Lendas
Escoteiras.
Lepitop,
o Gato Escoteiro.
Ninguém sabia sua origem e de
onde ele tinha vindo. Nem tampouco onde morava. Há anos todas as reuniões lá
estava o Lepitop. Quem lhe deu este nome também não tinham a menor ideia. A única
certeza era que impreterivelmente quando o primeiro Escoteiro ou o primeiro
lobinho chegasse à sede lá estava Lepitop. Interessante era que se algum Chefe
fosse fazer algum serviço na sede e não houvesse Escoteiro presente, Lepitop
não aparecia. Porque não gostava de adultos não sei explicar. Lepitop tinha um
amor todo especial por Narinha da Matilha Rosa e Jarilson da Patrulha Raposa.
Talvez porque eles descobriram que ele adorava arroz misturado com carne moída.
Mas foi Narinha quem primeiro observou que ele só comia em prato de louça.
Luxo?
O Gato Lepitop tinha pelos longos
com manchas brancas e incríveis olhos azuis. Um só. O outro era coberto por uma
mancha branca. Muitos visitantes que iam ao grupo eram surpreendidos pelo Gato
Lepitop. Sua fama percorreu toda cidade de Luar Azul. Quando a reunião começava
com a chamada geral para o cerimonial de bandeira Lepitot também se formava
sempre ao lado do responsável pela cerimonia. Agora ninguém ria, mas quando a
bandeira subia farfalhando com o vento, ele ficava olhando e não tirava os
olhos enquanto ela não alcançasse o topo. Depois corria para junto da Patrulha
Raposa e durante o grito ele ficava no meio de todos, e claro, sempre no final
ouviam seu “miau”. Por favor, não riam. É pura verdade. Eu vi com meus olhos
que a terra a de comer.
Lepitop não perdia nada. Da
Patrulha corria para a Alcatéia para ver se conseguia alcançar o grande uivo.
Quando a Akelá abaixava os braços ele ao seu lado abaixava também. Quando os
lobinhos pulando e gritando o melhor, lá ia Lepitop pulando também. Sempre com
seu “miau” no final. Em toda a reunião Lepitop corria de sessão em sessão.
Quando a reunião terminava, Narinha e Jarilson corriam até a sede e lá
colocavam sua comida. O arroz com carne moída. Lepitop ronronava, passava de
leve o rabinho na perna de ambos e comia com gosto. Uma vez resolveram
descobrir onde ele morava. Claro que perguntaram por toda a vizinha, mas
ninguém soube informar. Narinha e Jarilson sempre se preocuparam com suas refeições
aos sábados e durante a semana? Não acreditavam que ele aguentasse tanto tempo
sem comer.
O Gato Lepitop começou a ficar
famoso. O Comissário do Distrito soube e foi lá visitar. O Diretor Regional
também. Da UEB não veio ninguém. Quem sabe muito longe para viajar até Luar
Azul. Até o Redator Chefe do Jornal
Capacete de Ouro foi lá no grupo entrevistar Lepitop. Disseram a ele que o gato
falava. Risos. Um dia o pior aconteceu. O Gato Lepitop não apareceu na reunião.
Os lobinhos e escoteiros sempre de olho no portão. As reuniões foram péssimas.
Sem o Gato Lepitop tudo parecia ir por água abaixo. Esperaram a semana seguinte
e nada. Só viam-se olhos marejados de lágrimas. Desde os lobinhos até os
escoteiros e seniores. Claros os chefes e os pioneiros ao seu modo sentiam-se
angustiados.
Todo o Grupo Escoteiro fez um
mutirão de buscas. As famílias dos escoteiros ajudavam. Toda a cidade foi
vasculhada e a todos foi perguntado se conheciam o Gato Lepitop. Três semanas e
nada. Impossível dar reunião. Ninguém queria fazer nada. Só choro e choro.
Narinha coitada não parava de chorar. Nem na escola estava indo mais. Jarilson
sempre com os olhos marejados de lágrimas. O Conselho de Chefes e a Diretoria
do Grupo Escoteiro se reunirão muitas vezes em busca de uma solução. – A melhor
seria dar férias a todos. Pelo menos um mês. Quem sabe poderiam voltar com novo
ânimo? Foi um dia triste. A boca pequena todos sabiam o que ia acontecer.
O Diretor Técnico tocou sua trombeta
com o sinal de reunir. Antigamente era uma algazarra. Todos vinham correndo,
sorrindo e era uma beleza ver os gritos de Patrulha e as apresentações. Fazia
dó agora. Um silêncio mortal. Só olhos encharcados de lágrimas. Soluços em
profusão. Um gato, apenas um gato para fazer tudo aquilo? Mas não era só um
gato, era o Gato Lepitop. Aquele que era amado por todos. Meu Deus! Impossível!
O Chefe começou a falar das férias e eis que aparece na porta do pátio nada
mais nada menos que o Gato Lepitop. Ele na frente todo garboso, atrás dele uma
linda gata amarela de pelos longos e mais atrás três gatinhos cinza e outros
amarelos. Em fila indiana. Como se estivessem marchando! Um espetáculo que quem
viu jamais iria esquecer.
Lepitop tinha casado. Estava em lua de
mel. Sua esposa Natibook tinha dado a luz três lindos gatinhos. Asustek, Epad e
Android todos foram muito bem cuidados por Lepitop. Gritos de urras, milhões de
sorrisos, canções, pulos saltitantes eram como se a luz tivesse voltado ao
Grupo Escoteiro de Luar Azul. A notícia correu e toda a cidade foi até lá para
ver. Foguetes foram lançados no ar. Abraços se deram aos montes. E assim, a paz
voltou a reinar no Grupo Escoteiro de Luar Azul. Tudo por causa de um gatinho,
um não agora eram quatro! E assim termina a história. Dizem que boi não é vaca
e feijão não é arroz e então meus amigos, quem quiser que conte dois!
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