No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras

No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras
A aventura está apenas começando

quarta-feira, 16 de março de 2016

As estrelas moram no céu.


As primeiras badaladas da meia noite estão chegando. Hora de dormir!
As estrelas moram no céu.

Já escrevi aqui, mas sou um Escoteiro apaixonado por estrelas. Sempre foi assim. Eu gostava de contar estrelas, uma, duas, três... E quando perdia a conta voltava de novo a contar e sempre a perder de vista a multidão de estrelas lá no céu. Aprendi nos lobos há tempos e tempos atrás. Estrelas no céu sempre me fizeram sonhar, como sonhei em andar no meio delas como na melodia Chão de Estrelas. – “Mas a lua, furando o nosso zinco, salpicava de estrelas nosso chão, tu pisavas os astros distraída, sem saber que a ventura desta vida é a cabrocha, o luar e o violão”! Fui crescendo contando estrelas, me via velejando num barco a vela no meio delas, perdido e embriagado com tanto encanto. Quantas estrelas eu contei? Milhões? Bilhões? Números infinitos sem nunca terminar. Eu me perdia no meio delas quem sabe tentando tocar e sentir a caricia do seu frescor? Do seu calor? Do seu brilho? Eu gostava de contar estrelas... Ainda Escoteiro me animava a deitar na relva e ver aquele espetáculo que só Deus pode explicar.

Eu sempre gostei de contar estrelas, aquelas que moram lá no céu. Contei estrelas em lugares incríveis, montanhas impossíveis, picos indecifráveis. Sempre descansando a cabeça na grama, em uma pedra, ou a velha mochila companheira de aventuras. Tentei e não consegui contar estrelas em Caparaó. Sempre premiado com belicosas nuvens brancas a perder de vista. As estrelas quem sabe envergonhadas se escondiam por trás dos astros distraídas, e eu relutante ali a olhar para o céu. As brumas da nuvem branca, opaca não me deixando ver. Eu gosto de contar estrelas... Uma, duas, três, quatro... Foram tantas! Em Itatiaia um espetáculo inesquecível. Nas Montanhas do Morcego elas perdiam de vista. Nas planícies de Crenaque eu me esquecia de dormir. No lago do Enforcado era um imaginável chão de estrelas a salpicar nas asas cinzentas o colorido de um brilho de uma noite sem luar. Deus criou tudo em sete dias? Tantas estrelas no céu e eu nunca consegui saber quantas são? Perfeição do criador. Criou tantas coisas lindas, criou o nascer do sol, o por do sol se escondendo no mar imenso. O vento! Sim o vento amigo que nos acaricia o rosto no sol escaldante. Será que ele acaricia as estrelas?

Eu gosto de contar estrelas... Uma, duas, três, quatro... São tantas! Nenhum sonho é maior do que deixar o corpo solto e deitar em volta do fogo, noite alta, inclinado de olhos abertos em volta meus amigos, brasas adormecendo, fagulhas serenas pensando em subir aos céus... Quem sabe para contar estrelas. As belezas do mundo são nossas e o Escoteiro pode sonhar com elas, abraçar com elas, e... Contar estrelas! Privilégios que Deus no deu. Sentir a brisa caindo, molhando as folhas verdes a espera do sol, vendo a lua que se foi. A lua é linda, mas é uma só. As estrelas? São tantas perdidas no céu. Têm as pequenas, as grandes e não esqueço quando me deitei após um gostoso fogo de conselho lá para os lados da Pedra da Mina e dormi. Acordei antes de a madrugada nascer. Uma enorme estrela estava lá. Disseram-me que era a estrela D’alva, a rainha das estrelas que reinava cercada de milhões de outras como a reverenciar aquela rainha de todas elas. Foi um dos mais belos espetáculos de estrelas que um dia consegui ver. Parecia que as estrelas dançavam, em um lindo balé em volta dela. Sem perceber milhões de violinos começaram a tocar o Lago dos Cisnes e se Tchaikovsky ali estivesse eu tenho certeza que estaria de calça curta ao meu lado maravilhado em ver milhões de estrelas cintilantes nesta grandiosa abóboda celeste, um firmamento impossível de se tocar e... Contar...

Eu gosto de contar estrelas. A vida não para. Fui crescendo mais, homem me tornei e a idade não mais me deixou contar estrelas. Hoje as procuro no céu claro da minha morada e não as vejo. É, moderno isto. Não se pode mais contar estrelas, mas eu não desisto. Vou continuar insistindo e um dia quero de novo deitar na relva, próximo a um fogo adormecido onde as fagulhas relutam em subir aos céus, quem sabe para não atrapalhar a maravilha do firmamento e eu então começarei do zero, de novo a contar estrelas... Uma, duas, três quatro...

Vou dormir pensando nelas. Pensando quantos como eu um dia tiveram a felicidade de contar estrelas. Seria o mundo mudado? Ninguém mais se importava com elas? Os meninos e as meninas não contam mais estrelas? Ah! Como eu gostaria de ser eles, poder deitar na relva a noite e olhar para o céu estrelado, sentindo o zunzum do passar dos cometas que não pedem passagem e se vão a sumir no espaço infinito. Olho para o teto do meu lar onde durmo, abre-se uma fenda e vejo o céu. Não sei se estou dormindo ou se estou contando as estrelas... Uma, duas, três, quatro... Eu gosto mesmo de contar estrelas... Osvaldo... Um Escoteiro amante das estrelas.

Boa noite. 

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