No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras

No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras
A aventura está apenas começando

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Eu sou sentimental... Demais! - boa noite


Hora de dormir, de sonhar, de voltar nas terras onde nasci.
Eu sou sentimental... Demais!

                   Hoje me senti emocionado. Pelas lembranças. Danadas de lembranças! Elas não me deixam em paz. Tentei rir, cantar, pensar que houve depois de tudo muitas coisas que não dá para comparar. Mas eu sei que sou uma explosão de sentimentos. Como disse o poeta sou uma bomba sentimental e sem desarme. Tento ser como muitos com fisionomia de gelo que parecem não ter sentimentos, duros, com um sorriso de aço que você não sabe aonde ele quer chegar. Eu queria ser como eles, mas não consigo, eu choro, minhas lágrimas caem com vontade quando me sinto extremamente sentimental. Já me disseram que o miserável receio de ser sentimental é o mais vil de todos os receios modernos. Disseram-me uma vez que Velho não chora, Velho sempre sorri, Velho é diferente, sempre tem noções de amor a dar e não mostram seus sentimentos. Acho que sou um Velho temporal, que fazia muito tempo que não me sentia tão sentimental.

                     Quando olho para minhas mãos e lembro-me dela no outrora do limiar de minha vida, quando me lembro do vento correndo espaços pelos montes, pelos horizontes e vendo a minha frente o sol inclemente potente, dizendo para eu prosseguir na jornada que escolhi fazer. Hoje minhas forças não são as mesmas, de um sopro armava uma barraca, de um canto surgia um fogão, uma mesa, tantas coisas que machuca só em lembrar. E os amigos da patrulha? Cada um ocupando seu espaço dentro do meu coração. Eu lembro, eu era afetuoso, afável, carinhoso e cordial. Afinal minha lei não me ensinou a ser assim? Hoje é patético minha fisionomia, meus ombros nem obedecem mais. Tem hora que tremo, minhas pernas ficam bambas, dá vontade de colocar uma mochila e sair por aí a cantar o Rataplã e eu sei que não vai dar. Da vontade de dizer a esta tristeza que bateu em minha porta, abrir um belo sorriso e dizer: - Desculpa senhora Tristeza, mas hoje a senhora Felicidade chegou primeiro!

                  Afinal sou um Velho sentimental e humano, humano como todos que me rodeiam, talvez um pouco mais, ainda sou um idealista, um lírico sonhador que ainda pensa que pode fazer mil bandeirolas no ar. Nunca tive e nem tenho medo do ridículo, nunca me considerei assim. Ingênuo talvez, piegas quem sabe. Dramático? Pode ser. Mas sou mesmo impressionável, me derreto todo com uma linda historia de amor. Ainda sou antiquado, gosto de abrir portas, dar lugar aos que merecem mais do que eu. Gosto de tirar o chapéu fazer uma reverencia e dizer: Boa tarde Senhora, desculpe minha demora, custei para chegar aqui. Fico todo abestalhado, apatetado, quando alguém me dá um beijo, beijo simples, na face adormecida, nossa! Sou assim? Água com açúcar melado, um paspalhão babadinho, sem a mínima noção do ridículo?

                     Que tempos que não esqueço. Quantas vezes no meu cavalo de aço eu saia a correr por aí. Com amigos aparvalhados, procurando por todo lado um lugar para acampar. Com meu Chapelão Escoteiro nunca esqueci meus frágeis conhecimentos, bom de nós, bamba em seguir as estrelas. Sabia amar a natureza e nem lembro mais quantas vezes chorei ao ver o nascer do sol em uma montanha qualquer. Nunca fui um bom cantor e nem um bom monitor. Tive minha Primeira Classe, lutei me escovei para conseguir. Minha prova de jornada foi demais. Ah! Tempos de lobo, de Escoteiro de Sênior, de Pioneiro. Chefe nem tanto, não tem aquele gostinho de viver sob a mesma bandeira ao crepúsculo e ao amanhecer. 

                      È difícil recordar o passado e não soluçar de saudades. Mas isto interessa a quem? Quem quer saber minhas lamúrias, meus infortúnios de uma vida que eu mesmo escolhi? Lastimar eu sei que não vale, pois só a saudade dói demais quando bate firme na mente do Chefe, do Velho Escoteiro que hoje nem é sombra do seu passado que um dia existiu. Ainda estou emocionado. A corrente do ontem bate forte com o hoje. É espantoso que ainda consiga lembrar. Graças a Deus pelo menos uma alegria de ter uma mente sadia. Lembranças? Memórias que não se apagam, rascunho de uma saudação mal feita? Imaginação inspirada de algum que não existe mais? Acho que sim. Ainda tenho lembranças. Carinho de um passado, espírito Escoteiro na mente e no coração. Dias assim sentimentais existem, ninguém pode fugir, uns choram outros riem e outros dizem que isto é coisa dos fracos.


Boa noite amigos e amigas. Desculpe o registro não anotado de um passado sempre lembrado. Desculpem meu choro minhas lágrimas. Mas mesmo sendo um Velho Escoteiro eu sou sentimental demais!