No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras

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A aventura está apenas começando

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Jaquirana a Cigarra dourada dos Montes Serrat.


Lendas Escoteiras
Jaquirana a Cigarra dourada dos Montes Serrat.
(Uma história para lobinhos).

Pela estrada da vida, eu ouço o cantar,
Da cigarra sabida, que soa no ar.
No pomar florido, o som a enfeitar.
A luz do colorido daquele gostoso lugar.
No verão, ao entardecer sopra a brisa refrescante.
Anuncia o anoitecer, com um canto delirante.
O canto daquela cigarra traz saudade, recordação.
Tal qual a fanfarra, em tempo de comemoração.
Aquele inseto risonho, que vive a provocar,
Às vezes com o canto tristonho que nos leva a meditar.
Ela, à árvore, se agarra, para o seu som soltar.
Canta, canta a cigarra até pelas costas estourar.
Tunin.

           Dorothy estava encantada. O canto lhe chamava para segui-la e ela não sabia onde ela estava. Parecia no galho do Limoeiro alto, mas nada viu. Chamou Merlin para ajudar a procurar. Logo toda a matilha verde vasculhava galho por galho e nada. O cantar continuava. Era lindo como se fosse a História do Flautista de Hamelin que a Akelá Lavinia contou. Toda a matilha procurava e desistiram com o grito de “Lobo, Lobo, Lobo” da Bagheera. Dorothy pensou em não ir. Ela não queria sair dali, o canto era extraordinário. Quem cantava assim? Ela nunca tinha ouvido e ninguém nunca lhe falara sobre ele. Jovi o Balu veio ao seu encontro. - Está na hora Dorothy. Não ouviu o chamado da Akelá? Ela relutante o seguiu. O canto parecia segurá-la, mas ela obedeceu ao Balu. Afinal ensinaram para ela muitas coisas, mas ela sabia que uma boa lobinha ouvia sempre os Velhos Lobos.

          Não prestou atenção a história de Bagheera. O acantonamento que faziam no Monte Serrat sempre fora para ela uma aventura a parte. Adorava mas agora o canto não saia de sua mente. Naquela noite parecia que o canto das cigarras não parava. Quando todos foram dormir ela ficou acordada por muito tempo. Ela pensou que uma cigarra a chamava. Levantou de mansinho e na janela viu uma linda cigarra dourada. Psiu! Ela chamou. Dorothy na sua ingenuidade sorriu e saiu de mansinho pela porta. Na varanda a cigarra a esperava. Ambas sorriam. – Você gosta da gente? Perguntou a cigarra. – Adoro vocês e amo o canto que vocês cantam! Disse Dorothy. Olhe eu me chamo Jaquirana, será que eu posso lhe contar uma história? Adoro histórias pode sim. Então vamos lá, vou contar para você uma história que minha família conta a gerações e dizem que começou com meu tataravô, uma cigarra muito sábia e inteligente. Preste atenção:

- Era uma vez uma cigarra que vivia saltitando e cantando pelo bosque sem se preocupar com o futuro. Esbarrando em uma formiguinha que carregava uma folha pesada ela perguntou - Ei, formiguinha, para que todo esse trabalho? O Verão é para a gente se divertir! – Não, não e não! Nós formigas não temos tempo para diversão. É preciso trabalhar agora para guardar comida para o inverno! O tempo foi passando e durante o verão a cigarra continuou se divertindo e passeando por todo o bosque. Quando tinha fome, era só pegar uma folha e comer.

- Um belo dia, passou de novo perto da formiguinha carregando outra pesada folha. A Cigarra então aconselhou: - Deixa esse trabalho para as outras sua boba! Vamos nos divertir. Vamos formiguinha cantar e dançar! A formiguinha gostou da sugestão. Ela resolveu ver a vida que a cigarra levava e ficou encantada. Resolveu viver também como sua amiga. Mas no dia seguinte, apareceu à rainha do formigueiro e, ao vê-la se divertindo, olhou feio para ela e ordenou que voltasse ao trabalho. Tinha terminado a vidinha boa. A rainha das formigas falou então para a cigarra: - Se não mudar de vida minha amiga, no inverno você há de se arrepender. Vai passar fome e frio.

- A Cigarra nem ligou, fez uma reverência para a rainha e comentou: - Hum! O inverno está longe querida! – Para a cigarra o que importava era aproveitar a vida e aproveitar o hoje sem pensar no amanhã. Para que construir um abrigo? Para que armazenar alimento? Pura perda de tempo! Certo dia o inverno chegou, e a cigarra começou a tiritar de frio. Sentia seu corpo gelado e não tinha o que comer. Desesperada, foi bater na casa da formiga. Abrindo a porta, a formiga viu na sua frente à cigarra quase morta de frio. Puxou-a para dentro, agasalhou-a e deu-lhe uma sopa quente e deliciosa. Naquela hora, apareceu a rainha das formigas que disse a cigarra: - No mundo das formigas, todas trabalham e se você quiser ficar conosco, cumpra o seu dever. Agora toque e cante para nós.

- Para a cigarra e para as formigas, aquele foi o inverno mais feliz de suas vidas! Dorothy de olhos arregalados não sabia o que dizer. Achou a história linda. Ela que gostava de passear e nunca ajudava sua mãe agora seria diferente. Sempre reclamou da escola, dos seus deveres religiosos. Foi dormir contente e no dia seguinte contou a história para toda a Alcateia, que bateu palmas e queriam conhecer Jaquirana a cigarra. Dorothy olhou e mostrou no galho do abacateiro ela, uma linda cigarra que sorrindo se pôs a cantar:

¶Cigarra cor de mel. Extraordinária! Cigarra! Quem me dera Que eu fosse um velho cedro adusto e bronco, E tu, nessa alegria tumultuária, Viesses pousar sobre o meu tronco Ainda tonta do sol da primavera¶.


(esta história no final é baseada no conto A Cigarra e a Formiga adaptada da obra de La Fontaine).

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