No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras

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A aventura está apenas começando

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Maninho virou homem e vai acampar!


Lendas Escoteiras.
Maninho virou homem e vai acampar!

             Ninguém acreditava, todos pensaram que era uma história da carochinha, afinal Maninho com onze anos tinha aparência de cinco. Raquítico, pequeno ele nunca brilhou como tendo uma saúde de ferro. Todos que olhavam para ele morriam de pena. – Não vai durar muito dona Laura – É acho que não dura não. Assim falavam suas vizinhas quando a ambulância após suas crises o trazia de volta a sua casa. Dona Tereza sua mãe era incansável. Nunca reclamou do trabalho que Maninho dava. Dia e noite ao lado dele, fazendo tudo que os médicos pediam, correndo em farmácias atrás de caros remédios e sem um tostão para pagar. Muitos ajudavam outros diziam – É problema do estado! E assim ano após ano ela penou para que Maninho sarasse – Impossível Dona Tereza, dizia o Doutor José. Eu já disse a senhora. Maninho tem Esclerose Lateral Amiotrófica, a senhora sabe, é uma doença devastadora. Se ele viver até os dez anos o que acho impossível é porque um milagre aconteceu. Mas Maninho passou dos dez e agora estava com onze anos.

              Muitos achavam que Deus devia levar aquele menino que aqui na terra só penava e dava um trabalhão enorme. Maninho dificilmente dava um sorriso, ele andava com estrema dificuldade e precisava da ajuda da mãe. Adorava ir ao parque proximo a sua casa e ver a meninada correndo, brincando no pula-pula, nas gangorras e descendo a toda no escorregador. Ele nunca soube o que era isto, pois nunca podia brincar como os outros. Um dia sem a mãe perceber, pois estava a conversar com uma amiga ele foi claudicando até a gangorra. Sentou com dificuldade. Outro menino da sua idade o ajudou – Deixa que vou empurrá-lo. Maninho sorria, o vento no balanço batendo no seu rosto era estupendo. Ele vibrava com o balançar para lá e para cá sublime. Só sentiu o baque quando caiu na areia de frente. Desmaiou e acordou no pronto socorro, como sempre tomando soro e com aquela horrível máscara no nariz. O corpo doía horrivelmente. Maninho chorou. Ele ainda não sabia pedir a Deus pela sua recuperação. Sua mãe rezava por ele.

               A aposentadoria que Dona Tereza recebia ia quase toda nas despesas de remédios com Maninho. O Pastor Joel muito amigo da família estava sempre lá rezando por ele e pedindo a Deus que fizesse dele um menino normal. De vez em quando ele sentava na cama, pedia água e se podia comer um pedacinho de chocolate. Agua sim, chocolate não. Um benemérito doou uma cadeira de rodas para Maninho. Ele a sua moda sorriu e agradeceu. Andar estava muito difícil. Agora ele podia andar pelas estreitas calçadas do parque, explorar lugares nunca visitados e sentir a brisa quando corria um pouco mais na sua cadeira de rodas. Maninho estava parado olhando um pardal no galho da Aroeira. Era lindo. Cantava e pulava em outro galho. Maninho com lágrimas nos olhos pensou porque ele não era um pardal? Podia voar cantar ir para lindos lugares e explorar a montanha que ele avistava ao longe de sua cidade.

                 Maninho avistou algum impossível. Vários meninos da idade dele com um lindo uniforme, brincando com cordas, levantando bandeiras, cantando e fazendo uma anarquia enorme quando ganhavam algum jogo. Ele ficou boquiaberto. Agora sim estava revoltado com sua vida. - Porque eu não sou como eles mamãe? Dona Tereza não sabia o que dizer. Seus olhos encheram-se de lágrimas. Um menino de uniforme segurou sua mão. – Vamos você vai brincar conosco – Ele não pode andar, disse Dona Tereza. – Senhora, nós vamos jogar o Kim no espaço. Garanto que ele vai ganhar de todo mundo. Quer saber? Eu mesmo fiquei pasmado com a alegria de Maninho. Ganhou todos os jogos do Kim que o Chefe fez. Foi ovacionado, abraçado e sua alegria era tanta que ele chorava. O Chefe o pegou no colo e gritou – Viva o novo Escoteiro da tropa Avante! – Eu? Eu não posso andar! Nunca vou ser Escoteiro. E lá foi ele para sua casa triste e acabrunhado.

              Na outra semana alguém bateu na porta da sua casa. Ele estava tomando soro e sua respiração difícil. Entrou em seu quarto uma patrulha de escoteiros. – Não posso andar e não posso sair. – Vamos Maninho, o Chefe disse que você é um de nós. Dona Tereza sorriu e falou aos Escoteiros que era impossível. Senhora nosso Chefe diz sempre para nós que a sensação de bem estar, estar de bem consigo mesmo é um grande remédio. Maninho precisa sair ver o mundo e aprender a controlar sua própria vida. Ele precisa saber que sua vida é resultado do que ele fizer e assim não se sentirá refém do mundo. Mesmo assim dona Tereza não deixou que eles levassem seu filho. Ela era mais pragmática. Não podia dourar a realidade. Milagres acontecem, mas ele doente ir aos Escoteiros era diferente. Obedientes os Escoteiros foram embora. Os olhos vermelhos de Maninho tinham as lagrimas que ele guardava quando a tristeza chegava.

                Os Escoteiros eram insistentes. Duas ou três vezes por semana iam procurar Maninho. Na beira de sua cama cantavam, rezavam e jogavam jogos do Kim. Quando eles apareciam, Maninho dava um enorme sorriso. Parecia outro menino e a não ser pela sua aparecia altura e corpo pequeno ninguém diria que ele estava doente. O mundo é feito de alegrias e tristezas. Uns tem e não podem outros podem e não tem. A insistência dos Escoteiros passava as raias da boa educação. Dona Tereza resolveu dizer aos escoteiros que estavam dando falsas esperanças ao seu filho. Se até hoje ele sobreviveu foi por que ele dedicou sua vida a ele. Naquele sábado ela não pode dizer nada. Eles chegaram como sempre sorrindo e cantando e desta vez com um uniforme para Maninho. Foi demais. Nunca se viu um sorriso tão grande quando ele se olhou no espelho, deu um passo atrás e outro a frente. Com sua voz rouca fez a saudação Escoteira e disse Sempre Alerta!

              Podemos leva-lo Dona Tereza? O que fazer? Maninho em pé sorria e beijava sua mãe. Seu semblante era esplêndido. Sua voz mudou. - Deixa mãezinha, deixa. Se tiver de morrer porque não com eles? Lá meu sonho vai se torna realidade, lá eu cantarei com eles, vou brincar e ser a criança que nunca fui. Vou andar com eles e se Deus me reservar que eu possa acampar e quem sabe morrer feliz? Não tinha jeito. Ela foi com ele em espírito. Foi o dia mais feliz da vida de Maninho. Contar tudo que aconteceu é impossível. Quem sabe dizer que as rosas tem o perfume perfeito, que o bosque tem o ar perfeito, que os pássaros quando cantam encantam a todos. Quem sabe dizer que a aurora era mais linda, que o por do sol mudou só para alegrar o mundo? Impossível. – Mamãe, eu vou acampar! Dona Tereza olhou para Maninho, era outro, mais robusto, mais forte, um sorriso que pagava todo amor que ela lhe deu e continuou a dar. Contar como foi o acampamento, me desculpem, eu não vou contar. Contar como os vizinhos viam e não acreditavam também não vou contar.


                       Eu só posso dizer que muitos são felizes com o que são eles aprenderam a misturar o amor, o perdão e os sorrisos em um caldeirão da felicidade que se encontra no fundo do coração. Concluo que podemos conseguir a felicidade se fizermos de cada momento de nossa vida uma pequena felicidade! Quando abrimos os olhos de manhã e podemos enxergar o céu azul, as arvores floridas, ouvir os pássaros cantando, abraçar nossos entes queridos compartilhando com eles o pão de cada dia devemos dizer bem alto: obrigado, meu Deus, por mais esse dia de felicidade! Sim, a felicidade é um estado de espírito que nenhum bem material pode nos oferecer e que é alcançada somente com muita meditação, muita oração, e especialmente com a integração completa com o Pai Amor! 

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