Amélia.
Chefe o
que fazer quando alguém nos diz que precisamos mudar? – Olhei para ela com as
sobrancelhas levantadas. O que seria? Sou um bom ouvinte. Não gosto de
interromper. Sou como aquele que diz que o homem comum fala o sábio escuta e o
tolo discute. – Ela sorriu levemente. – Continuei calado. Tossi. Olhei para
ela. – Chefe não entendeu? Dizem que o escotismo hoje tem que se adaptar a
pedagogia moderna. Sorri. Eu já conhecia tais sintomas de mudança. Afinal tem
gente que gosta tanto de carnaval que vive o ano inteiro de máscara. – Vi que
ela queria uma resposta. O que dizer? Afinal a educação é o que sobra depois
que a gente esquece o que aprendeu na escola da vida. – Chefe e então?
Precisamos ou não mudar? Olhei para ela espantado: - Amélia, você é ótima,
acabou de me colocar numa saia justa. – Eu sabia que nenhuma pergunta é
indiscreta. Algumas respostas é que costumam ser e eu não sabia o que
responder.
Não
podia deixa-la decepcionada. Quem quer arruma um jeito. Quem não quer arruma
uma desculpa e este não sou eu. O tempo deixa perguntas mostra respostas,
esclarece duvidas... O tempo infelizmente ou felizmente trás verdades. Pensei
em Confúcio quando disse que os extremamentes sábios e os extremamente
estúpidos é que não mudam. Mas mudar o que? - Perguntei a ela. – Chefe o senhor
é conhecido como um progressista do seu tempo. Quem o conheceu sabe que seu
histórico ainda vive no passado, afinal o senhor é ou não um tradicionalista?
Dizem que seu legado não foi posto em duvida, mas então, aceita mudar? Ela me
pegou batendo o sino da meia noite na Igrejinha de São Domingos. Deus me livre
de Kenedy que disse uma frase que nunca esqueci. – Se você agir sempre com
dignidade, talvez não consiga mudar o mundo, mas será um canalha a menos. Um
tema que sempre me tocou profundamente. Eu era daqueles que nunca devemos mudar
de cavalo no meio do rio. Eu era um tradicionalista que no passado foi chamado
de conservador, burguês e reacionário.
Precisava
dar uma resposta, qual? Nunca tive vergonha de corrigir meus erros e mudar de
opinião, porque nunca me envergonhei de raciocinar e aprender. O Velho
Churchill dizia sem nenhuma dúvida que não há mal nenhum em mudar de opinião,
contanto que seja para melhor. E era para melhor o que os novos sábios faziam?
Está dando certo? Kennedy no alto da sua sabedoria dizia se formos mudar as
coisas de modo como devem ser mudadas, teremos de fazer coisas que não
gostaríamos de fazer. A humanidade não era mais a mesma como no passado. Tudo
vai se evoluindo, mas o escotismo precisava mudar pelas mãos de quem não viveu
o passado? – Amélia as mudanças são benéficas desde que estejam dando certo. Eu
posso mudar, eu posso viver da minha imaginação ao invés da minha memória. Se
eu acreditar que este é o melhor caminho. – Eu adoraria dizer a você que tudo
vai dar certo. Que o sucesso está ali próximo de cada um de nós. Não existem
obstáculos intransponíveis, pois tudo que uma pessoa possa planejar é capaz
também de realizar.
Ela
sorriu e se foi. Eu fiquei a meditar. Não sabia se acreditava em minhas
próprias palavras. Sempre fui um discípulo das ideias do Líder. Seu seguidor
fiel. Adaptei-me a realidade dos novos tempos, mas francamente tinha enormes
dúvidas do seu sucesso. Eu sabia que o que vale na vida não é o ponto de
partida e sim a caminhada. Parodiando Millôr Fernandes, meu destino não passa
pelo poder, pela religião, por qualquer dessas mudanças idiotas. Meu script é
original, fui eu quem fiz baseado no escotismo que acredito e por isto não
morro no fim!
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