No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras

No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras
A aventura está apenas começando

terça-feira, 13 de maio de 2014

Os dois lados da felicidade.


Lendas escoteiras
Os dois lados da felicidade.

                     Esta é uma história que aconteceu em algum ponto da vida moderna, onde a visão era ofuscada pela tecnologia e os jovens deixaram de ser sonhadores para viver um presente que eles mesmos não tinham certeza se era ali que morava a felicidade. Tudo começou quando o acampamento resolveu falar. O acampamento nunca falava. Era humilde. Nunca se revoltou. Agora mais triste se sentia, pois só falavam em novos tempos. Ele sabia que Olhos Azuis Profundos não era Escoteira. Pensou em nada dizer, pois existem dias e horas que calar é melhor. Mas ele sabia de sua importância e pediu se podia falar. A Internet, a Televisão e o Celular riram bastante. O que uma barraquinha “mixuruca” tem a dizer? O acampamento era educado. Não gostava de jactar-se. Nunca fez isso. Sabia do reconhecimento daqueles quem o conhecia. Mas neste dia ele resolveu falar, dizer quem era, ele sabia que os outros deveriam saber o quão importante ele era.

                  - Eu meus amigos, poderia oferecer a Olhos Azuis Profundos o perfume das flores silvestres. Poderia mostrar a ela a mais bela e misteriosa flor da floresta, o desabrochar de Orquídea branca lá em cima da montanha no carvalho centenário. Ela iria ver os olhos brilhantes como os dela na Coruja Buraqueira da noite escura e sem luar.  Poderia mostrar a ela a beleza do Balé dos Beija Flores na primavera. Ensinar a ela a seguir as estrelas brilhantes no firmamento. Quem sabe um passeio de sonhos na Via Láctea? Iria mostrar a ela como reconhecer as estrelas, que sabe a Alfa-Centauro? Já pensou ela ver ouvir a chuva caindo na mata? Leve, calma como se fosse uma linda sinfonia imperdível aos ouvidos de um velho mateiro. E o cheiro da terra molhada? Ah! Demais meus amigos. E a noite iria cantar com ela em volta do fogo junto a tantas amigas de verdade que lá estarão.

         - Iria contar para ela a história da pena azul, que um dia sobrevoou o horizonte onde eu estava. Era apenas uma pena. Uma pena de um pássaro qualquer. Pequena, um azul desbotado que bailava ao sabor do vento. De quem seria? De uma rolinha marrom? De um Canário Belga amarelo? Podia ser de muitos pássaros e eu nunca a identifiquei. Fiquei ali olhando seu bailado, o vento leve, o céu azul um sol vermelho queimando a terra. Não sei quanto tempo ela ficou suspensa no ar, mas eu hipnotizado não tirava os olhos até que o vento aumentou e ela se foi para sempre. Fiquei ali acampado na beira do Rio dos Mil Amores esperando. Quem sabe o vento a traria de volta? A tarde chegou e com ela a noite. Ela não voltou. Hora de esquecer a pena, pois sabia que nunca mais iria vê-la de novo.

                  - E o acampamento, parecendo querer trazer de uma só vez toda sua nostalgia, continuou – Eu gostaria de ver Olhos Azuis Profundos sorrir com o nascer do sol, e maravilhar-se com o por do sol, iria jogar, passear, fazer jornadas, ter uma fome tal que comeria um elefante o que não faz agora. Iria tenho certeza maravilhar-se na piracema, a ver os peixes saltitantes na cascata da nevoa branca, tentando alcançar o inatingível.  Ela meus amigos iria sentir orgulho de sí mesma. Não seria mais dependente, pois ali iria aprender junto à natureza uma vida de aventuras. Ela iria colocar uma mochila e partir para um mundo de sonhos, mas sonhos reais onde nada estava previsto. Ela iria descobrir um novo mundo ao meu lado. Iria aprender a fazer fazendo e depois meus amigos quando retornasse, ela saberia que o escotismo e eu poderemos lhe oferecer muito mais.

                     - O Acampamento parou por uns instantes, voltou novamente a falar com voz tristonha e disse para terminar – Ela meus amigos, Olhos Azuis Profundos se continuar com um celular, a internet e uma TV em breve terá as pernas e os braços atrofiados. Ela não andará mais. Ela agora viaja com vocês vendo outros fazerem e ela nada fazer. Sua mente irá desaparecer na loucura do tempo. Nunca irá ver Deus em plena natureza, na cascata do riacho, nas campinas verdejantes, nas noites e no amanhecer de um novo dia. Eu fico triste por ela. Triste porque só ela pode dizer sim ou não e vocês e eu somos meros coadjuvantes! E sabem? Fico triste por vocês, pois estão presos em uma quarto, em uma sala e se um dia a luz faltar e a bateria acabar vocês desaparecem como o vento na tempestade. Eu? Nunca vou desparecer, com chuva ou não, tendo eletricidade ou não. Eu sou a mão de Deus aqui na terra!


               E o acampamento voltou a sua condição de um simples ser inanimado, sem voz, agora contente, pois teve a oportunidade de mostrar aquelas máquinas que ele tinha muito mais a oferecer. Cabia a Olhos Azuis Profundos escolher agora o seu caminho. 

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