No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras

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A aventura está apenas começando

sábado, 29 de março de 2014

As aventuras do escoteiro Maneco Detetive. História de hoje: - Operação Caça-fantasma II.


Lendas escoteiras.
As aventuras do escoteiro Maneco Detetive.
História de hoje: - Operação Caça-fantasma II.

        Maneco Detetive era o último da fila. Pudera, pois tinha seis meses como sub Monitor da Patrulha Tuiuiú. Ali era seu lugar certo. Todos gostavam dele na patrulha, mas o achavam meio avoado. Bem tinha alguns nas outras patrulhas que o achavam maluco. Maneco Detetive se empertigava todo na formatura. Afinal ele era um sub e há tempos deixou de ser o sub do sub. Ela cumpria bem sua função. De vez em quando era chamado para a Corte de Honra e para ele era uma honra em participar. Conseguiu depois de muita luta a Segunda Classe. Empinava o ombro esquerdo só para mostrar seu distintivo e suas especialidades. Estava com seis. Queria vinte, mas muitas delas precisavam da Primeira Classe e ele dizia a se mesmo – Espere, eu chego lá!

        Fora do escotismo ele se considerava um detetive. Na Biblioteca de Lagoa da Prata cidade onde morava ele leu muitos contos e sonhava em deslindar crimes, roubos, sequestros e se tornar famoso para todos da cidade e do país. Já pensou? Bem sonhar é bom, não custa nada, mas realizar o sonho é que difícil.  Maneco Detetive tinha quatro amores na vida. Seus pais, sua professora, o Grupo Escoteiro e a investigação diária. Esta ele fazia após as aulas e mesmo sabendo que na Cadeia Pública da cidade só prendiam baderneiros e bêbados seria difícil investigar alguma coisa. – Um dia vai acontecer, tenho certeza – dizia. Na sede durante as reuniões olhava tudo. Se tinha alguém Sempre Alerta na cidade era Maneco Detetive. O Chefe Onorico gostava muito dele. Agora vivia atrás para que ele criasse a especialidade de detetive e de Caça-fantasma. – Ele ria quando pensava nos pedidos de Maneco Detetive, mas sempre com um pé atrás.

      - Maneco! Chamou o Chefe Onorico. Que negócio é este de caça-fantasma? – Chefe, ontem quando fui cortar o cabelo na barbearia do Petrônio Perna Fina e ouvi uma história que me deixou “cabreiro”. O senhor conhece o Pintor Ludovico, e foi quem me contou. Dizia que na curva do Cavalo Doido, o senhor sabe aquela estrada que a gente vai para acampar na Grota da Cotovia. Dizia ele que lá na curva tem um fantasma que aparece após a meia noite. Sempre depois da meia noite. O Pintor Ludovico jurou que era o Fantasma do Coronel Juvêncio. Dono da Fazenda Pinto D’água. – Maneco, disse o Chefe – Deixa disso, não existem fantasmas – Mas Chefe, se eu conseguir falar com ele e provar o senhor me dá a Especialidade de Caçador de Fantasma? – Dizer o que?  Sem pensar o Chefe Onorico disse que sim. Depois se arrependeu, mas ele sabia que Maneco Detetive nunca iria encontrar um fantasma.

       Maneco Detetive convidou amigos da patrulha para ir com ele uma noite na curva do Cavalo Doido. Ninguém topou. Podia ser verdade e eles tinham um enorme medo de fantasmas. – Se não vai ninguém vai eu! Disse para si próprio. Sexta onze da noite Maneco Detetive deu no pé. Não avisou seus pais seus amigos, não avisou ninguém. Pegou seu cavalo de aço e partiu. Levou com ele sua faca, sua machadinha, e uma cordinha para amarrar o fantasma do Coronel se aparecesse. Medo? Claro que sim. Ele tremia feito uma vara verde, mas era insistente. Chegou lá perto das onze e meia. Noite sem lua e se não fosse sua lanterna e as estrelas ele não conseguiria enxergar nada. Encostou sua bicicleta em um canto e sentou a esperar. Era uma estradinha carroçável. Ligava sua cidade a muitas fazendas da região. Diziam que ali mataram muita gente ruim e boa. A pior morte foi do Coronel Juvêncio. Amarraram-no por baixo do cavalo e com as costas no chão. O cavalo saiu em desabalada carreira e ele sangrando por todo o corpo morreu pisoteado.

        Maneco Detetive esperou dar meia noite, meia noite e meia e desistiu. Achou bom, pois ver o Velho coronel a sua frente ele sabia que molharia suas calças como aconteceu outras vezes. Levantou para ir embora e sentiu uma mão em seu ombro. Que susto! Quase caiu desmaiado ao chão. A agua colorida correu perna abaixo. Ficou com medo de olhar para trás, mas se ele foi ali para saber tinha de fazer isto. Lá estava o coronel Juvêncio. Achou que ia vê-lo cheio de feridas, sangue em todo corpo, braços e pernas quebrada, mas não, o Coronel estava vestido com uma bata branca, sorrindo e ao seu lado uma senhora mais velha que ele de branco e com as mãos em seu ombro. Nem pensou duas vezes. Pegou seu cavalo de aço e saiu em desabalada carreira. Na reunião contou para sua patrulha. Ninguém acreditou e deram boas risadas. Desafiou o Monitor e os patrulheiros a voltarem lá com ele. Só Nonô Catixilda e Marinho Nariz longo aceitaram.

        De novo meia noite e meia, três Escoteiros medrosos na Curva do Cavalo Doido esperavam. Desta vez acharam que ele não iria aparecer e que seria desmascarada as invenções de Maneco Detetive. Quando se levantaram sentiram um calafrio. Calças foram molhadas. Na curva do Cavalo doido chegavam um a um os que ali foram assassinados. Pareciam Zumbis saindo de suas moradas no inferno. Ninguém soube explicar até hoje como conseguiram fazer o trajeto da Curva do Cavalo Doido até a cidade em meia hora. Sempre era uma hora. Desta vez a patrulha acreditou. A contra gosto Josué Orelhudo o Monitor não teve saída. A patrulha desta vez estaria presente com todos seus patrulheiros. Marinho Osso Fino que tinha dois meses de tropa e veio da Alcateia não queria ir de jeito nenhum. Mas o Monitor disse que eles eram um time, ou participavam todos ou nenhum.

         Meia noite, meia noite e meia e nada. Eles riram de Maneco Detetive e ao subir nas bicicletas viram chegando nada mais nada menos que o Joviano Pinta Silgo. Um Chefe Escoteiro que morreu afogado há mais de cinco anos. Todos lembravam-se dele por ser um Chefe de tirar o chapéu. Ele estava de uniforme e falou – Escoteiros, voltem para casa, não brinquem com alma do outro mundo. Esta turma aqui tem gente boa e tem gente ruim. Eles nunca aparecem para adultos, só para crianças. Procurem viver suas aventuras, suas jornadas, suas reuniões com alegria e felicidade sem ter esta turma do lado. Eu vou proteger vocês aqui e lá do céu. Só voltem se for de passagem para uma atividade escoteira. Chefe Joviano deu um sempre alerta e sumiu na escuridão da noite.


            Eles fizeram um pacto de silêncio. Só Maneco Detetive é que não gostou do tal pacto. Ele queria sua especialidade de Caçador de Fantasmas. Mas tudo bem existiam outras. Maneco Detetive nunca desistiu de ser um Caçador de Fantasmas. Jurou para sim mesmo que quando crescesse seria como aqueles do cinema que caçavam fantasmas. O tempo passou e hoje quem desce do trem na Estação de Lagoa da Prata vê do outro lado um enorme edifício onde está escrito: Caçador de Fantasma e Detetive. Dr. Maneco Detetive a suas ordens. E olhem que sempre tem a porta apinhada de gente!

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