No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras

No mundo dos sonhos com as fábulas escoteiras
A aventura está apenas começando

segunda-feira, 28 de julho de 2014

As aventuras de Léo, um Escoteiro.


Conversa ao pé do fogo.
As aventuras de Léo, um Escoteiro.

“Este conto foi escrito pelo Chefe Kleber Svidzinski de Mogi Guaçu”. Ele diz que esta foi uma história contada em um Fogo de Conselho por um Escoteiro, que ele somente transcreveu. Para mim surge mais um escritor Escoteiro para alegrar nossos corações em noites de Fogo do Conselho.

                       Léo olhou o sol que já se apresentava alto no horizonte, o monitor consultou seu relógio, era a terceira vez que o fazia, tinha tomado uma decisão errada. Claro que sabia quem eram os elementos de sua patrulha, conhecia todos muito bem, afinal em quase dois anos, desde que assumira o cargo da Patrulha Urutau já tinham feito mais de 10 acampamentos juntos, sabia serem jovens de fibra, verdadeiros escoteiros, conhecia suas qualidades e tinha também o respeito de todos eles. Mas o que seria somente uma exploração noturna ao Pico do Cruzeiro acabou se tornando um divertido pernoite. Sentia-se aliviado por todos terem avisado seus pais sobre esta possibilidade, uma vez que já estavam acostumados com este tipo de aventura, o único problema era não terem se prevenido melhor na alimentação, haviam comido tudo que trouxeram para a aventura, estavam há mais de 08 horas sem se alimentar e ainda iriam levar mais uma 4 horas até chegar à zona urbana de sua cidade.

                           Nem a estação havia ajudado, fosse em setembro encontrariam muitas gabirobas, seriguelas, macaúbas, entre outras, mas não estava na época das frutas, as árvores estavam todas floridas, o que pelo menos deixava o passeio com visual mais alegre e colorido. A noite havia sido maravilhosa, o céu parecia que havia sido pintado a mão dada à quantidade enorme de brilhantes estrelas. Até alguns cometas deram o ar de sua graça. Nem o brilho da pequena fogueira conseguiu inibir tamanho show de astros. As histórias, as lembranças, as canções, tudo isso ajudou fazer as horas voarem, acreditava nem ter dormido, parece que havia tido um simples cochilo... O despertar do sol, ainda mais maravilhoso do que a noite que se apresentou a eles, o fez retornar a realidade. Também fez lembrar que naquele local não havia sequer uma fonte de água potável. O pio de um Carcará ao longe, trouxe-o de volta a realidade...

                          Mais uma vez olhou seu relógio, apesar de ter repetido o mesmo gesto vários vezes também tornou a verificar seu cantil... Seco. A boca seca já pedia um pouco de água, e ele sabia que além da sede, a fome também já mostrava seus sinais. Deu uma rápida olhada para trás, ficou mais aliviado, a patrulha conversava alegremente, apesar do cansaço, da sede e da fome. A paisagem que se apresentava amenizava estes sintomas e o espírito aventureiro de seus parceiros deixava muito claro que os anos de movimento escoteiro tinha-os tornado jovens diferenciados, capazes de enfrentar este tipo de dificuldade. Mas, em seu papel de líder sabia não ter sido a decisão correta. Enxugou o suor da testa e resolveu chamar Deco, seu sub-monitor. Este rapidamente deixou o final da fila e se posicionou ao seu lado. O próprio Deco já havia lhe dito que havia sobrado uma lata de leite condensado na mochila da patrulha.

                      Pediu que a pegasse. Com certeza o doce ajudaria a restaurar um pouco das energias perdidas, mesmo que isso aumentasse um pouco a sede. Retirou a fivela do cinto escoteiro que entre outras utilidades também servia como abridor de latas e fez dois pequenos furos nos extremos superior da latinha. Ao gesto seu, a patrulha parou a caminhada e fez um semi círculo ao redor de seu líder. Ele explicou a eles que ainda havia pelo menos mais 04 horas de caminhada, sabia que todos estavam cansados e também com fome e sede, pediu mais uma vez desculpas por não ter previsto que isto poderia acontecer e mostrou a todos a pequena lata de doce, já aberta, pediu que cada um sorvesse um pouco do conteúdo e explicou que isto os ajudaria a amenizar um pouco os efeitos da caminhada. Todos sorriram e pareciam nem estar se importando muito com a situação, mas ele sabia muito bem que todos não queriam demonstrar aos demais a real situação em que se encontravam. 

                   Então Leo levou a lata aos lábios, fingiu estar degustando o precioso e caudaloso doce, não engoliu uma gota sequer. Queria que seus liderados se alimentassem um pouco mais, como se este gesto fosse de alguma forma amenizar a sua falha de comando. Feito isso, passou a lata a Deco, este a pegou, meio atônito, olhou de soslaio para seu monitor, que já havia voltado à caminhada, também levou a lata aos lábios avidamente, e, feito isso repassou ao outro jovem e assim sucessivamente, todos pegaram aquela lata de doce e um a um, levaram a lata aos lábios enquanto caminhavam em fila indiana. Assim que a lata era passada de um para outro um sorriso no rosto de cada valente escoteiro aparecia, como se o caudaloso e precioso doce já tivesse restaurado a força de cada um. Quando o último jovem devolveu a lata a Deco, seus olhares se cruzaram e um sorriso de cumplicidade surgiu em seus lábios.

                   Léo havia se distanciado um pouco, passos firmes, olhar fixo na trilha. Com passadas apressadas Deco se emparelhou a ele, tomou suas mãos e olhando fixamente em seus olhos, nela deixou a lata do doce. Léo nem olhou para a lata, perplexo, fitou profundamente o leve sorriso no rosto do seu sub... Duas lágrimas saíram de seus olhos. Nenhuma palavra precisava ser dita. Ao mesmo tempo Cal, ao final da fileira, começou a puxar uma conhecida canção –”Avançam as patrulhas, ao longe, ao longe”... – e todos, a plenos pulmões seguiram seu exemplo. Leo, estarrecido, levou os três dedos a fronte e com os olhos marejados cumprimentou firmemente seu sub – “Sempre Alerta” – virou-se para sua patrulha, com o peito estufando de orgulho, sentindo a alegria com que entoavam aquela canção, o exemplo, à coragem o fez se orgulhar ainda mais do escotismo.


                    Pegou aquela lata de doce, limpou as bordas, embrulhou em um saco plástico e colocou na mochila da patrulha. COMPLETAMENTE CHEIA... Lembrou-se da sua lei escoteira que dizia – O escoteiro é alegre e sorri nas dificuldades – fechou a mochila, abriu um largo sorriso, agradeceu a Deus pelo escotismo e juntamente com sua patrulha, começou a cantar fortemente seu orgulho de ser escoteiro.

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