.

Um dia, os Bander-Logs sequestraram Mowgli. Eles haviam estado observando-o por entre as árvores, enquanto construía uma casa pequena com galhos e folhas para abrigar-se. Pensaram que seria muito bom aprender a construir casas como Mowgli. Enquanto ele dormia, se arrastaram até perto deles e os mais fortes pegaram-no pelos braços, subiram até o topo das árvores e correram quilômetros e quilômetros com ele, saltando por entre as árvores. Às vezes saltavam com Mowgli por espaços abertos, de uma árvore à outra. Assim, com saltos e gritos, a tribo inteira de Bander-Logs andou um largo trecho, levando Mowgli prisioneiro.

Enquanto “voava”, Mowgli ia pedindo auxílio aos animais amigos. Acima, no céu, Chill, o pássaro milhano, se deu conta do que passava e, observando para onde o levavam, avisou Baloo e Bagheera, que entraram floresta adentro o mais rápido que puderam, na direção em que os macacos haviam levado o menino. Porém, Baloo já estava velho e não podia nadar tão depressa quanto os macacos.

No caminho, encontraram Kaa, a grande serpente píton, de nove metros de comprimento.

Esta, de bons instintos, porém muito astuciosa, desejava ardentemente comer os Bander-Logs e com facilidade foi convencida a ajudar; além de tudo, Bagheera lhe contou que os macacos a haviam chamado de “Lombriga-amarela-da-terra-sem-pés”. A velha Kaa não era muito de se irritar, mas esta falta de respeito à fez arder de raiva e quando Baloo lhe perguntou se ela iria ajudar a salvar Mowgli dos macacos, ela respondeu que sim!

Kaa, Baloo e Bagheera dirigiram-se para uma cidade em ruínas, onde os macacos viviam e era lá que eles representavam a comédia em que fingiam que eram homens.

Bagheera, rápida, se adiantou e quando viu os macacos reunidos ao redor de Mowgli, lançou-se sobre eles e os atacou sem pensar, mas havia milhares deles! Eles então pularam em cima de Bagheera e dominaram-na. Depois, a machucaram muito, e ela então foi obrigada a refugiar-se em uma peça que continha muita água, enquanto Baloo os atacava também.

Para assegurar-se de que Mowgli não lhes seria tomado, os macacos o colocaram em uma pequena casa de verão, subiram até o teto e deixaram-no cair em um lugar de onde não podia escapar, pois o local era cheio de cobras. Mas ele imediatamente falou a SENHA que usam as cobras na selva: “Somos do mesmo sangue, tu e eu, irmãozinho”, e desta forma as converteu em suas amigas.

Baloo estava lutando muito com eles, quando chegou à velha Kaa que, utilizando todas as suas forças se lançou sobre o bando de macacos dando golpes com sua dura cabeça para direita e para a esquerda, difundindo terror com seus assovios. Os macacos sabem que sua carne é mais gostosa e que as serpentes gostam. Assim, cheios de terror, correram!

Enquanto isso, Baloo e Kaa dirigiram-se para salvar Bagheera e depois foi Kaa quem
conseguiu resgatar Mowgli, fazendo com sua cabeça um enorme buraco na parede por onde Mowgli pode escapar. Kaa imediatamente começo a dar voltas em um campo aberto, enquanto assoviava.

Os macacos que estavam no topo das árvores perceberam que ela estava dançando a “Dança da Fome”. Conforme se enroscava e dava voltas sobre si mesma, os macacos não podiam resistir à tentação de observá-la, a tal ponto que perderam o domínio sobre si mesmos. Então ela ordenou que eles a cercassem, o que foram fazendo gradualmente, até que ficaram tão perto, que ela pode pegar um a um para depois comê-los e satisfazer sua fome.


Mowgli, Bagheera e Baloo voltaram para casa com a promessa do menino de que passaria a ouvir os conselhos de Baloo, para não se meter mais em encrencas.