No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras

No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras
A aventura está apenas começando

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

“Antonio”


“Antonio”

                         Se ele tivesse uma ampulheta do tempo diria que a areia findava e breve ela estaria vazia. Sabia que viver semanas seria uma dádiva, pois o especialista disse que não duraria tanto. Doença cruel que o fazia morrer devagar e sofrido. Cada sessão de quimioterapia era um suplicio e muitas vezes ele pediu a Deus que o levasse, mas sabia que não poderia decidir. Sua vida estava nas mãos Dele e se fosse para ser assim teria de ser. Um dia riu de si mesmo quando pensou em acabar com a vida do Professor Gerson. Foi um momento de raiva que ele ajoelhou e pediu perdão pelos pensamentos nefasto. Setenta anos de escotismo, um dos poucos fundadores iniciado como lobo via a cada dia o sonho Escoteiro se acabar. Uma legião que lutaram junto via angustiados tudo se perder nas mãos de um diretor hipócrita, que decidiu sem consultar ninguém retomar o terreno da sede escoteira.

                           Um documento entregue em uma solenidade na praça da cidade que não valia mais. Um prefeito que lhes deu uma posse de mentira, uma luta ano a ano para transformar uma saleta em uma sede com todas as necessidades de suas sessões. Quanto sangue derramado? Quanto suor e lágrima para conseguir um tijolo, uma telha, uma porta e tudo agora estaria perdido? Com que direitos? O advogado Jamil disse que não tinham como fugir. Tinham de entregar a sede em trinta dias. A lei era clara. Deu sua vida, deu seu amor, viveu ali fazendo tudo pela cidade e agora não havia retribuição. Prefeito, vereadores se curvavam ao novo Diretor Nomeado da FATEC uma entidade governamental. Para onde iriam? Como continuar? Todas as tardes ele procurava uma solução e nada. Mesmo espiritualista maldizia o Diretor que nunca foi Escoteiro e não queria entender os benefícios de uma educação extraescolar. Prefiro morrer antes, não dá para assistir esta derrocada final.


                      Foi levado ao hospital. Escoteiros e chefes acorreram ao local. Eis que extenuado chega o Presidente. Amigos o decreto do Professor foi anulado. Uma petição entregue ao Ministério da Educação que ninguém sabe quem enviou foi aprovada. Agora somos proprietários com escritura lavrada! Uma palma estrondosa ecoou na porta do hospital. Na UTI Antonio sorria. A luta se encerrava. Valeu enviar aquela petição. Agora poderia morrer em paz!

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