No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras

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A aventura está apenas começando

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Medalha “velho lobo”


Medalha “velho lobo”

A tempos ou melhor em 2017 em um artigo postado o meu amigo Giancarlo Valente defendia galhardamente que eu deveria ser agraciado com a medalha “Velho Lobo”. GV é insistente. De suas posições ele não abre mão. Ainda bem que o tenho em meu coração. Muitos comentaram a favor ou contra. Alguns se apegaram nas normas regimentais. Ah! Normas e normas! Porque o chefe não faz o registro? – Bem tenho 79 anos de idade. Entrei para o escotismo em 1947 onde em abril fiz minha promessa de lobo. Três anos e meio depois fiz a de escoteiro. Certificado e registro nem sabíamos que existiam. Meu escotismo foi de mochila nas costas, bicicleta errante e até mesmo meu Vulcabrás favorito correndo estradas e trilhas de aventura. Escotismo livre leve e solto, sem amarras.

O tempo foi passando e eu escoteirando. Sênior, pioneiro ah! Quantas aventuras. Hoje sei que não é mais assim. Já comentam que Escotismo de sede dá resultados. Ainda bem que tem muitos escoteirando pelos campos e fazendo belas aventuras. Fui Chefe de Lobo, de tropa, de Sênior fui distrital. Nunca deixei de escoteirar. O tempo foi passando e em 1956 fiz meu primeiro registro. Não como hoje com uma parafernália eletrônica. Impressos indo e vindo pelo correio. Alguns registros demoravam até oito meses. Eis que em Belo Horizonte, por causa de um ADIP onde o Escoteiro Chefe estava presente me pediu para ir à sede regional. Convidou-me para ser o Comissário. Aceitei. Foram quase nove anos correndo municípios mineiros. Foi meu início na minha saga de dirigente.

Não gostava do que via. Escotismo é o de B.P e se alguém julga que não fico na minha. Fui a Brasília no Conselho Nacional hoje chamado pomposamente de Assembleia. Tentei conversar com o Escoteiro Chefe, levei uma plêiade de escritos meus para distribuir. Pediu-me para deixar para o próximo. Trouxe tudo de volta. E olhe nada mudou. O mote de vá a Assembleia é de matar de rir. Em 1977 cheguei a São Paulo. DCIM dezenas de cursos eu pensei que poderia ajudar. Engano. A trupe que comandava o adestramento no estado me deixou no ostracismo. Não desisti. Participei aqui de dois grupos, antes em mais três. Fizemos um IM onde muitos pais adestrados por mim participaram. Reuniões a cada vinte dias para discutir o caderno. Fui convidado para Assistente Regional de Adestramento. O ar ferveu. Impossível gritaram os donos do poder. Muitos da Equipe Regional de Adestramento se recusaram a participar dos cursos que convidava. Foram mais de cem cursos em tempo integral. Reunia próximo de 15 chefes IMs para um seminário de adestramento a cada trinta dias. Vinha gente de São Vicente e outras cidades do Estado. Um dia o “J.M” da baixada santista me disse: - Chefe, o regional pediu para eu afastar. Pediu a todos.

Fui ser chefe em um grupo próximo a minha casa. Quase 12 anos. O grupo cresceu e achei que devia passar o bastão. Um dia pediram-me para montar e dirigir o primeiro CAB Pioneiro no Brasil. Se inscreveram mais de 40 alunos. A trupe do poder quase deu a luz e teve a pachorra de infiltrar o DCIM muito conhecido e admirado no curso. Seria ele encarregado para ver se eu tinha condições? A história disto tudo fica para depois. O tempo foi passando e a EB passeando na Europa para a Conferência Mundial. Quem paga? Disseram-me que o plano era assumir a WOSM. Risos. Resolvi lutar sozinho. Mandei o registro às favas. Não me valia de nada. Alguém deve se lembrar de que na década de setenta, incluíram na Promessa Escoteira – Servir a União dos Escoteiros do Brasil. Nossa! Servir? Afinal uma associação não existe para servir seus associados? Curitiba a vista. Lá montaram a base. Sabichões, doutores, pedagogos enfim um universo de novos lideres se formaram. Apossaram-se do poder.

Li várias vezes o Dossiê do Doutor Jean Cassaigneau. Agora sim pensei. Vai alertar esta cambada para tirar o escotismo entre muros e fazer a coisa andar. Que nada. Não afirmo, mas a ideia era fazer desaparecer os antigos os galochas escoteiros. Com gente nova a disciplina não seria discutida. Hã Democracia! Claro que deu certo. Não tinha mais armas para lutar. Mostrar o que penso o que poderíamos discutir nas ULs para que o escotismo desse um salto no futuro. A EB resolve, não faz pesquisa, não pede sugestões e lá vem de novo uma nova norma para cumprir. Discutir normas regimentais como funciona a EB? Sabemos que temos experts que decoraram tudo. São os Politicamente Corretos que defendem suas posições na EB. São errados? Não. Aprenderam assim. Acham que devemos ser obedientes e disciplinados. Eles são a linha de frente. A EB? Empanzinada com o poder agora só pensa naquilo! Isto mesmo. Nada pode dar prejuízo. Deus do céu!

Não fiz e nunca mais farei meu registro na Escoteiros do Brasil. Sou e serei sempre um associado sem pagar da antiga União dos Escoteiros do Brasil. Na minha época havia sorrisos no ar. Havia lealdade. Havia sinceridade e nada era feito nos porões do poder. Sei que ainda tem muitos dirigentes de alma escoteira. São poucos. A indelicadeza, a falta de cortesia, o abraço e a deslealdade parece estar se infiltrando nas hostes do poder. Sei que ninguém tem nada com isto, mas no passado eu tinha amizades, gente que sabia dar um abraço, um sorriso e ser leal. Fui amigo do Chefe Francisco Floriano de Paula. Tive a honra de receber e bebericar com gente da alta roda escoteira: - Muitos DCBs, DCIMs a Maria Pérola o Hélio (quem se lembra?) o Basbaum o Darcy Malta. Muitos gostavam da comida da Célia. Hoje? São os tais. Sorrisinhos nos corredores do Congresso/Assembleia. Tapinhas nas costas. Tem aqueles que são entendidos, viram para você e dizem: Servir meu amigo servir. Afinal você paga para ser chefe e ainda reclama?

Finalmente fui convidado sim pelo Elmer a ir ao Seminário dos Antigos Escoteiros. Não fui. Não gostei do convite. Não era o que pensava. Não gosto de paparicar e ficar na sombra. Gosto de elogiar discutir bases concretas e não só filosofia. Não me pediram opinião e cá pra nós eu já sabia o que ia acontecer. – Bem voltemos à medalha. Como regional recebi doze. Quatro em duplicidade. Nada há ver com as grandes condecorações que os grandes chefes fazem questão de colocá-las brilhantemente no pescoço. Agora fazer um registro para receber uma medalha? Isto é ético? Onde está a minha dignidade? Nunca vou esnobar uma medalha. Mas sou um Velho Chefe Escoteiro e não um Velho Lobo. Hoje colaboro escrevendo. Artigos de formação, de contrariedade, de histórias e lendas escoteiras. Sem querer me esnobar a Escoteiros do Brasil e muitas outras associações escoteiras devem muito aos meus contos, minhas histórias onde o escotismo floresce de uma maneira natural e encantada.

Nada mais a dizer. Ao Giancarlo meu amigo até hoje continuo agradecendo pela lembrança. Aos comentários também. Não guardo rancores. Faço questão da honestidade, da honra e do caráter. Nunca ofendi ninguém. Tento sim ajudar no que posso e aprendi, mas não dou o braço a torcer. Ainda não sou daqueles que ao receber uma caricia no rosto dou o outro lado para continuar. . Sou amigo de todos, falem mal de mim, mas podem contar sempre comigo. A todos meu fraterno abraço.
Sem mais, Chefe Osvaldo.

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